Museu Olavo Cardoso: estacas paliativas são instaladas
Dora Paula Paes e Gabriel Torres 24/05/2025 13:41 - Atualizado em 24/05/2025 13:45
Divulgação/Foto: Renato Siqueira
A fachada do casarão do antigo Museu Olavo Cardoso, na avenida 7 de Setembro, em Campos, recebeu estacas. A ação paliativa, após ser ventilada a necessidade de demolição rechaçada posteriormente pela Prefeitura dona do imóvel, partiu de uma determinação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Na semana passada, o promotor Marcelo Mello deu um prazo de cinco dias para intervenção. Porém, para especialistas em obras o que foi feito passa longe do necessário para manter o imóvel em pé.

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, o arquiteto e urbanista, Renato Siqueira, disse que ficou surpreso com o que foi feito no imóvel, ou melhor, ainda segundo ele, o que não foi feito.
“Passa longe de um escoramento que garanta a estabilidade da fachada, simplesmente apoiaram algumas peças de madeira”, disse, ressaltando, que dá rua não foipossível ver se houve escoramento de todo o imóvel, conforme determinado na ata da audiência do último dia 13 de maio no MP.

- Ou seja, há fortes indícios de que a Prefeitura, mais uma vez, descumpriu determinações do Ministério Público e, continua o sério risco de desabamento do prédio, visto estar em condição avançada de deterioração toda a edificação, conforme relatório da DefesaCivil lido na audiência - aponta Siqueira. - Decidiram correr o risco do desabamento, que a cada dia se confirma mais.

Também na semana passada, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, no programa Folha no Ar, na Folha FM, falou da questão envolvendo a necessidade de obras no imóvel, quando questionado:

“Quanto ao Museu Olavo, foi feito um acordo da Prefeitura com a Câmara de Vereadores, lá atrás, que usaria o duodécimo da Câmara para fazer a restauração do prédio. O projeto foi feito pela Prefeitura, o orçamento foi feito pela Prefeitura, encaminhado ao presidente da Câmara da época, que era o Marquinho Bacellar, e ele não fez. Então, tem que deixar muito claro que existiu um acordo, foi divulgado esse acordo, dito por mim, dito por ele, inclusive presidente da época, e ele não fez. Então, é muito simples quando as pessoas apontam o dedo só para um lado”, disse o prefeito.

A conversa entre Wladimir e Marquinho aconteceu pouco tempo antes do início da campanha eleitoral de 2024. A Folha encaminhou demanda ao vereador Marquinho Becellar para saber a sua versão e aguarda resposta.

Ainda, de acordo com Wladimir, ele tomou ciência, um dia antes da entrevista, da recomendação do Ministério Público para realizar o escoramento.

“O Ministério Público não impõe, nem determina. Ele recomendou o escoramento e deu prazo de cinco dias para o município responder à sua recomendação”, disse.

Todavia, o prefeito salienta que não é possível um escoramento, de uma hora para outra, sem que se faça um trabalho emergencial. “Tem questões jurídicas que implicam. Tem que fazer uma licitação emergencial...”, afirma.

O prédio do Museu Olavo Cardoso foi doado pelo industrial ao município. Seis anos após sua inauguração, em 2012, o prédio foi fechado por apresentar pequenos problemas estruturais, no governo de Rosinha Garotinho.

De lá para cá, além do efeito do tempo, como o desabamento de uma das suas varandas laterais, sofreu até com roubo de peças importantes do seu acervo histórico, no último mês da gestão do ex-prefeito Rafael Diniz. A situação virou caso de polícia, porém, sem uma respota efetiva à população.
Desde 2018 há um inquérito aberto no MP.

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