Governo Bolsonaro vive movimentação explosiva em dia de denúncias
Dora Paula Paes 26/06/2021 08:10 - Atualizado em 26/06/2021 08:52
Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro / Divulgação - Presidência da República
A CPI da Covid e o resultado da pesquisa que projeta corrida eleitoral em 2022 movimentaram o Congresso e o Planalto nesta sexta-feira (25). Para o cientista político Vitor Peixoto, a temperatura política está em vias de fundir o governo. “Baixa popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), movimento de rua se iniciando e CPI mantendo a pressão com escândalo de corrupção são elementos explosivos”, analisa.
Os números do Instituto Ipec (ex-Ibope) foram divulgados ainda na madrugada. Nela, o ex-presidente Lula (PT) aparece com 49% das intenções de voto contra 23% do presidente Bolsonaro (sem partido).
O levantamento considerou, ainda, outros três pré-candidatos ao Palácio do Planalto: Ciro Gomes (PDT) com 7%, João Doria (PSDB) com 5% e Luiz Henrique Mandetta (DEM) com 3%. Os votos brancos e nulos correspondem a 10% das intenções e não sabem ou não responderam, 3%. O levantamento foi feito entre os dias 17 e 21 de junho e ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios. A margem de erro é de 2 pontos para mais e para menos.
Antes de mostrar os números de intenção de votos, o Ipec divulgou avaliação do governo Bolsonaro, tendo como base a pesquisa de fevereiro. Com resposta entre ótimo e bom, o percentual foi de 24% (era 28% em fevereiro). Por outro lado subiu para 49% a parcela da população que considera o governo ruim e péssimo esse percentual era de 39% na sondagem anterior. O presidente, por sua vez, manteve a postura de artilharia e voltou a atacar jornalista mais uma vez.
“Governo Bolsonaro perdeu absolutamente o controle do país e está em uma situação de quase de insustentabilidade. Além da tragédia humanitária com mais de 510 mil mortos, o Brasil patina economicamente com altíssimo desemprego, perda de poder de compra, inflação descontrolada, à beira de um colapso do sistema de energia e com entraves por conta do atraso das vacinas.
O governo perdeu completamente suas únicas bandeiras: honestidade e combate à corrupção. Por ironia do destino foi abatido por membros da própria artilharia”, diz o analista político, após horas acompanhando depoimentos da CPI da Covid, em dia tenso.
Compra da Covaxin chega ao líder do governo
Na Comissão, Luis Miranda afirmou que o presidente Jair Bolsonaro fez referência ao líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ao ouvir denúncias de irregularidades na compra da vacina Covaxin. Barros é líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados desde agosto e foi ministro da Saúde de 2016 a 2018, durante o governo Temer.
A conversa entre os dois aconteceu no dia 20 de março deste ano no Palácio da Alvorada, de acordo com o parlamentar. Ao relatar o encontro, em um primeiro momento, Luis Miranda omitiu o nome de Ricardo Barros.
“O presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: ‘Isso é grave’. Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome para mim, dizendo: ‘Isso é coisa de fulano’. E falou: ‘Vou acionar o Diretor-Geral da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave”, disse o deputado nesta sexta.
Durante horas, senadores pressionaram o parlamentar a dizer o nome citado por Bolsonaro. Até que ele revelou. Ricardo Barros se defendeu. “Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. ‘Não sou esse parlamentar citado’ (sic). A investigação provará isso”, escreveu em suas redes sociais.
Aliados e ex-aliados estão no olho do furacão
Aliados do governo Bolsonaro e ex-aliados estão dando o que falar na mídia. O deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) continua preso. A prisão ocorreu na quinta-feira (24), emPetrópolis, pordesrespeitar o uso de tornozeleira eletrônica porcerca de 30 vezes. Ele já havia sido preso em fevereiro por ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Desde março cumpria prisão domiciliar. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, apedido da Procuradoria-Geral da República(PGR).
 
 
O clima também não é dos melhores na PGR. Uma semana após apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral uma ação que previa uma multa a Bolsonaro por propaganda eleitoral antecipada, o vice-procurador geral Renato Brill de Góes pediu dispensa do cargo.O comunicado feito ao procurador-geral da República, Augusto Aras, foi divulgado também na quinta-feira. O desligamento seria por motivos pessoais e a sua saída oficial deve acontecer no mês que vem.
 
 
Góes entrou com uma ação no TSE para que Bolsonaro fosse punido por ter exibido uma camiseta com a mensagem “É melhor Jair se acostumando. Bolsonaro 2022”, durante evento de entrega de títulos de propriedade em Marabá, no Pará.
 
 
Em outro movimento, agora, nos corredores da Justiça, o ministroGilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou o então juizSergio Morosuspeito em mais dois processos relacionados ao ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. A decisão vale para os processos relacionados a umsítio em Atibaia(SP) e a supostas vantagens indevidas envolvendo imóveis em São Paulo, como o Instituto Lula. Com a decisão,os dois processos terão de recomeçar do zero, e as provas não poderão ser aproveitadas.
 
 

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