Folha Letras - ABC de Jorge Amado
- Atualizado em 14/05/2025 09:53
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Christiano Fagundes*
Nobre leitor, vamos recordar um pouco a biografia e a obra de Jorge Amado. Jorge Leal Amado de Farias nasceu em 10 de agosto de 1912, em Ferradas, distrito de Itabuna, na fazenda Auricídia, zona cacaueira ao sul da Bahia. É considerado o mais popular escritor brasileiro e o romancista da Bahia por excelência.
No ano de 1931, estreia com o romance “O país do Carnaval”, publicado pela Editora Schmidt. No ano seguinte, sob a influência da escritora Rachel de Queiroz, passa a frequentar grupos políticos de esquerda, filiando-se, inclusive, ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em 1933, casa-se com Matilde Garcia Rosa. O casamento durou 11 anos. Em 1934, lança “Suor”. A primeira filha, Eulália Dalila, nasce em 1935 e morre em 1950, no Rio. Um ano depois, isto é, em 1951, nasce a filha Paloma Amado, em Praga.

Os romances “Cacau” (1933), “Jubiabá” (1935), “Mar Morto” (1936), “Capitães da areia” (1937) e “Terras do sem-fim” (1943) estão relacionados ao período de grande participação política do autor, que realizou, nessas obras, denúncias sociais. Oportuno trazer à luz que, com o romance “Mar Morto”, recebeu o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras.

Ainda em 1936, foi preso, acusado de ter participado da “Intentona Comunista” contra o governo Vargas. No ano seguinte, é preso novamente, após a instalação do Estado Novo. A terceira prisão ocorreu em 1942, durando três meses.

No ano de 1937, ano da publicação de “Capitães da areia”, como registrado acima, os livros de autoria de Jorge Amado foram apreendidos e queimados em praça pública em Salvador, por serem tachados de subversivos. Durante seis anos, ficou proibido de publicar livros.

Formou-se em Direito no ano de 1935 e, em 1946, foi eleito deputado pelo PCB, mas teve problemas com o mandato, em consequência do cancelamento do registro do Partido Comunista. Em 1941, publicou “ABC de Castro Alves”, biografia. A obra “São Jorge dos Ilhéus” é lançada em 1944.

No ano de 1945, passa a viver com a paulistana Zélia Gattai, conquanto o casamento oficial só viesse a ocorrer em 1978. Em 1947, nasce o filho João Jorge, no Rio de Janeiro. A escritora Zélia Gattai faleceu em 17/05/2008. Viveram juntos, pois, 56 anos.

Com o romance “Gabriela, cravo e canela” (1958), inicia-se uma outra fase na produção literária de Jorge Amado, com registros de críticas aos costumes e com sátiras. Essas características marcam vários outros romances de Jorge Amado, como “Dona Flor e seus dois maridos” (1966) e “Tenda dos milagres” (1969). O romance “Gabriela, cravo e canela” (1958), publicado em agosto, esgota 20 mil exemplares em apenas duas semanas e, até o mês de dezembro, do ano de seu lançamento, vendeu mais de 50 mil exemplares. O romance “Gabriela, cravo e canela”, na realidade, constitui-se um dos livros mais “políticos” de Jorge Amado. Em 1972, publica “Tereza Batista cansada de guerra”.

“De mim já se disse que sou apenas um romancista de vagabundos e de putas. Honro-me com isso” (Jorge Amado em discurso realizado quando do recebimento do prêmio internacional Dimitrov, na Bulgária, no ano de 1986).

Jorge Amado foi um grande escritor, tendo a sua obra traduzida em 55 países, sendo muitas delas adaptadas para a TV (“Gabriela, cravo e canela”; “Tieta do Agreste”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Tocaia Grande” entre outras), para o cinema e para o teatro. Tieta do Agreste é um romance publicado em 1977, sendo uma das obras mais populares do autor.

Quinto ocupante da Cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Essa Cadeira foi, na sequência, ocupada por Zélia Gattai, eleita em 7 de dezembro de 2001, como já informado, sendo a sucessora de Jorge Amado.

Jorge Amado faleceu, em Salvador, em 06 de agosto de 2001, aos 88 anos de idade. Importante consignar que a Fundação Casa de Jorge Amado abriga uma exposição permanente sobre a vida do escritor. Com a sede inaugurada em 7 de março de 1987, essa Fundação possui o objetivo de preservar e estudar os acervos bibliográficos e artísticos do escritor, bem como incentivar os estudos e as pesquisas sobre a literatura produzida na Bahia.

Segundo consta do site da referida Fundação, “A criação da Casa contou com a colaboração fundamental do próprio autor e sua companheira, Zélia Gattai, da Universidade Federal da Bahia e da escritora Myriam Fraga – que esteve à frente da Casa por 30 anos” (https://www.jorgeamado.org.br/a-fundacao/acesso em 17/04/2025, às 13h30min).
*Membro da Academia Campista de Letras. Advogado. Professor.

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