Crítica de cinema - O triunfo do amor
Edgar Vianna Andrade 04/06/2018 18:20 - Atualizado em 06/06/2018 13:36
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(Gnomeu e julieta: o mistério do jardim) -
Do cruzamento de Shakespeare e Conan Doyle, pode nascer muita coisa. O mais recente filhote do casal de escritores foi “Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim”, com roteiro de Andy Riley, também criador dos personagens originais, e direção de John Stevenson. A dublagem ficou por parte de famosos artistas, com Johnny Depp, James McAvoy, Emily Blunt, Michael Caine e outros. Essa informação não conta para o público brasileiro infantil, juvenil e adulto, pois os grandes nomes são substituídos pelos pequenos nomes dos dubladores brasileiros.
O roteiro reúne dois grandes nomes da literatura inglesa. Imaginem o resultado do encontro de “Romeu e Julieta” com “Sherlock Holmes”, ambos levados às telas do cinema inúmeras vezes. E o roteirista ainda faz alusão ao conto de fadas “A princesa e o sapo” e ao “O cão dos Baskerville”, além de algumas outras. Para o público leigo, demonstrações de conhecimento literário não importam. E entenda-se por público leigo as crianças e a maioria dos adultos. O que conta é a história no primeiro plano.
Mateusinho
Mateusinho / Divulgação
Nesse ponto, as tendências da animação predominam. Sherlock Holmes é o responsável pela segurança dos anões dos jardins de Londres. Como no original, ele demonstra grande desprezo pela inteligência alheia, inclusive pela de Watson, seu fiel auxiliar. Seu arqui-inimigo é Moriarty, que Sherlock julgava morto. Ele contra-ataca, roubando todos os anões de um jardim em construção. Um deles vive sentado num vaso sanitário. Outro usa uma sunga. Romeu (Gnomeu) e Julieta atualizaram a linguagem para que ela se torne compreensível ao século XXI, com gírias conhecidas. As músicas de Elton John animam o filme computadorizado. Há shows pop. As animações atuais devem apresentar esses trejeitos.
Mas é preciso ser compreendido por um público infantil. Para tanto, fica bem claro a diferença entre bem e mal. Sherlock Gnomes é o mocinho e Moriarty o bandido. Ao lado do bem, Romeu e Julieta têm um desempenho importante. Ao lado do mal, Watson se rebela contra o vaidoso Sherlock. Pensando ter tramado uma armadilha para seu senhor, ele mesmo se torna vítima de Moriarty. O recurso interessante se refere à mudança de cor e de traço para os momentos em que Sherlock pensa ou usa a memória.
Ambientado em Londres, no fim o amor triunfa. Romeu e Julieta voltam a formar um casal-modelo depois de muito discutirem a relação. Sherlock faz as pazes com Watson e reconhece sua arrogância. A suspeição de uma relação homoafetiva entre os dois paira no ar. Com a presumível destruição de Moriarty, os maus se reúnem aos bons e tudo acaba em festa.

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