Francimara Barbosa Lemos: "Queria que Yara respondesse por que traiu o grupo"
Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Hevertton Luna - Atualizado em 11/06/2025 06:55
Ex-prefeita de SFI Francimara Barbosa Lemos
Ex-prefeita de SFI Francimara Barbosa Lemos / Foto: Divulgação
“Antes de ser escolhida por Deus, Yara foi escolhida por mim”. Foi o que disse Francimara Barbosa Lemos (Solidariedade), ex-prefeita de São Francisco de Itabapoana e integrante do gabinete de Cláudio Castro, entrevistada desta terça-feira (10) no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Ela comentou os motivos do rompimento com a atual prefeita Yara Cinthia, que apoiou à sua sucessão, como dívidas da Prefeitura e indicações no secretariado. Por fim, falou sobre sua pré-candidatura a deputada estadual e disputa pelo governo do RJ.
Indicação – “Eu não digo que a Yara foi uma indicação da Francimara. Acho que eu não estaria com uma consciência tão pesada em pedir perdão à população pela indicação que eu fiz a ela. Mas atrás dessa indicação, existia um grupo político, existiam pessoas que acreditavam. Eu emprestei a minha imagem, a imagem de um governo sólido, de um governo constituído, de um governo com 81% de aprovação dentro da cidade de São Francisco.”
Apoio na eleição – “Não foi só escolher. Eu financiei a campanha da Yara Cinthia, como presidente do Solidariedade. Então, não é só escolher. Eu rompi com o meu amigo, vice-prefeito Raliston Souza. Não é romper, a gente ficou estremecido, mas ele é o meu amigo. A gente conversa, a gente continua tendo contato. Ele hoje consegue entender, e eu sempre falo, eu não sinto que traí o Raliston, porque em momento nenhum eu dei a minha palavra que ele seria o meu sucessor. Então tudo poderia estar caminhando para isso, mas em determinado momento eu decidi que foi Yara. Então quando ela diz, Deus me deu a eleição, realmente, Deus deu a eleição, mas antes dela ser escolhida por Deus, ela foi escolhida por mim e por um grupo político que apoiou.”
Capital político – “Porque quando eu escolhi a Yara, ela disse que não queria, que meu governo era um governo fracassado? Porque se eu tivesse escolhido o Raliston, ele também seria o prefeito da cidade hoje. Não desfazendo do capital político dela, mas a Yara, o máximo que ela foi testada na urna foi 1.500 votos para vereadora. Ela não teria bagagem de ser prefeita da cidade se não tivesse usado a imagem da prefeita e se não tivesse usado um grupo político. Então acho que é isso que está faltando, ela governar, já que ela não é a pessoa de estar em rede social, em estar falando. E eu sou, falo mesmo. Então, acho que ela tem que parar e esquecer um pouco de mim. Como agora tem um slogan dela lá, é tempo de Yara Cinthia. Então, se é tempo de Yara Cinthia, trabalha em frente e esquece de colocar defeito na Francimara, que a gente quando quebra o prato que come, a gente pode ter fome de novo e não vai ter onde comer.”
Início do desconforto – “Viajei no dia 2. Fui para Guarapari com a minha família descansar. Quando cheguei a Guarapari, já comecei recebendo os prints de fotos da prefeita Yara no Hospital Municipal Manoel Carola, com caixas de remédios vazias, no transporte. A gente entrou em contato, liguei para Yara, não consegui. O Frederico ligou para o esposo da Yara, perguntou o que estava acontecendo. Ele falou que estava em algum lugar, que estava ruim de sinal, depois retornaria. Enfim, virou esse desconforto.”
Tudo resolvido – “O deputado Auro Ribeiro, com quem eu deixo mais uma vez aqui um abraço e a minha gratidão a ele, entrou em contato, veio a São Francisco, conversou com a Yara, foi de helicóptero até Guarapari, conversou comigo. E eu vim a São Francisco no dia 22 de janeiro. Tomei um café com a Yara, ficou tudo conversado, tudo resolvido, foi mal-entendido, que a comunicação não conhece bem o município, que não foi ela que mandou. Enfim, ficou tudo resolvido.”
Acabou – “Daí pra cá, continuou tudo a mesma coisa, sempre começava aquelas alfinetadazinhas do governo. No dia 4 de fevereiro, foi a última vez que eu tentei falar com ela. Liguei 12 vezes. Mandei seis mensagem pelo whatsapp. Até hoje não recebi nenhum retorno de uma ligação e nem da mensagem. Falei para mim mesma que a partir daquele dia, no dia 4 de fevereiro, eu nunca mais ligaria para ela.”
Traição – “A única coisa que eu queria que a prefeita Yara Cinthia respondesse, que ela não responde, o porquê que ela traiu o grupo que deu eleição a ela. Eu conversei com ela, ela assumiu que realmente eu conversei com ela no dia 30, que a gente efetuou o pagamento da educação, folha décimo terceiro, e ficou o restante da folha que havia um repasse no dia 31. No dia 31, os bancos de São Francisco não funcionam. Eu acho que em lugar nenhum funciona, porque era período de ano novo. Então, se não chegasse a 31, chegaria até dia 5. Ela falou, não, Francimara, beleza. Ela ainda falou que o dinheiro não veio.”
