Depois de quatro meses, HFM volta a ter leitos específicos para Covid-19
19/01/2022 19:07 - Atualizado em 20/01/2022 16:58
“A gente chegou a passar quatro meses aqui sem leitos específicos para pacientes Covid, até mesmo porque, como o nosso CTI é um CTI com 24 quartos isolados, na necessidade de algum paciente que chegasse aqui testando positivo, eu teria como isolá-lo no CTI, naquele quarto específico. Mas, o problema é que, realmente, na última semana houve um aumento exponencial. A gente voltou a ter setores Covid aqui. De sábado para cá, a gente abriu 10 leitos, os 10 leitos já estão cheios. Temos pacientes no CTI, e temos previsão de, nos próximos dias, termos que abrir o nosso setor de Covid enfermaria que a gente tinha no andar”. A afirmação é do neurocirurgião Arthur Souza, superintendente do Hospital Ferreira Machado (HFM) e vice-presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), em entrevista nessa quarta-feira (19) ao Folha no Ar, da Folha FM 98,3.
Arthur observou, ainda, que a princípio a maior parte dos pacientes são assintomáticos ou oligossintomáticos. No caso dos internados no HFM, todos chegaram para realização de outros procedimentos e só quando testados foi descobertos que estavam com o vírus. O único caso em CTI trata-se de um paciente que já deveria ficar em isolamento, porque chegou à unidade com quadro de tuberculose, sendo descoberto, depois, a infecção também pela Covid. “Ontem, a gente recebeu do HGG um paciente tuberculoso. Ao chegar, fizemos o teste e deu positivo para Covid. Onde a gente isola um paciente tuberculoso, que seria na tisiologia, e com Covid, que seria lá embaixo, no setor de Covid? Então, a gente acaba tendo que pegar um leito de CTI para colocar o paciente lá, porque é um paciente que necessita de um duplo isolamento. A gente está tentando novamente se adaptar. Mas, o que a gente tem notado, hoje, é um aumento exponencial”.
Essa adaptação também atinge o corpo clínico da unidade. “Nesse sábado agora, eu fui dar plantão à noite. Vim dar plantão por um simples motivos: a gente tem dois neurocirurgiões de plantão no sábado, e os dois estavam positivos para Covid. Um estava sintomático, não veio dar o plantão, e a outra veio dar o plantão, no meio do plantão se sentiu mal, fez o Swab e deu positivo. Isso tem acontecido com uma certa frequência. A gente liberou ela, e eu vim dar o plantão. E, nesse plantão, eu atendi um paciente que teve traumatismo craniano, e um outro de acidente de moto, com traumatismo na perna. Não sentiam nada, mas os dois estavam positivos (para Covid). Então, são pacientes que eu não posso liberar”, salientou o superintendente do HFM.
Arthur ressaltou que, devido ao avanço da vacinação, os quadros são praticamente todos leves. Ele defendeu a imunização em massa e também das crianças de 5 a 11 anos. O médico ainda relatou o aumento de testes positivos na cidade. “Hoje (terça) eu tive informação de que, no dia de ontem, em um laboratório de Campos, a taxa de positividade dos testes feitos estava em 72%. A cada 10 que faziam, sete estavam positivos. Então, a gente tem, realmente, uma pandemia muito grande, mas com o vírus potencialmente com letalidade muito menor. Porém, para a rede de saúde, isso é um desespero. Imagina se em algum momento a gente tiver 70% dos pacientes do hospital com Covid. Eu vou ter que inverter: começar a isolar os 30% que não tiverem Covid. Então, vai ser um desafio a gente lidar com esse momento novo da pandemia, porque hoje a necessidade não é dos direitos de tratamento, e sim dos direitos de isolamento”.
Confira a íntegra da entrevista:
 
 

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    Arnaldo Neto

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