Escolha por Flávio Bolsonaro sob análise em Campos
Gabriel Torres 10/12/2025 07:58 - Atualizado em 10/12/2025 08:54
Alfredo Dieguez, do PL; Danilo Dutra, do PT; e Thiago Virgílio, do Podemos
Alfredo Dieguez, do PL; Danilo Dutra, do PT; e Thiago Virgílio, do Podemos / Divulgação
O senador Flávio Bolsonaro (PL), lançado à disputa da presidência da República por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira (9) que não pretende voltar atrás. A escolha repercutiu no meio político, incluindo entre aliados de direita, que mostraram cautela e indicaram preferência por outros nomes. Em Campos, a Folha ouviu dirigentes partidários da direita à esquerda, que avaliaram a pré-candidatura de Flávio ao Planalto.
Lançado à disputa por Jair, que está preso e cumprindo pena por tentativa de golpe de estado, Flávio tem se reunido com líderes de partidos como PL, União Brasil e PP para buscar apoio à sua pré-candidatura. Ele afirmou que só desiste se seu pai, que está inelegível, for anistiado e puder concorrer em 2026.
Alfredo Dieguez, dirigente do PL em Campos, defende a escolha pelo nome de Flávio. Para ele, o lançamento do senador como pré-candidato é importante para preservar o capital político da família Bolsonaro e também unir a direita, fragmentada entre os nomes dos governadores especulados para o pleito, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Júnior (PSD) e Romeu Zema (Novo).
“Acho a escolha pelo Flávio acertada porque preserva o espólio da família Bolsonaro. Principalmente no momento que vários políticos de direita vinham colocando o nome à disposição para a presidência. Com o Bolsonaro nessa situação, sem poder concorrer, o nome do Flávio vem muito forte e com chances de vencer a eleição. Além disso, também representa a união da direita, que estava fragmentada e agora pode se unir. Em Campos, a direita está mais unida do que nunca”, avalia Alfredo.
Dieguez argumenta que Flávio é referência na articulação política e ainda pode conquistar o apoio de nomes fortes da direita.
“O Flávio é forte porque é uma referência na articulação política. Não só no Rio, como em Brasília. Nos momentos importantes, todos procuram ele. É um nome que pode ganhar ainda mais força mesmo que alguns, como o Ratinho Junior, governador do Paraná, tenham falado em concorrer à presidência”, destacou.
Na opinião de Danilo Dutra, presidente do diretório do PT em Campos, a família Bolsonaro enfrenta dificuldades na articulação para a próxima eleição. Segundo ele, o meio político tem mostrado recusa à forma de fazer política do ex-presidente.
“O movimento, agora que o Bolsonaro está preso, é em cima da disputa do Flávio Bolsonaro com a Michelle. E agora o Jair Bolsonaro, mostrando o machismo da família, escolhe o Flávio para estar concorrendo e já demonstra dificuldade para ter uma articulação mínima ao redor dele, porque a própria sociedade, o mundo político, recusa a forma dessa família de fazer política. Bolsonaro tenta marcar um jantar em Brasília e os próprios caciques do centrão relutam em participar. Então isso mostra o declínio da família Bolsonaro e a recusa da sociedade nesse projeto de poder deles, o que é muito positivo”, afirma Danilo.
Danilo acredita que a sociedade tem aceitado o projeto do governo Lula e recusado as pautas levantadas pelos Bolsonaro.
“A gente discute o fim da escala 6x1, então tudo isso a sociedade responde aceitando esse projeto de poder, a manutenção dele e recusando o que estava colocado pelo clã Bolsonaro. É um momento muito importante para nós e a eleição do ano que vem vai sacramentar isso”, falou Danilo.
O ex-vereador Thiago Virgílio, presidente do Podemos em Campos, avalia que o nome de Flávio não foi bem aceito pelo campo da direita.
“Eu percebo que não é isso que é a centro-direita e a direita querem. Acho que eles tentam construir uma outra candidatura que possa ter condições de combater o campo da esquerda. Eu acredito que não foi bem aceito, pelo que estou acompanhando, não vem sendo bem aceito o sobrenome Bolsonaro. Acredito que não é o que a direita, a centro-direita querem realmente”, falou Thiago.
Virgílio também acredita que trata-se de um movimento de desespero da família Bolsonaro e que a pré-candidatura não vai se concretizar.
“É um momento de desespero. Estão tentando negociar sobre essa questão da anistia e acho que não é o nome que vai passar. Na verdade, acho que ele não será candidato a presidente, que é um nome que não está sendo aceito nem pela própria direita”, disse o dirigente do Podemos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS