Gildo Henrique lançará livro na Bienal do Rio
30/08/2019 18:13 - Atualizado em 09/09/2019 14:01
Divulgação
Na próxima quinta-feira (05), o autor campista Gildo Henrique lançará seu segundo livro durante a Bienal Internacional do Rio de Janeiro, realizada no Riocentro. Trata-se do romance regional “Zé Amaro — Canaviais do tempo”, que tem como cenário a Baixada Campista. O lançamento está marcado para as 15h30, no estande da Autografia Editora (R32, no Pavilhão Verde). Em Campos, será apresentado ao público dia 20 de setembro, às 19h, no foyer da Câmara Municipal, e no Festival Doces Palavras, adiado para novembro. Também está previsto um lançamento em Maceió/AL, no dia 27 de outubro.
— O romance, dividido em três partes, conta a história de um herói trágico moderno em meio a conflitos os mais diversos, a partir de um ambiente em que todos se conhecem estreitamente, cujas narrativas revelam-se ora surpreendentes, ora repletas de individualidades tão comuns do ser humano. A metalinguagem, que surge em consequência da própria história do personagem-título, é carregada em poucas tintas nas entrelinhas e desvelada aos mais atentos durante o texto — afirmou Gildo Henrique, que começou a escrever os perfis dos personagens em janeiro do ano passado, durante o período de veraneio no Farol de São Thomé, e concluiu a obra em junho deste ano. A versão final, encurtada a pedido da editora, tem 264 páginas em papel offset, no formato 16x23cm. A apresentação do livro é assinada pelo professor e jornalista Orávio de Campos Soares.
Na obra, um menino nasce “desenganado pelos médicos”, e uma rezadeira sugere que os pais façam uma promessa a Santo Amaro. Após o menino abrir os olhos, os familiares descobrem que ele é loiro e tem olhos verdes, cor que não é a mesma em nenhum dos familiares. A partir daí, uma série de episódios acontece com o núcleo principal da história (em duas casas vizinhas do povoado), ao mesmo tempo em que personagens locais transitam pelo mesmo cenário com suas histórias paralelas: segredo, morte, assassinato, ciúme, traição, vingança, estupro, pedofilia, suicídio, homossexualidade, loucura, covardia, medo, traquinagem infantil, rito de passagem para a adolescência, mistério e desespero, tudo isso em meio a paixões desenfreadas. A história abrange o período de 1956 a 1986.
— Esse é o tempo de sofrimento, paixão e criação artística e literária do personagem, sempre carregando a imagem lírica dos pendões coloridos dos canaviais durante esse percurso, embora seja ele próprio uma recriação do herói trágico grego. Nas tragédia gregas, o herói é conduzido inexoravelmente para o seu fim por desígnios de deuses. No romance, é o destino que o conduz — afirmou o autor. — Quando escolhi o período da história entre as décadas de 1950 e 1980, foi porque quis abranger não só o tempo que provocou a decadência da atividade açucareira em nossa região, mas também porque houve a intenção de aproveitar o que minha memória guarda daqueles 30 anos que vivi com intensidade entre o interior e a cidade. Vi fronteiras serem rompidas ao se traçar a nova topografia do lugar inserido na geografia que provocou grande êxodo para a vida urbana, com forte influência da modernidade que trouxe mudanças no modus vivendi — acrescentou.
A obra conta com aproximadamente 115 personagens, alguns agrupados em núcleos da trama e outros avulsos, como ambulantes e comerciantes, além da citação de alguns filhos destes. Os personagens residem em Tócos, distrito de naturalidade do autor, embora alguns sejam de outros lugares. Durante o romance, há muitas cenas em Ponta Grossa dos Fidalgos, Goiaba, São Martinho, Barra do Furado, Farol de São Thomé, Baixa Grande, Mussurepe, Goitacazes e Santo Amaro. Apesar da regionalidade e de características vivas na memória do autor, a obra é totalmente ficcional.
— Não há conexão com a realidade em relação aos personagens. Claro que algumas personalidades da época em questão, muitos ainda vivos, como o professor Hélio Coelho, os jornalistas Silvia Salgado e Herbson Freitas, por exemplo, são citados como parte da mimese para dar suporte à mentira literária. Por exemplo: os franceses, donos da Usina Paraíso antes da gestão dos Coutinho, eram outras pessoas com outros nomes e outras histórias, conforme cito no prefácio do livro. Com relação a alguns eventos da cronologia histórica, procurei enquadrá-los na passagem do tempo para indicar a época exata ao leitor. Logo no primeiro capítulo, cito a eleição de Juscelino Kubitschek, por exemplo — contou. (M.B.) (A.N.)

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