Negligência em Travessão: jovem relata abusos e falta de assistência em hospital
03/05/2020 20:20 - Atualizado em 04/05/2020 00:26
Publicação nas redes sociais revoltou a população e revela as consequências da precariedade da saúde em Campos
SupCom / PMCG
Nos últimos dias uma publicação no facebook chamou atenção da população de Travessão.
A última sexta-feira era véspera do aniversário de 19 anos de Fabiely Moraes, estudante do curso de direito na FDC e moradora do distrito de Travessão, mas pode-se dizer que foi um verdadeiro pesadelo.
A jovem que faz acompanhamento médico para tratamento de depressão e ansiedade, males que afetam uma parcela cada vez mais significativa da juventude, procurou assistência na unidade pré-hospitalar de Travessão após acordar com um quadro de dispneia (falta de ar) e taquicardia.
Fabiely queria entender porque seus medicamentos não estariam surtindo efeito naquele dia. Algo que numa consulta simples poderia ser esclarecido por qualquer médico de plantão.
Mas não foi o que aconteceu. A jovem enfrentou uma verdadeira via crucis em busca de atendimento na unidade que revelou o descaso, a negligência, falta de estrutura e profissionalismo, consequência direta do maior abandono histórico da saúde no município de Campos.
Como também morador do 7º distrito e autor deste blog, logo fui procurado por alguns amigos que me trouxeram o relato angustiante de Fabiely, para auxiliar na repercussão do caso e na busca por providências e reparações.
Ao adentrar a unidade, a jovem não conseguiu passar sequer pela fase de triagem. Mesmo com aparente desconforto ocasionado pela falta de ar e pela taquicardia, necessitou aguardar longos minutos enquanto a responsável por avaliar a gravidade dos casos estava ao telefone.
Após passar pela triagem, já apresentando piora no quadro, foi encaminhada para registrar sua ficha de entrada na unidade e, mais uma vez, necessitou aguardar longos minutos enquanto alguém procurava a profissional responsável por esta etapa que, ao chegar, agiu de forma abusiva com a jovem, a esta hora já apresentando um quadro ainda mais grave. 
Já se seguia quase 1 hora desde sua entrada.
Ao buscar contato com a chefia do hospital, Fabiely registrou o ápice da crise que estava enfrentando. Foi insultada por um médico que, indo contra qualquer princípio básico de ética médica, se negou a atendê-la pois, ao buscar explicar para a chefe do hospital tudo que estava enfrentando, estaria "mais preocupada em bater boca", nas palavras do médico.
A todo momento os profissionais trataram o caso da jovem com descaso, como alguém que estivesse querendo chamar ou atenção ou fazer escândalo, sem levar em consideração a gravidade dos quadros relacionados à saúde mental.
Somente com o intenso agravamento do quadro e ao entenderem a seriedade da situação, encaminharam a jovem, em estado de choque, para um consultório, que neste momento já não conseguiria sequer sair de lá sozinha e precisou entrar em contato com sua família e namorado.
Como se não bastasse toda humilhação enfrentada, o hospital ainda tentou impedir o acesso de uma das familiares de Fabiely, também profissional da área da saúde e que havia identificado e apontado toda negligência da unidade.
O caso desta jovem é apenas mais um diante dezenas de outros relatos que recebemos com frequência sobre o hospital de Travessão e tantos outros que são silenciados. Resultado do abandono da saúde em Campos, que já vem de longa data mas intensificado durante o governo Rafael Diniz, da falta de estrutura, salários e a infeliz consequência da ausência de profissionalismo. Fabiely teve a coragem de se expor para garantir a repercussão do caso e, de alguma forma, colaborar para que casos assim não se tornem tão frequentes.
A ausência de médicos, estrutura e medicamentos, os salários constantemente atrasados e a negligência com diversos pacientes são resultado de uma crise sem precedentes, que penaliza cada vez mais o povo.
A partir desta semana este blog assume a tarefa de concentrar informações a respeito de situações similares que estejam ocorrendo na saúde de Campos, em especial de Travessão. Casos que muitas vezes são silenciados e permitem a continuidade de um ciclo que afeta diretamente a vida de pessoas que necessitam da saúde publica. As denúncias podem ser enviadas para o email: [email protected]
A publicação original de Fabiely pode ser conferida no link a seguir:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Gilberto Gomes

    [email protected]