Terceiro episódio da série A Origem dos Sobrenomes
O sobrenome Picanço tem raízes portuguesas e aparece em registros históricos desde o século XVI. Embora não seja um dos sobrenomes mais comuns em Portugal, ganhou certa presença no Brasil, especialmente a partir do período colonial, quando diversas famílias portuguesas migraram para a América
A origem pode estar ligada à alcunhas ou características físicas ou comportamentais, uma prática comum na formação de sobrenomes na Península Ibérica. O termo "picanço" tem registros antigos no português arcaico, podendo remeter ao verbo "picar", que significa ferir com ponta ou dar pequenos golpes.
Em contextos populares, também aparece como nome de pássaros — como o picanço-barreteiro, conhecido por seu comportamento de empalar presas em espinhos, o que pode ter servido de base para apelidos pessoais que deram origem ao sobrenome.
Outra hipótese aceita por estudiosos da Onomástica (ciência dos nomes) é a de que Picanço seja derivado de apelidos familiares ou nomes de ofício, o que era comum dentre camponeses, soldados e artesãos. Como outros sobrenomes portugueses, pode ter sido inicialmente um nome de uso local e, com o tempo, passou a se tornar hereditário, transmitido de pai para filho.
No Brasil, o sobrenome Picanço aparece em registros civis e militares desde o período colonial. Há, por exemplo, referências a oficiais e intelectuais com o sobrenome Picanço em documentos do século XIX. Uma figura notável foi o médico e cirurgião João Ferreira Picanço, que atuou na primeira metade do século XIX com papel importante na história da Medicina brasileira.
A genealogia das famílias Picanço no Brasil revela ramificações em estados como Rio de Janeiro, Pará e Maranhão, o que sugere um processo de dispersão ao longo dos séculos, a partir de núcleos iniciais de imigração portuguesa.
Atualmente, o sobrenome Picanço é encontrado em diversas regiões do Brasil, com maior concentração no Pará, especialmente nas cidades de Belém, Castanhal e Abaetetuba. Também há presença significativa no Maranhão, no Rio de Janeiro e no Amapá, refletindo tanto a expansão demográfica quanto a mobilidade social das famílias descendentes.
Em Portugal, o nome continua raro, com poucas ocorrências, o que afirma a consolidação histórica no contexto brasileiro.
Referências bibliográficas:
BARBOSA, Rosa Maria. Dicionário de Sobrenomes Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995.
MACHADO, José Pedro. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte, 2003.
SILVA, Alberto da Costa e SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Nomes e Sobrenomes: História e Significado. São Paulo: Ática, 2008.
Arquivo Nacional (Brasil). Fundos Históricos – Documentos Genealógicos, 1800–1900.
Geneall.net – Base de dados genealógica sobre famílias portuguesas e luso-brasileiras.
Forebears.io. "Picanço Surname Distribution." Acesso em 2025.
IBGE. Nomes no Brasil. Base de dados de registros civis. Acesso em 2025.