“O sol é para todos ou poesia não tem hora”. Esse foi o tema da mesa redonda com a atriz, poeta, escritora e cantora, Elisa Lucinda, neste domingo (8), último dia da 12ª Bienal do Livro de Campos que, durante nove dias, lotou as ependências do Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop). A convidada abriu sua apresentação com música colombiana, depois bate papo regado a muita poesia, terminando com a música “Palavras ao vento, de Cássia Eller.
A todo momento a plateia interagia com a atriz, fazendo perguntas e pedindo para que reclamasse poesias, a maioria delas com motivações tiradas do cotidiano da poeta, muitas resgatadas da memória do tempo de criança, convivências e vivências com sua vó, mãe, pai, professores, entre outros que até hoje ainda a inspira.
Ao ser perguntada de onde vem tanta poesia, Elisa Lucinda respondeu declamando: “Há muito tempo atrás, na época dos grandes programas de televisão, como Hebe Camargo, Angélica, entre outros, as pessoas me chamavam para cantar, mas eu queria era falar poesia, mas nunca tinha oportunidade. A poesia tem um problema de entrega, falam mal da poesia, porque muitas vezes é muito mal declamada e o pessoal acaba não entendendo. E eu queria uma oportunidade para desmistificar isso. E um dia fui em um programa de TV e me perguntaram, de onde vem tanta poesia. Eu respondi declamando e aí as portas se abriram para a poesia”, explica a poeta.
Ao contar essa história, Elisa lembra de um ensinamento do seu pai que, serve para qualquer pessoa: “Sucesso é quando a oportunidade te encontra preparado”. Ela explica que para declamar o poema que queria no programa sobre gostar de poesia, ela se preparou bem antes, decorou o poema e o deixou guardado na memória, até surgir a tal oportunidade.
"Ainda estou aqui"
A jornalista Juliana Dal Piva e o crítico de cinema Marcelo Janot participaram do último debate da 12ª Bienal do Livro de Campos, na Arena Jovem. Mediada por Analice Martins, a mesa “Ainda Estou Aqui: A história do Brasil no cinema” destacou a importância do filme de Walter Salles, que venceu o Oscar na categoria Melhor Filme Internacional. A atividade foi prestigiada pela presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Fernanda Campos.
Grande nome do jornalismo investigativo, Juliana Dal Piva lançou, no começo deste ano, o livro “Crime sem castigo: Como os militares mataram Rubens Paiva”, apresentando detalhes das mais de quatro décadas de investigações sobre a prisão e morte do ex-deputado federal, ocorrida em 1971, chegando ao ano de 2014, quando cinco militares foram apontados pelo assassinato do político.
Antônio Filho
“Estamos falando de 434 mortes durante a ditadura militar brasileira, um verdadeiro absurdo. O filme nos mostra a luta de Eunice Paiva (1929-2018), mulher que viu seu marido sendo preso, sem nunca mais voltar para casa. Ela também sofreu com os horrores da prisão, por 12 dias, sendo interrogada”, destacou Juliana Dal Piva.
Marcelo Janot, crítico de cinema do jornal O Globo desde 2006, também analisou o filme de Walter Salles. “Estamos falando de uma obra que revela um drama familiar absurdo, que nos revela como a ditadura destruiu vidas e famílias. A ficção, dentro do contexto do relato contido no livro de Marcelo Rubens Paiva, encontrou o tom certo entre o filme-denúncia com forte subtexto político e o drama íntimo, sem recorrer ao sentimentalismo fácil”, avaliou.
Sobre o evento – Com o tema “Descobertas e reencontros”, a 12ª Bienal do Livro homenageia o cartunista Ziraldo (1932-2024). A feira tem a realização da Prefeitura de Campos, contando com os patrocínios da Ferroport e da Ecourbis – Vital Engenharia, por meio da Lei Rouanet, Ministério da Cultura e Governo Federal. O evento tem a organização da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL); da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct); e Secretaria de Turismo.