Sem "fogo amigo" e candidatura
Aldir Sales 16/05/2020 09:47 - Atualizado em 22/05/2020 19:27
A pandemia de coronavírus tem mudado as relações pessoais com o distanciamento social e as restrições de circulação. A doença tem pautado o mundo e moldado o debate político. Em Campos, o clima eleitoral que começava a esquentar desde o final do ano passado, esfriou. Mas apenas nos debates públicos, porque nos bastidores as movimentações do tabuleiro eleitoral têm sido intensas. As conversas sobre uma possível desistência de uma candidatura do prefeito Rafael Diniz (Cidadania) para lançar o nome do deputado federal Marcão Gomes (PL) voltou a ser aventada nos grupos de WhatsApp, assim como um possível “fogo amigo” entre os grupos dos dois aliados. No entanto, ambos vieram a público e desmentiram os boatos. Marcão afirmou que não será candidato, declarou apoio a Rafael e disse que não há ninguém de seu círculo criticando o governo. Já Rafael voltou a dizer que está focado, no momento, no combate à Covid-19, mas deixou claro: “se houver alguma dúvida se sou pré-candidato, não tenha: sou sim, mas tudo será tratado no momento oportuno, que não é este”.
O colunista Murilo Dieguez publicou, na edição da Folha da Manhã do dia 3 de maio, que, apesar da afinidade e parceria política entre Marcão Gomes e Rafael Diniz, “parte significativa do grupo do deputado federal não se sente pertencente ao grupo político do prefeito. Falam na construção de uma ala independente e não poupam o governo municipal de críticas”. Murilo ainda escreveu que, para consolidar um grupo político próprio, os pré-candidatos a vereador André Oliveira e Alonso Barbosa – que contam com apoio de Marcão – deveriam se eleger em outubro.
No entanto, o deputado federal afirmou que não há divergência entre os grupos e que não irá apoiar apenas duas eventuais candidaturas a vereador.
— Não é verdade essa afirmação de Murilo. Não há ninguém de meu grupo criticando o governo. Não há divergências entre os grupos. Também não é verdade a assertiva de que apoio apenas dois pré-candidatos a vereador, como ele afirma. Montamos uma nominata com 38 pré-candidatos pelo partido Avante , onde estarei ajudando a todos, além de termos diversos outros pré-candidatos que contribuíram em minha campanha para deputado federal em diversos partidos e que também estarei ajudando, como no PSB, PTB, DC, Cidadania e outros.
O nome de Marcão também voltou a ser comentado nas redes sociais para uma eventual desistência de Rafael Diniz concorrer à reeleição. A hipótese chegou a ser conversada até mesmo entre aliados do prefeito em outros tempos, mas não houve avanços neste sentido. Sobre esta possibilidade, o parlamentar foi enfático: “Não sou pré-candidato. Estou trabalhando em coordenação política em Campos e diversos outros municípios do estado do Rio de Janeiro”.
Marcão foi o vereador mais votado de Campos em 2016, com 5,552 confirmações nas urnas, e escolhido para ser presidente da Câmara no primeiro biênio. Deixou o cargo para assumir a secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social. Também concorreu a deputado federal em 2018, quando recebeu 40.901 votos e ficou na primeira suplência do PL. Assumiu o lugar em Brasília no ano passado após a licença do deputado Altineu Côrtes, que se tornou secretário estadual do Ambiente.
Prefeito diz que não abre mão de concorrer
Aliados do governo ouvidos pela reportagem também relataram a percepção de que o prefeito poderia não concorrer à reeleição em outubro – caso a data do pleito seja mantida pela Justiça Eleitoral em meio à pandemia de Covid-19 – devido ao desgaste da administração. Rafael voltou a dizer que sua prioridade, no momento, não é a eleição, mas reafirmou sua pré-candidatura.
— Acredito e confio nas pessoas que estão ao nosso lado. De qualquer forma, este não é mo-mento de discutir processo eleitoral e sim administrar com coragem, enfrentando o maior desa-fio que um governante já enfrentou em Campos nos últimos tempos, diante da escassez de re-cursos, com a pior Participação Especial de nossa história e com a pandemia, que afeta o mun-do. Mas, se houver alguma dúvida se sou pré-candidato, não tenha: sou sim, mas tudo será tra-tado no momento oportuno, que não é este.
Por outro lado, pessoas próximas ao governo também alertaram que seus principais apoiadores possuem compromisso apenas com Rafael e não com uma eventual candidatura de outro nome que fosse indicado pelo grupo.
Acordo entre PL e Caio costurado por Niterói
O PL faz parte da base de apoio da pré-candidatura de Caio Vianna (PDT) a prefeito, mas, mesmo assim, Marcão Gomes ganhou autonomia do partido para apoiar Rafael Diniz. O fato da legenda estar fechada com outro grupo político é mais um fator que impediria uma eventual candidatura de do deputado federal no lugar do prefeito. Em entrevista ao programa Folha no Ar, na rádio Folha FM 98,3, em 20 de março, Marcão explicou que o acordo entre PL e PDT foi costurado via Niterói.
— Houve uma liberação, não há questão de infidelidade partidária. E a opção do partido, prova-velmente, deve ser o apoiamento à candidatura do pré-candidato a prefeito Caio Vianna, algo que foi costurado também dentro do município de Niterói, onde o PL tem uma participação no governo municipal da Prefeitura. O prefeito de Niterói (Rodrigo Neves) é do PDT. Em contrapar-tida, solicitou apoio do PL aqui na base de Campos, já que o PL não vai ter candidatura própria a prefeito por eu ter dito ao partido que isso não está dentro do meu planejamento, que é de apoiar a candidatura do prefeito Rafael Diniz.
Atualmente, a base do prefeito possui, além do Cidadania, também PSB, DC, PTB e Avante. Por enquanto, Caio possui acordo fechado, além do seu PDT, apenas com o PL após o racha com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD).
Conhecido pela boa articulação política, Bacellar trabalhava junto com Caio até março, quando se desentenderam. O deputado pretende lançar uma candidatura dentro do seu grupo político, que conta com SD, DEM, PTC e MDB. O próprio Rodrigo já disse que as candidaturas a prefeito(a) e vice sai da lista tríplice formada por Pastor Éber Silva (DEM), a ginecologista Cândida Barcelos (DEM) e o juiz aposentado Pedro Henrique Alves.
Além dessas, apenas a pré-candidatura do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) também possui acordos para coligações e que incluem o seu partido, o PSD, além do Podemos, PRTB, Pros e PSC.

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