Secretariado – “Essa ruptura já aconteceu desde quando ela começou, na verdade, a gente fala de 2 de janeiro, mas foi desde quando ela começou a montar o governo dela. Porque você sabe como funciona a política. A gente trabalha e tem acordos políticos. Por exemplo, eu tinha um acordo político com ela que eu indicaria três secretarias, que seria a secretaria de Turismo, de Segurança e de Assistência, que é a secretaria do meu irmão, que o meu irmão trabalhava de Direitos Humanos.”
Acordo não cumprido – “Então você já vê que a pessoa não tem palavra. Se você dá uma palavra e você não cumpre, você já começa a desfazer o negócio, você já vê que o negócio não anda bem. E tinha um compromisso que pós-Carnaval ela sentaria com a gente, sentaria com o grupo para a pré-candidatura, a campanha de Frederico, a deputado estadual, que ela apoiaria o Frederico. E isso não aconteceu. Então você vê que o negócio já começou a desandar desde lá de trás. Só começou a mostrar realmente quem ela é no dia 2.”
Saída de Fagner Azeredo – “O meu irmão (Fagner Azeredo), que estava no governo, falou, Francimara, eu não consigo mais ficar no governo, não tem como, eu não vou ficar num governo onde você está sendo atacada, as pessoas também ficam tentando me evitar. Enfim, meu irmão resolveu pedir exoneração.”
Não quero guerra política” – “Então, são várias coisas que eu tinha muita vontade de estar frente a frente com ela, não pra embate, mas pra esclarecer e pra entender. Porque eu não estou aqui querendo buscar uma guerra política dentro de São Francisco. Porque se eu fosse uma pessoa que quisesse essa guerra, poderia causar essa guerra. Eu não quero isso.” “
Não sento na mesma mesa – “Não me vejo hoje levantando o braço de alguém que eu não confio. Não me vejo hoje sentando na mesma mesa para compartilhar de um alimento de uma pessoa que me deu a palavra e não cumpriu. Que nem papel escrito vale nada apra ela. Então, eu posso hoje dizer que eu vou abraçar a causa de uma pessoa como essa. Eu abraço a causa da cidade São Francisco de Itabapoana. Agora, a causa Yara Cinthia não.”
Sentimento popular – “Se você entrar no direct do meu Instagram, no meu WhatsApp, vai ver a quantidade de pessoas que me pedem perdão por não curtir minhas coisas, por não compartilhar, por não comentar, porque são proibidas. Mas que o coração é meu e que vai estar junto comigo. Então são pessoas que não podem curtir algo meu porque são chamadas a atenção. Mas ela esquece que as pessoas, o voto, por exemplo, é secreto. Não vai ter ninguém lá fiscalizando. E eu já tive prova disso no governo do Pedrinho Cherene, onde os comícios dele davam 10 mil pessoas, o meu dava mil. Mas a população votou na Francimara. Acho que ela teria que inverter. Também não vou nem dar tanta dica que eu vou estar ensinando demais. Ela tinha que inverter um pouco o papel. E esse governo de perseguição, acho que quem perde é ela, quem perde é o povo.”
Reatar? – “A pessoa Yara, eu não tenho o que falar. Mas ela tem que entender que desde o momento que ela entra na área política, que ela se torna uma prefeita de uma cidade, você tem que saber dividir. Esquecer o lado Francimara, esquecer o lado Yara e pensar em um todo. Eu não vou dizer nunca, mas não vejo hoje eu chegar de mão dada, de abraço com Yara ou voltar a levantar a mão de Yara, como eu sempre levantei. Como sempre ouvi várias pessoas falar, Francimara, eu vou votar nela por causa de você.”
Dívidas – “A primeira vez que eu vi a prefeita Yara Cinthia falar sobre a questão do rombo, foi justamente nessa entrevista com Cláudia Nogueira, onde ela disse que a palavra rombo era algo muito forte, que ela não sabia que o Jairo ia falar aquilo. Como realmente ela nunca sabe de nada, ela não viu, ela não sabe, enfim. Ela não sabia que o Jairo ia falar aquilo e que a palavra rombo era forte demais e que foram dívidas herdadas de governos anteriores, inclusive o meu, e que o meu teria mais dívidas. Mas, lógico, foi o governo que durou oito anos, então automaticamente teria que ser.”
Enel – “A Enel, eu cheguei a pagar, em oito anos de gestão, R$ 87 milhões. A Enel recebe por mês, o município paga de arrecadação da taxa de iluminação, 600 mil reais por mês. Isso vai direto pra Enel, não entra nos cofres da Prefeitura. Então, se a gente parar e fazer a conta, R$ 57 milhões eu paguei, mais de R$ 600 mil mês, dá mais 30 milhões. Então, dá o total de 87 milhões durante oito anos eu paguei.”
