Júlia Alves e Rafael Khenaifes
08/05/2025 11:14 - Atualizado em 08/05/2025 18:03
"Minha vontade era de salvar o meu filho, mas ele já estava morto", relata mãe de jovem eletrocutado
/
Rafael Khenaifes
“Eu fui correndo, mas cheguei lá e meu filho já estava morto”, relata Valéria da Silva Rodrigues, mãe de Rodrigo da Silva Rodrigues, de 25 anos, que morreu eletrocutado nessa quarta-feira (7) após ser atingido por fio de alta tensão quando estava sentado em uma calçada. A tragédia deixou outra vítima fatal, Carlos Eduardo Muniz Ribeiro, de 36 anos, que, ao tentar socorrer o amigo, também recebeu descarga elétrica e morreu na hora. O caso foi registrado no bairro Jardim Boa Vista, em Guarus. A irmã de Carlos Eduardo também falou com a equipe de reportagem da Folha sobre a situação, pedindo por justiça.
Rodrigo da Silva Rodrigues e Carlos Eduardo Muniz Ribeiro
/
Reprodução Redes Sociais
A mãe de Rodrigo contou que ele tinha ido buscar a filha dele na escola, ao chegar lá, foi informado de que a menina já havia saído. "Nisso, Carlos Eduardo chamou ele para comer um salgado, no momento em que ele sentou para comer o salgado, o fio caiu em cima dele, do nada. Carlos Eduardo ainda pegou uma sacola, colocou na mão para tentar salvar meu filho, mas acabou morrendo na mesma hora. Eles eram muito amigos", relatou Valéria.
Em meio a dor, Valéria contou que soube da notícia quando a neta chegou em casa correndo e avisou que o pai estava caído no chão, ao lado de uma moto pegando fogo. “Eu fui correndo, mas cheguei lá e meu filho já estava morto. Fui correndo, eu ia até ele, mas meu marido me agarrou por que o fio é 360 graus e falaram que puxava de longe. Eles me agarraram. Minha vontade era de salvar o meu filho, mas ele já estava morto”, conta.
Vídeo:
A irmã de Carlos Eduardo, Verônica Ribeiro de Almeida Guimarães, comentou que as famílias desejam justiça. “Meu irmão era trabalhador e o amigo dele também, era pedreiro, pai de família, com criança pequena [...] Estou sofrendo e minha mãe qualquer coisa fala que vai se jogar debaixo de um carro, porque só tinha ele de filho. Então, o nosso dia das mães acabou. Não é só a gente que está chorando, tem muita mãe chorando. Então, o nosso sentimento agora é de desgosto e descaso. A gente só quer justiça. Esse caso não pode ficar parado e tem que ter resposta. A gente vai cobrar e se ninguém ajudar, da nossa maneira a gente vai ter auxílio”, declarou.
Vídeo:
Verônica questiona ainda a retirada do fio do local por parte da Enel, dizendo que poderia auxiliar na perícia do caso. “O caminhão da Enel foi lá e eles simplesmente pegaram e pocaram o fio da alta tensão e levaram com eles. Eles não podiam ter tirado, eles tinham que ter deixado ali, porque era prova do crime. Até a perícia falou. Então a gente agora quer a nossa justiça. A Enel é responsável por essas duas vidas que foram perdidas e para confortar essas mães também”, comentou.
A Folha entrou em contato com a Enel para saber sobre as providências tomadas pela empresa depois do ocorrido, inclusive, sobre a motivação para retirada do fio do local e manutenção na área, mas ainda aguarda um posicionamento. No dia do ocorrido, a Enel lamentou, em nota, sobre o acidente e acrescentou que iria identificar os familiares das vítimas para prestar assistência, além de uma equipe ter ido no local para apurar as circunstâncias do fato.
O delegado Ronaldo Cavalcante afirmou que a investigação foi aberta para identificar os motivos da derrubada do fio de alta tensão. "Serão levantadas imagens para verificar se algum caminhão passou e derrubou o cabo ou foi uma questão de curto-circuito que fez com que o cabo caísse. Estamos em busca de imagens para ser levantada essa informação. Eventuais testemunhas serão ouvidas para informar se viram algum carro passando, se deu um estrondo ou alguma coisa assim nesse sentido.", explicou Ronaldo.
Na quarta, o Corpo de Bombeiros foi acionado para o local, mas os dois homens já estavam sem vida. Não havia câmera de segurança no local, porém familiares das vítimas informaram que duas pessoas testemunharam o ocorrido. O caso foi registrado na 146ª Delegacia de Polícia, em Guarus, onde segue sendo investigado. Segundo a Polícia Civil, o fato foi comunicado por militares na delegacia, que informaram sobre o encontro dos corpos dos homens, observando que parte deles já estavam carbonizados.
As testemunhas ressaltaram em sede policial, ainda, que um caminhão da Enel esteve no local e retirou o cabo de alta tensão que estava caído próximo às vítimas. No local, também foi encontrada uma moto próxima das vítimas, que estava completamente carbonizada, sobrando apenas algumas partes de ferro.
Os familiares de Rodrigo confirmaram que sepultamento será nesta quinta-feira (8), às 14h, no Cemitério de Paz, em Travessão. Já o corpo de Carlos Eduardo será velado nesta sexta-feira (9), partir das 9h, na Igreja Adventista, no Parque Boa Vista, e seguirá para enterro, às 11h, no Cemitério do Caju.