Com 100% de ocupação em UTI, Campos terá comércio fechado e toque de recolher
Ícaro Abreu Barbosa 19/03/2021 11:42 - Atualizado em 19/03/2021 19:43
Reunião do Gabinete de Crise
Reunião do Gabinete de Crise / Ícaro Abreu Barbosa
O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PSD), anunciou nesta sexta-feira (19) que o município está com 100% de ocupação dos leitos de UTI. Ele informou, ainda, que 13 adultos e quatro crianças estão aguardando na fila de espera por uma vaga. Por conta do avanço da doença, o Gabinete de Crise definiu, nesta sexta-feira (19), que o comércio não essencial será fechado totalmente e os serviços considerados essenciais terão redução no horário de funcionamento. As novas regras, publicadas no Diário Oficial do município nesta tarde, passam a valer a partir da 0h deste sábado (20) e, inicialmente, seguem até o próximo dia 28 de março. Medidas restritivas mais severas foram defendidas e a implantação em Campos antecipada pelo médico infectologista Nélio Artiles em entrevista ao programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, nessa quarta-feira (17), reproduzida no blog Opiniões. 
O vice-prefeito de Campos, Frederico Paes, comentou sobre a a atual situação. "Infelizmente é uma medida extremamente penosa para o Poder Público tomar, o prefeito Wladimir tem a plena consciência da situação que o comércio vai sofrer. Quando a gente fala de comércio, é todo segmento. Mas, surpreendentemente, de dois dias nós saimos de uma posição que não dá para dizer que era confortável, mas era menos pior que tava em torno de 65% e 70% de ocupação de leitos. Até ontem (quinta) à noite, até as 18h, ainda tinha 15 leitos disponíveis de UTI, só que o leito clínico cresceu muito durante a semana. O que isso nos mostra? Raramente, a pessoa entra pelo leito de UTI. Ela entra pelo leito clínico e, posteriormente, pode vim precisar de uma UTI. Então, o volume de pessoas internadas no leito clínico estava crescendo e a gente já ia tomar medidas restritivas hoje (sexta). De qualquer forma, as medidas seriam endurecidas. Quando foi por volta das 23h (de quinta), nós recebemos ligações dos diretores dos hospitais, inclusive falei com os diretores do Beda e Unimed, e me confirmaram que estava com 100% dos leitos ocupados. Fizemos contato com todos os diretores de hospitais que têm leitos contratualizados pela Prefeitura e também fomos informados que estavam com 100% de ocupação. E o pior, ontem à noite com seis pessoas esperando já por leitos. Então, houve uma explosão de casos em dois dias", disse.
Ainda de acordo com Frederico, as entidade ligadas ao comércio de Campos entenderam as medidas. "A palavra lockdown é questão de semântica, mas vai ser fechado o comércio a partir de amanhã (sábado) por sugestão dele, do próprio comércio. Acic, Carjopa e CDL. Eu fiquei muito, eu diria, feliz pela posição dos comerciantes de Campos. Eles entenderam, nós mostramos os números e não houve qualquer tipo de hexitação por parte das entidades que representam o comércio, quando eles viram a situação que nós nos encontramos", pontuou.
O vice-prefeito mencionou que essa explosão de casos também foi potencializada pela variante do coronavírus, que circula na cidade. "A certeza que Dr. Charbell (subsecretário de Atenção Básica, Vigilância Sanitária e Promoção em Saúde) tem que isso já é efeito da nova variante do coronavírus, que é muito mais transmissível e agressiva. Então, não tínhamos outra alternativa. Ontem à noite o prefeito ligou para o governador pedindo apoio para tentar conseguir mais respiradores. Hoje estamos empenhados em comprar, a qualquer preço", comentou. 
Frederico Paes falou ainda sobre a possibilidade da situação do Noroeste Fluminense, que também está em estado crítico por conta do aumento da Covid-19, refletir em Campos: "Tem outro problema grave que o Noroeste Fluminense também está numa situação pior ainda do que a gente e os leitos de Covid são regulados pelo Estado. Então hoje, por exemplo, estamos tentando viabilizar abertura de pelo menos cinco leitos no HGG, por isso que a gente não vai poder mexer no HGG agora, e cinco no Plantadores de Cana. Só que assim que abrirmos esses leitos, o Estado pode regular pacientes de outros municípios para cá".  
O subsecretário de Saúde de Campos, Paulo Hirano, falou sobre o colapso na saúde. "O que acontece é que nas últimas 24 horas, a nossa cidade atingiu sua capacidade máxima de receber os pacientes principalmente nas unidades de terapia intensa. Nós até ontem pela manhã tínhamos vaga, durante o dia de ontem foram chegando pacientes e mais pacientes, e hoje nós temos 13 pacientes na fila de espera da UTI. Ou seja colapsou o sistema. As unidades privadas também estão com 100% de ocupação. Por que que isso aconteceu? Porque neste momento nós estamos tendo um pico muito grande de doentes contaminados. Então a transmissão na nossa cidade se potencializou nos últimos dias. Quando chegamos num momento em quem não temos mais a capacidade de atender a todos de forma adequada, se chama o colapso", afirmou.
A promotora de Justiça Maristela Naurath também participou da reunião do Gabinete de Crise. "Hoje participamos de uma reunião na qual a Prefeitura apresentou a atual situação dos leitos do município, das pessoas em UTI e em enfermaria, e a própria Prefeitura admitiu que a saúde pública municipal está caótica, inclusive a privada. Ou seja, não há onde buscar leitos de UTI, onde requisitar os leitos, para onde regular essas pessoas. Então é uma situação bastante caótica. Então a recomendação é de que realmente a administração pública tome uma decisão para restringir a circulação de pessoas, para que esse vírus possa cessar um pouco essa velocidade de contaminação, e que a gente possa dar uma assistência a essas pessoas. Os munícipes precisam de assistência", disse.
 

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