Precatórios – “O precatório, eu fui várias vezes no Tribunal. Ela ontem também deu uma entrevista e falou que eu não busquei parcerias. Eu fui várias vezes tentar parcelar esses precatórios. Precatórios são pessoas que saem da Prefeitura e vão lá e colocam na Justiça. Existem advogados, que é a profissão deles, que vivem disso. Estão lá esperando funcionários serem mandados embora. Aí eu também faço um desafio à prefeita Yara Cinthia. Será que nesses cinco meses de gestão ela está recolhendo o INSS desses funcionários contratados da Prefeitura?”
Avaliação do governo – “Pra mim, o governo da prefeita Yara Cinthia ainda, pelo menos da minha parte, eu não consigo avaliar o que ela fez que pudesse já ter mudado algo na cidade. De zero a dez, o governo dela, não vou dar nem zero nem vou dar dez, acho que quatro. Pelo menos pelo Limpario, que não é a primeira vez que vai no município, já foi também na minha gestão. A diferença é uma máquina maior que foi agora e não foi na minha. Então acho que eu dou nota 4.”
“Se o vereador não sabe, é porque ele não quer” – “Ela fez um desafio a qual vereador que sabe tudo o que acontece dentro de um governo. Faço também um desafio à atual prefeita. Se o vereador não sabe, é porque ele não quer. Porque qualquer cidadão e qualquer vereador pode saber tudo o que acontece dentro do Executivo. Qualquer cidadão de bem, qualquer pessoa pode lá protocolar uma informação do poder Executivo que ele vai obter essa informação. Ela foi da minha gestão, sendo base aliada do governo, faz desafios que o vereador não sabe. Então, tem que procurar ver qual é o papel do vereador. Ou ela quando vereadora, agora precisa saber o papel dela no Executivo.”
Sem escândalos – “Governei oito anos, nunca tive escândalo nenhum envolvendo a prefeitura de São Francisco. Se Deus quiser, nunca vai ter. Saí de lá, nunca mantive escândalo nenhum. Meu marido nunca respondeu nem responde processo nenhum com Polícia Federal e nem por órgão nenhum. Meu marido é um homem bem-sucedido, um empresário da rede de comunicação, da rede de hotelaria. Então não tenho porque não pedir uma opinião ao meu marido. Então acho que a fala dele, não sei se foi infeliz, não sei se ele não mediu, não sei porque o Thiago falou isso.”
Bombeiros em SFI – “Estar no mesmo local que ela, pra mim, não tem problema nenhum. Com certeza eu estarei sim na inauguração do Corpo de Bombeiros, não só como representante hoje legal do governo do Estado, mas como ex-prefeita e como a prefeita que levou o projeto também durante oito anos, lutando por esse Corpo de Bombeiros dentro da nossa cidade.”
Pré-candidatura – “O meu nome está sendo ventilado sim. Provavelmente serei sim pré-candidata a deputada estadual. O Frederico abriu mão para mim. Só que a gente está conversando com o grupo, com todas as pessoas que estejam envolvidas nesse novo processo. É algo que não pode ser somente para a Francimara, não quero prejudicar pessoas que estejam hoje lá, que com certeza serão perseguidas por terem que apoiar a Francimara. Então a gente está conversando muito, tenho feito várias reuniões para saber o momento certo, se eu irei lançar o meu nome para a pré-candidatura. Mas até o momento a gente tem ventilado sim, e aí isso acontecendo será comigo e não com o Frederico. Ele abriu mão para mim.”
Eleição estadual – “Acho que o Rodrigo tem um trabalho prestado como presidente da Alerj, como deputado estadual, ao lado do governador Cláudio Castro. Acho que ele tem um nome bom pra ventilar aqui no interior. Assim também como o Wladimir é um prefeito de uma cidade do interior das mais importantes do estado do Rio de Janeiro, então tem também essa condição.”
Chances a deputada – “Eu tenho serviço prestado, tenho a credibilidade do meu nome, tudo que eu possa angariar votos. Até porque nessa pré-candidatura, para acontecer realmente e ter o êxito e o sucesso, eu preciso de outra cidade, não preciso só de São Francisco. Mas eu vejo também que se a eleição fosse hoje, eu teria uma grande chance de ser muito bem votada dentro da cidade de São Francisco.”
Peso da máquina – “A gente sabe o peso da máquina, mas sabe também o peso de uma pessoa que tem serviço prestado, que tem credibilidade, que tem palavra. Então, se eu fingisse estar feliz com alguma coisa, ter um grupo onde vê pessoas do governo me atacando, pessoas falando coisas que é inverdade. Se a Francimara ficar quieta, não seria Francimara. Então acho que eu perderia muito mais a credibilidade da população que me conhece do que o próprio voto da prefeita, porque o voto da máquina é secreto.”

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS