Nildo Cardoso, ex-superintedente de Abastecimento no Folha no Ar
Arnaldo Neto 28/10/2019 07:48 - Atualizado em 30/10/2019 17:25
Isaías Fernandes
Exonerado da superintendência de Abastecimento de Campos na semana passada, um dia após colocações polêmicas ao Folha no Ar 2ª edição, da Folha FM 98,3, Nildo Cardoso voltou ao estúdio da emissora para uma entrevista na manhã desta segunda-feira (28), na 1ª edição do mesmo programa, e reafirmou que na Prefeitura 30% dos funcionários, incluindo RPAs e DAS, recebem sem trabalhar. Ele afirmou que, mesmo fora do governo, torce pela conclusão da Central de Abastecimento de Campos (Ceascam) e diz acreditar que sua postura em defesa do projeto também teve influência na decisão de exonerá-lo. Nildo fez críticas à grande parte do primeiro escalão do governo Rafael Diniz (Cidadania), sobretudo ao secretário de Governo, Alexandre Bastos, que foi o responsável por se posicionar publicamente após a exoneração. Ainda nesta segunda, Bastos foi o entrevistado do Folha no Ar 2ª edição.
Nildo foi exonerado pelo prefeito em edição suplementar do Diário Oficial da última quarta-feira (23). Na noite anterior, ele afirmou, em entrevista, que levaria sua carta de exoneração pronta para uma reunião caso não tivesse avanços na questão do Ceascam. Os passos mais importantes seriam a criação de uma associação para gerenciar o projeto e a cessão do espaço para essa associação. Nesse contexto, ele afirmou que se não houvesse avanço, não continuaria na Prefeitura para não trabalhar e que “30% do pessoal da Prefeitura deveria entregar o cargo”, já que “não trabalham, só recebem”. “Reafirmo que esse percentual existe. Se você for nos altos da rodoviária, aquele pessoal de Bastos... É só perguntar a Bastos, ele que está lá”, disse nesta segunda.
Após a exoneração, Bastos emitiu uma nota na qual afirmou que Nildo “sempre foi um animal que caçou de forma solitária” e “na política não há espaço para personalismo”. O ex-superintendente de Abastecimento disse que não foi indicado pelos Fred Machado (Cidadania) e Marcão Gomes (PL) para o cargo, mas por um convite do próprio Rafael. Para Nildo, Bastos foi usado para dar o recado, mas não tem experiência política para o enfrentamento:
— Esse animal que está aqui, é um animal que trabalha, honra o seu nome, tem o CPF limpo. Tenho disposição para trabalhar e vou a qualquer lugar falar sobre qualquer coisa. Agora, você [Bastos] está muito novo, tem tempo para acertar e para errar muito. O caminho que você escolher, lá na frente você responderá por ele. O governo é passageiro.
Sobre o governo Rafael Diniz, Nildo pontuou a falta de experiência como um problema que é percebido por toda população. Ele também afirmou que existe um grupo que cria uma barreira que dificulta o acesso ao prefeito, com quem ainda não falou após sua exoneração, e acaba atrapalhando em algumas ocasiões. No entanto, Nildo destaca que quem escolhe o grupo e é o responsável por isso é o próprio Rafael. “Com todo respeito que eu tenho a muitas pessoas do governo, eles dormem sem saber o que fazer no dia seguinte e acordam sem saber para onde vão”.
O ex-superintendente disse que priorizar a agricultura nunca foi objetivo do governo. Ele destacou que no primeiro ano da gestão Rafael, com o orçamento da pasta previsto para cerca de R$ 4,5 milhões, só foram utilizados R$ 250 mil. No ano seguinte, segundo Nildo, o orçamento era de R$ 16 milhões, mas também só foram utilizados R$ 250 mil. “Dificuldades existiram, mas existiam mecanismos para buscar recursos por meio de emendas parlamentares”, disse.
Sobre a sua saída da secretaria de Agricultura para assumir a superintendência de Abastecimento, Nildo pontuou que não foi um processo transparente. A chegada de Robson Vieira já era especulada, como parte de uma aliança do prefeito com o deputado estadual João Peixoto (DC) para a eleição de 2020. Segundo Nildo, enquanto João já falava abertamente que Robson seria o próximo secretário, ele ainda não tinha sido informado. “A falta de respeito começou desde a mudança. Eu deveria ser o primeiro, mas fui o último a saber o que toda Campos já sabia”, pontuou.
O ex-vereador e ex-superintendente disse que recebeu do prefeito Rafael Diniz a informação de que não teria nem um real para o Ceascam. No momento, Nildo disse que pediu autorização para articular emendas para o projeto. Segundo ele, a partir daí o contato foi feito com o deputado federal Felício Laterça (PSL), que liberou R$ 1 milhão para uma primeira etapa de obras e depois ficou apalavrado a liberação de mais R$ 2,3 milhões para conclusão do espaço. Ele não soube afirmar se, com a sua saída, o recurso será disponibilizado pelo deputado ao município, mas disse que cabe à equipe da superintendência buscar esse entendimento.
No campo político, Nildo afirmou que só definirá no ano que vem seu futuro partidário e se participará do processo eleitoral. Ele aposta em uma eleição a prefeito em dois turnos no pleito de 2020, mas acha que o cenário ainda está completamente em aberto. Para Nildo, o número de pré-candidatos a prefeito será reduzido até o processo eleitoral, sobretudo se a partilha dos royalties passar pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento marcado para 20 de novembro.
Confira a entrevista:
 
 
 
 

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