Dora Paula Paes e Rafael Khenaifes
- Atualizado em 24/05/2025 13:00
Divulgação
Doze bandas estarão no palco da 11ª edição do Dia do Rock Goitacá, neste sábado (24), às 17h30, e no domingo (25), às 16h30. O evento musical, em Campos, criado através de lei municipal, acontecerá não sem antes: cancelamento, mudança de local - antes no Cais da Lapa, agora, no Jardim do Liceu -, demora para definição das apresentações, indignação dos músicos quanto ao processo do edital e prejuízo financeiro das bandas que ficaram com as agendas suspensas esperando a seleção.
A definição da ordem das apresentações ocorreu durante uma reunião, no Teatro Trianon, na tarde de quarta-feira (21), após publicação do resultado do processo de seleção no Diário Oficial do Município, não sem antes, uma série de recursos. Os artistas foram recebidos pelo diretor Financeiro da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Fábio Mattos, e pela assessora jurídica, Andréa Sodré.
O Dia do Rock Goitacá foi criado para promover valorização de músicos, compositores e bandas locais do gênero e suas vertentes. Realizado desde 2014, o evento homenageia o músico Luizz Ribeiro (1953-2010), líder da banda Avyadores do Brazyl, que faleceu em 2010 e aniversariava no dia 6 de maio, dia oficial do evento.
No palco a promessa é de muito rock para o público que aguarda o ano inteiro por esses dois dias de muita música, batida de cabelo, trabalhos autorais, enfim, a celebração do gênero musical na cidade. Porém, até este momento do carinho do público, os músicos vieram de meses de angústia. Amaro Assad, guitarrista da Gralha, na cena do rock campista desde 2005, segundo ele, embora a elaboração do evento comece em janeiro, a série de atrasos é sempre recorrente. “É fundamental que haja maior clareza, diálogo e responsabilidade na gestão, respeitando os artistas, a população e principalmente a memória do saudoso Luizz Ribeiro”, salienta, ressaltando que apesar do processo desgastante, é preciso enaltecer a união dos músicos.
Para Dayvison Luiz, músico da banda Tubarão Martelo, a organização desta edição do Rock Goitacá agiu com descaso com os participantes do edital.
“O sentimento é de indignação. O evento já era para ter ocorrido desde o início do mês de maio (o evento estava marcado para os dias 10 e 11), assim como os trâmites para a sua realização. Com isso, muda o público, muda o poder aquisitivo já que cai no final do mês e ainda vai concorrer com um evento no Cais da Lapa, de outro gênero musical”, enumera as dificuldades. - Na verdade, o que estamos vendo é o descaso dos órgãos público perante aos músicos, bandas e estilo de música. Talvez porque não seja um estilo popular, talvez seja um estilo mais transgressor, não é um tipo de evento que dê palco para político - completa Dayvison.
Antes mesmo de sair a listagem das bandas, na quarta-feira (21), a Folha já havia demandado os músicos que aguardavam o resultado. Todos revelaram que a participação era uma incógnita. Estevão Ramos, vocalista da Projeto Zero, que não entrou, já reclamava dos critérios de pontuação e ainda denunciou. Segundo ele, a atuação das bandas não é sinônimo de existência e algumas bandas só se reúnem para tentar vaga no evento. “Não há transparência em nenhuma das escolhas”, disse, ressaltando que “virou um evento de chacota. A forma de pontuar também foge do padrão equânime de disputa”, ressalta.
Representante da Câmara Técnica do Conselho Municipal de Cultura (Comcultura), pela cadeira de música, Anderson Luiz, o Kiko, falou sobre a insatisfação relacionada ao processo de realização do Dia do Rock Goitacá na reunião do dia 13 de maio, em que abriu espaço para o debate.
A questão do edital muito em cima da hora foi apontada, assim como, a mudança de local. Chegou-se até cogitar a realização do evento na 12ª Bienal de Livros, o que os músicos recusaram veementemente.
Em nota, a FCJOL informa que, falta de transparência, nunca existiu, uma vez que todos os atos referentes ao certame se encontram no Portal da Prefeitura, na aba Licitação. "As mudanças de datas e local se deram devido aos inúmeros feriados, atrapalhando o curso processual e prazos legais. A definição às vésperas do evento foi desencadeada pela quantidade de recursos interpostos pelas bandas não classificadas. Nunca houve descaso, ocorre que casos fortuitos e de força maior sempre ocorrem", explica.
Rodrigo Silveira
Praça do Liceu volta a ser palco
A pasta da cultura bateu o martelo da realização do Rock Goitacá na Praça do Liceu, patrimônio histórico, berço do evento, mas sem explicar sobre a infraestrutura. Por outro lado, moradores e comerciantes da área seguem reclamando do abandono, principalmente, do Coreto no Jardim do Liceu, em Campos. A problemática já acontece há anos e o abandono impacta na segurança pública, segundo reclamações. O coreto que já foi palco das bandas está circulando por tapume, no entanto, aberto.
A equipe da Folha flagrou fezes, urina e um cheiro nada agradável. Segundo as reclamações, pessoas deixam de frequentar o local por medo e outros transtornos. Para Luis Rangel, taxista da área, o problema não é de hoje. “Há tempo venho falando e denunciando, mas a situação segue na mesma, de abandono e servindo para tirar a nossa paz”, explicou. Rose Liberador, comerciante da área e moradora de uma rua próxima do local, a problemática faz com que o faturamento diminua.
A Prefeitura informou, em nota, que a Secretaria de Ordem Pública tem feito incursões periódicas no local e que a mais recente aconteceu na quarta-feira (21).
O Coreto é um patrimônio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Por sua vez, o representante do Inepac na cidade informou que desde a determinação da interdição no coreto, o órgão enviou várias notificações à Prefeitura de Campos.
“O Inepac vem cobrando da Prefeitura esse abandono, descaso. Esse isolamento é necessário para não haver risco de alguém subir. Tem tábua solta no teto, guarda-corpo quebrado, tem uma série de risco e também a depredação do patrimônio histórico. Cobramos constantemente a restauração”, disse Giovani Laurindo.
A Secretaria de Obras e Infraestrutura informa que os tapumes foram reforçados de forma a evitar que pessoas em situação de rua entrem no porão do coreto. Quanto a obra, a Secretaria informa que já constatou a necessidade de restauração do equipamento. Informa que os serviços de restauração ainda não foram realizados em função da dificuldade de localizar artífice com expertise para a realização dos trabalhos de restauração específica para os detalhes ornamentais da arte em argamassa especial.