Se Campos já teve oposição, não tem mais
Doces ou travessuras?
Doces ou travessuras?
A democracia é o único sistema que permite existir a oposição. Tiranias e ditaduras embora não a permitam, possuem governos — inclusive eleitos. Ora, ter uma oposição atuante e responsável define a existência de uma democracia, inegavelmente. Claro, outros tantos elementos a fundamentam, mas, a simples existência de um governo eleito democraticamente não garante que vivamos em um regime democrático. É preciso o contraponto, o contraditório, o controle, a participação popular, a proteção dos mais vulneráveis e a garantia de direitos difusos.
Sim, as maiorias precisam ser formadas para governar. Os poderes executivo e legislativo devem ser harmônicos — está lá na Constituição —, mas obrigatoriamente independentes. Quando temos uma Câmara de Vereadores submissa, quem perde é o povo. Um vereador recebe um mandato, que lhe foi concedido pelo voto. Deve representar interesses públicos, não de seu grupo político. E possui, ainda, duas funções primeiras: legislar e fiscalizar.
Campos deu um voto de confiança ao atual prefeito Wladimir Garotinho. Esperava-se que ele tivesse um modo próprio de governar, e tivesse a coragem de romper com aquele garotismo danoso, populista e demagógico. Precisa dar provas disso, principalmente depois dos últimos acontecimentos. 
Votar a toque de caixa o Decreto Legislativo 17/2021, que anulou a decisão da legislatura anterior que reprovou as contas da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Pros), como recomendou o Tribunal de Contas do Estado (TCE), não recai somente sobre o prefeito; mas principalmente sobre os vereadores. Não mostra apenas subserviência, denota cumplicidade.
Caso o prefeito não tenha atuado como artífice dessa decisão, deveria impedi-la. Daria um recado a quem acha que ele irá (ou iria) se render ao fisiologismo político de seus genitores. Repito: quem define a existência de uma democracia é a oposição. Wladimir deveria ser o primeiro a desejá-la.
Democracia Goytacá 
Campos embora se mostre como uma cidade politizada em certo sentido — embora nutra um conservadorismo atrasado, distante da melhor concepção do termo —, pouco teve de uma oposição atuante e responsável. Depois das últimas eleições algumas esperanças surgiram, como a professora Natália e Bruno Calil, mas a disputa ficou entre Garotinho e Arnaldo. Aliás, onde mora Caio Vianna? Mais de 110 mil pessoas que deram seu voto a ele no segundo turno devem (re)fazer esta pergunta. 
O garoto Caio não merece outra chance em Campos, por se confirmar o que já se achava dele e por não ter responsabilidade com a democracia goytacá. Existir oposição é fundamental, mas uma que seja minimamente responsável.   

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    Edmundo Siqueira

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