Mosteiro da Rua do Ouvidor ameaçado de fechamento por equipe da Prefeitura
- Atualizado em 19/04/2020 20:08
A madre superiora do Mosteiro da Rua do Ouvidor me enviou um novo e-mail, revelando, desta feita, que a instituição foi ameaçada de fechamento por uma equipe da Prefeitura de Campos.
Vejam o relato da Madre Maria da Encarnação do Verbo de Deus (Dalva Costa Ferraz):
Nos últimos dias de março passado, as Irmãs que atendem na portaria vieram me avisar que tinha uma mulher na frente do Mosteiro dizendo que iria suspender as doações de alimentos do nosso Mosteiro, e como tal fechar o mesmo.
Diante da minha aflição, fiz o que não poderia fazer: Convoquei a dita moça dentro dos meus aposentos para saber do que se tratava. Diante da prepotência dela me tratando com total desprezo, não se apresentando com nenhuma insígnia de autoridade e querendo fechar o Mosteiro como se eu fosse a porteira do mesmo, tive consideração. Tentei me adequar ao que ela simplesmente me exigia, como se fosse presidente da República.
Desde o começo, o Centropop só compareceu durante o almoço dos pobres. Desconheceram as filas no café da manhã e no lanche da tarde. Até um fato inusitado: ganhamos um boi inteiro, e por sinal, o mais belo dos animais que um senhor quis ofertar aos pobres de Deus.
Diante da estupefação que fiquei, recorri a esta encarregada do Mosteiro (assim ela se dizia) para por ordem na distribuição. Zero de aquiescência ao meu pedido.
Fui recorrer a quem? Ao 190. Fui muito bem atendida e compreendida porque não via caminho viável para a execução de uma entrega de carne a mais de 300 pobres que num instante encheram a frente do Mosteiro. As Irmãs só tiveram chance de picar o boi em porções de 1 kg. Isso foi feito em menos de 2 hs.
Dois policiais tomaram conta do portão junto com meus colaboradores e tudo correu na mais perfeita ordem, para alegria de todos! Em outra ocasião, essa encarregada do Mosteiro, me pediu para recebê-la com 8 colaboradores dela dentro da clausura: traição, chegou com mais de 15, inclusive um fotógrafo profissional ou quase profissional.
Na apreensão que as irmãs ficaram da encarregada vir acompanhada de oito pessoas, as Irmãs me pediram para chamar o Fred, que é nosso benfeitor. Diante da queixa de uma Irmã contra as ameaças e intimidações da encarregada, Fred começou a falar, o que provocou a saída inesperada de todo o bloco depois de terem se alimentado e fotografado acomodados na escada da nossa varanda.
O desfecho dessa história foi na última quinta para sexta –feira dessa semana. Uma Irmã me avisou às 2hs da manhã que a rua estava toda tomada pelos pobres que se alojaram no passeio do jardim e embaixo das nossas janelas.
O que eu poderia fazer, se depois de recorrer nos meus apertos ao Centropop não ser atendida? Recorremos a uma estratégia para afastar o povo: com o oferecimento de um guarda e outros colaboradores que pude chamar, começamos a distribuir as cestas pequenas e grandes.
Diante da confusão dos que distribuíam as cestas (porque não tiveram planejamento diante da aflição), surgiu um tumulto; isso aconteceu somente nesse dia porque alguém , que não sabemos quem, avisou na comunidade que iríamos distribuir cestas básicas. Essa foi a causa do escândalo do Centropop.
Depois desse acontecimento a encarregada queria conversar comigo às 21 hs mesmo ciente do meu estado de saúde. Mas não deixei pois nosso horário não comporta. Fechamos o Mosteiro as 19 hs.
Sem mais,
Madre Maria da Encarnação do Verbo de Deus
(Dalva Costa Ferraz)

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    Saulo Pessanha

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