Sim! Precisamos saber que eles, elas, nós... ainda estamos aqui.

O cinema brasileiro é, sempre foi, uma arte respeitada e que, principalmente, respeita a nossa história, exaltando nossas raízes, invadindo nossos porões, caminhando por nossos labirintos, cheirando a flor de laranjeira e dores.

Dores têm cheiro e precisam ser desnudadas, mostradas sem dó, para que sejam diminuídas, perdoadas, mas nunca esquecidas, para que não se repitam.

Ainda estou aqui, película recheada de grandes atores e atrizes, elegantemente dirigida por Walter Salles, que decidiu levar às telas a história de Rubens Paiva, tão bem contada, em livro, por seu filho Marcelo Rubens Paiva, é sucesso, no mundo todo.

Eunice é a mãe da família, aquela que nunca mediu esforços para encontrar o seu marido, tragado pela ditadura militar.

Fernanda Torres e Selton Mello brilhantemente emprestam suas emoções para os personagens Rubens Paiva e Eunice.

Não vamos contar a história do filme para vocês. Assistam! Reflitam!

A ditadura militar não pode ser revisitada e perdoada por aqueles que não conhecem a história deste país.

Os porões da tortura não podem ser reabertos. Nenhuma chave deve ser encontrada. Nenhuma barbaridade deve ser esquecida. Por ideias, não se morre, vive-se!

Que o filme abra muitas portas para as discussões sobre um tempo que não deveria ter existido. Quantas famílias perderam seus entes queridos? Quantos lutos se eternizam por não ter sido possível enterrar os mortos amados? Quantas lágrimas pelos mortos encontrados?

A obra tem recebido muitos prêmios merecidos e caminhou concorrendo ao Oscar de melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz, tendo feito história ganhando como Melhor Filme Internacional o primeiro Oscar para o Brasil.

Vamos torcer para que a justiça seja feita, sempre! Vamos insistir em contar essa triste história, porque há sobreviventes, há tristezas, mas há esperanças também.

Ninguém que exaltar a ditadura e os torturadores será perdoado. Por quê? Porque ainda estamos aqui, firmes e fortes!

Parabéns Brasil que leva para o mundo a reflexão de liberdade/escravidão? Amor/ódio? Democracia/ ditadura?, num momento em que o mundo, que não viveu a dor da ditadura, mas passando por um momento histórico preocupante pode avaliar e aprender com nosso povo resiliente e vencedor.

Viva Eunice Paiva! Viva Fernanda Torres e Fernanda Montenegro!

Viva Walter Salles!

Viva a cultura brasileira!

A cultura que se torna arte e a arte que influencia a cultura.

* Professora, ex-vereadora e ex-secretária de Educação de Campos