Sair do vermelho e entrar o novo ano com o nome limpo na praça é o objetivo da maioria dos brasileiros. Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), quase 90% consumidores pretendem usar o dinheiro extra do 13º salário para quitar dívidas. De acordo com o levantamento, 87% dos entrevistados darão este destino aos recursos. “Isto demonstra que a redução da atividade econômica, desemprego maior, taxas de juros elevadas aumentaram o endividamento dos consumidores”, diz a entidade em nota. Em Campos, a situação não é muito diferente. Nas ruas da principal cidade da planície, há quem diga que vá usar o dinheiro para as tradicionais compras de fim de ano, reservar para uma viagem, investir em obras, mas a meta é sair do vermelho com o dinheiro extra.

Há dez anos, a fatia dos entrevistados que pretendiam usar o 13º para pagar dívidas era de 64%. Com tantos brasileiros usando o dinheiro para pagar dívidas, os gastos com presentes de fim de ano devem ser menores. Só 5% dos entrevistados disseram que pretendem usar parte do 13º para comprar presentes. Outros 2% pretendem usar o dinheiro para pagar as despesas de começo de ano, enquanto outros 2% pretendem poupar parte do que deverá sobrar.

Entre as dívidas que os brasileiros pretendem pagar com o 13º, as principais são aquelas com cheque especial (45%), cartão de crédito (49%) e financiamento bancário em atraso (3%). Já os principais presentes que devem receber os recursos são roupas (64%), bens diversos (55%), celulares (53%) e brinquedos (36%).

As principais dívidas que os brasileiros pretendem pagar com o valor são aquelas com cheque especial (45%), cartão de crédito (49%) e financiamento bancário em atraso (3%).

Ainda segundo o levantamento, 1% quer usar parte dos recursos para compra e reforma da casa, enquanto 3% já receberam parte ou todo o 13º ao longo do ano, ou fizeram empréstimos em antecipação. A pesquisa foi realizada junto a 1.130 consumidores de todas as classes sociais durante o mês de outubro.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), Orlando Portugal, aposta que a massa de consumidores disposta a limpar o seu nome vai permitir a reabertura do crédito.

— Com o pagamento dessas pendências, o consumidor vai reabrir o crédito. Com o nome limpo, vai comprar mais e isso vai ser positivo. Tenho uma boa expectativa não apenas pelo 13º salário, mas também a liberação dos saques do PIS e do FGTS vai ajudar muito. Vai sobrar um bom dinheirinho para o comércio — analisou.

Portugal acrescenta que a CDL tem registrado boa movimentação de consumidores em busca da quitação das dívidas.

— Este é um processo constante na CDL, com maior intensidade neste fim de ano. São mui-tos os que estão nos procurando para uma consulta para, com SPC e o Serasa, buscar um acordo, negociar os débitos com credores e limpar seu nome — declarou.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Campos, Roberto Viana, a pesquisa reflete o endividamento das famílias que ainda trará impactos no comércio.

— Infelizmente, a realidade é essa. A maior parte vai pagar dívidas e com isso sobra menos recursos em circulação para as compras. O comércio precisa desovar seus estoques no fim do ano. Por mais que façamos ações e promoções há um quantitativo enorme de desemprega-dos, de pessoas trabalhando na informalidade. Eu sou otimista, mas precisamos sair da inércia, parar de reclamar e criar soluções para sairmos deste marasmo. Precisamos investir na agricultura — comentou.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Leonardo Castro de Abreu, acredita na forte tradição de natal e o espírito das famílias para as compras neste final de ano.

— Neste período de recessão que o país vem enfrentando nos últimos anos, boa parte dos brasileiros usam o dinheiro do 13º salário para sanar as dívidas antigas. Vai buscar começar o novo ano, no caso 2020, com as finanças equilibradas, já que neste primeiro trimestre é normal despesas extras como IPTU, IPVA, matrícula escolar, compra de material escolar, entre outras despesas. Mas acredito que muitos ainda, vão às compras de Natal, que é uma tradição e mexe com o espírito natalino das famílias, que acabam se unindo para confraternizarem e dividir as despesas — disse Leonardo Castro de Abreu, que estima um aumento 5% a 10% nas vendas deste fim de ano no comércio campista.

LIMPAR O NOME — “Sem dúvidas, vou colocar as minhas contas em dia. Limpar o nome é meu objetivo. Quero entrar o Ano Novo com o nome limpo”.

Paulo César, 57, gari

VIAGEM — “Minha intenção é guardar o dinheiro. Caso apareça alguma viagem, para um lugar que eu queira conhecer, já vou ter um dinheiro reservado ”.

Karina Gomes, 26 anos, atendente

OBRA — “Quero realizar uma meta que é um investimento na minha casa, em Guarus. Fazer a parte de cima com meu 13º salário. Não tenho mais o que fazer com ele, não”.

Marcos Vinícios, 26, operador de áudio

CASA PRÓPRIA — “Quero realizar um sonho de vários anos com esse dinheiro extra. Quando receber meu 13º salário, eu vou começar a minha obra, fazer a minha casa.

Fiama de Freitas, 25, vendedora

NATAL — “Vou comprar um presentinho para os meus filhos e tentar fazer alguma coisa pra ceia de Natal. Está difícil para gastar. Temos que economizar para o ano que vem ficar bom.”

Cosme Inocense, 34, serviços gerais