Solidariedade no Outubro Rosa
Camila Silva 26/10/2019 16:40 - Atualizado em 30/10/2019 18:43
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o estado do Rio de Janeiro terá, em 2019, 8 mil e 50 novos casos de câncer de mama. Cerca de 800 deles devem ocorrer em Campos, segundo dados da secretaria municipal de Saúde. Relativamente raro antes dos 35 anos e com prevalência de quase 99% em mulheres, a prevenção da doença não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis, mas a conscientização é essencial, motivo pelo qual foi criada a campanha Outubro Rosa. Em Campos, projetos de apoio a pacientes que passam ou passaram por tratamento quimioterapia realizaram ações para melhorar autoestima e divulgar informações sobre o tema. Já unidades de saúde realizam mutirões de exames e consultas. Para quem viveu a doença, esse apoio é fundamental para passar pelo tratamento.
— O resultado que foi devastador, no primeiro momento, apesar de estar com amigos e família, mas eu tive que encarar. Na segunda sessão de quimioterapia, eu já estava careca, já tinha modificado muito minha estética, meu cabelo caiu, meus cílios… Foi uma segunda queda depois do diagnóstico — afirmou a enfermeira Lígia Pereira, que venceu a doença em 2018.
Ela participou do grupo de apoio liderado por Leila Ribeiro, que trabalha no Hospital Escola Álvaro Alvim. “Tenho esse projeto social a 5 anos, como sempre gostei de trabalho voluntário vi a oportunidade de poder ajudar, principalmente na minha área profissional, trabalho como técnica de mamografia, comecei a fazer doações de lenços na Oncologia, depois passei a fazer reuniões com algumas mulheres, pacientes, e amigas q tiveram e estavam passando por essa doença tão difícil. No decorrer dos anos, outros projetos foram surgindo. Costumo dizer que somos família, cuidamos e zelamos com muito amor”, afirmou Leila.
— É muito importante você ter grupos de apoio, eu acho que é crucial. Eu descobri, através de amigos, a Leila com projeto Amigas Guerreiras, onde você encontra outras pessoas que sentem a sua dor, que sabem a dificuldade que você tá passando, que sabem a alteração de imagem. Você conversar com pessoas que sentem aquilo que você sente te dá apoio necessário. Eu não tenho palavras para agradecer a todos que viveram a minha realidade, pude experimentar o amor de meninas desconhecidas, porque a gente se abraça. foi o que me fez me manter de pé, fortalecida. — afirmou Lígia Ribeiro.
O Ministério de Saúde informa que os principais fatores de risco comportamentais relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama são: excesso de peso corporal, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas
Neste mês, além dos eventos de conscientização que estão realizados desde o início do mês, a Prefeitura de Campos, através da Secretaria municipal de Saúde, vai ampliar o acesso a mamografia. O equipamento realiza 48 atendimentos por dia já marcados. Em Santa Maria, o mamógrafo móvel funciona das 8h às 20h e ficará até o próximo domingo. A partir de terça, o veículo estará em Morro do Coco. O HEAA realizou um mutirão de mastologia. Foram atendidos 200 pacientes que se cadastraram na campanha.
Menina emociona após doação
Carolina, de 4 anos, soube da campanha de doação de cabelo para fazer perucas para mulheres que passam por quimioterapia realizada pelo salão Karla Bernardes. Insistiu, insistiu e conseguiu convencer a mãe Renata Britto Brant Gabry. “Ela queria há algum tempo cortar o cabelo para doar para as pessoas que adoecem e perdem o cabelo por conta dos remédios fortes e eu apegada que sou a cada milímetro de comprimento quase deixei escapar tamanha vontade dela! Repetia todos os dias que queria cortar e que logo cresceria de novo... Percebi que mais valia o gesto e a lembrança dele na sua jornada que o meu mesquinho apego... E assim foi com um sorriso a cada etapa”. Ela contou à Folha que a avó de Carol faleceu no ano passado pela doença. “Ela era muito a apegada a avó, disse que vai deixar cortar para doar mais”, afirmou.
No dia 16 de outubro foi realizado no Boulevard Shopping, o desfile #ElasdeRosa. Dezenove pacientes oncológicas se transformaram em modelos na passarela, para transmitir mais informação, promover bem-estar e resgatando a autoestima.
A equipe do HEAA realizou um projeto que reconstrói as sobrancelhas de pacientes oncológicos do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de um procedimento estético nomeado: Dermolev. O procedimento realizado nos salões da rede Spa das Sobrancelhas nos dias 15 e 16 de outubro, mas a ação não é restrita à campanha Outubro Rosa, acontecendo ao longo do ano.
Números - O Inca ressaltou que este é “o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano”. Segundo dados do Núcleo de Controle e Avaliação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sobre pacientes em tratamento do câncer de mama no município, são três Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia. “No Oncobeda, em média, são cerca 150 novos pacientes com câncer de mama por ano, tendo uma média de 1300 pacientes em acompanhamento/controle. No Hospital Escola Álvaro Alvim, em média, são 503 pacientes em tratamento de câncer de mama por ano. No Hospital Beneficência Portuguesa, a média é de 149 pacientes de 2015 até o ano vigente”, informou.
Para o Brasil, o Inca estima que serão 59.700 casos novos de câncer de mama feminina para 2019, com um risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. Na região Sudeste, esse índice sobe para 69,50 por 100 mil. A estimativa de novos casos de câncer de mama feminina para a Região Sudeste é 30.880, 8.050 para o estado.
Sobre óbitos em decorrência da doença, os dados mais atuais, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, são de 2017. Neste ano, 2.274 mulheres e 23 homens morreram no estado do Rio de Janeiro. No país, foram quase 17 mil mortes.

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