História e cultura popular de Campos no Casarão do Sesc
Matheus Berriel 06/09/2019 14:25 - Atualizado em 16/09/2019 13:21
Genilson Pessanha
Inaugurado no final de junho, o Casarão do Sesc tem como seu primeiro grande atrativo a exposição “De portas abertas para a cultura”, homenageando diversos produtores culturais da cidade de Campos. Dentro da exposição é possível assistir a um documentário de uma hora, feito com depoimentos de importantes personalidades culturais campistas, além de ter contato com objetos e documentos históricos ligados à arte produzida na planície goitacá, como o texto original da peça “O Auto do Lavrador na Volta do Êxodo”, escrita em 1983 pelo jornalista e professor Orávio de Campos Soares. Prevista inicialmente apenas para o mês de agosto, a mostra foi estendida até o final de setembro, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, entre 8h e 21h, aos sábados e domingos, de 9h às 18h. Entrada gratuita.
— A gente percebeu que a população ainda desconhece um pouco o Casarão e a cultura popular do município. É uma forma de a gente dar continuidade a esse resgate da cultura popular. Em setembro, a gente também quer fazer outras ações, como palestras com os envolvidos nesse documentário que originou a exposição. Convidaremos os depoentes para estarem aqui fazendo um encerramento, uma mesa de debate. A gente achou tão importante o tema dessa exposição que decidiu expandir até setembro — disse a analista de cultura do Sesc Campos, Graziela Escocard.
Dirigido e roteirizado por Guilherme Freytas, o documentário conta com depoimentos de Neusinha da Hora, Vera Lúcia da Hora, Joclebio Valerio Ferreira (Peixinho), Miguel Henrique de Carvalho, Geneci Maria da Penha (Noinha), maestro Ricardo de Azevedo, Winston Churchill Rangel, Silvio Dias Feydit, Anderson Ribeiro (Andinho Ide), Silvio Grego, Antônio Carlos Machado (Beijinho) e Orávio de Campos Soares.
Na exposição em si, houve curadoria coletiva encabeçada pelo pesquisador Glauber Rabelo Matias, doutor em sociologia política. Integraram a equipe consultiva a professora e produtora cultural Deise Cassiano, o artista plástico e pesquisador Genilson Soares, a atriz, bailarina e animadora cultural Neusimar da Hora, a professora e musicista Karina Gomes e o jornalista, professor e pesquisador Vitor Menezes. Há objetos ligados às bandas musicais da cidade, ao jongo, à Mana-chica e à capoeira. O projeto busca valorizar ainda produções nas áreas do teatro, da dança, música, das artes visuais e da literatura.
O novo centro cultural e de convivência do Sesc Campos fica na rua Gil de Góis, 392, no Centro, e é ligado à sede da unidade, esta com entrada pela avenida Alberto Torres, 397.
História — Quem visitar o Sesc também pode conferir a exposição “Nosso passado, nossa história”, alusiva ao desenvolvimento de Campos. Trata-se de uma linha do tempo iniciada em 1500, a partir da chegada dos portugueses ao Brasil, com menções até os dias atuais, passando pela criação da freguesia de Campos, o reconhecimento da Vila de São Salvador, até a criação do Complexo do Porto do Açu, em São João da Barra, importante para toda a região.
— Eu achei importante. É uma exposição a longo prazo, para o pessoal passar por aqui, conhecer o casarão. Essa parte cultural vai ser a galeria de arte do Sesc. E conhecer um pouquinho da sua história. Os textos são do professor (Aristides Arthur) Soffiati, e a gente também teve a contribuição do Genilson Soares para as imagens, a iconografia — mencionou Graziela Escocard.
A exposição inclui imagens da Fazenda do Beco em 1961, da Estação Ferroviária do Sacco em 1910, do Solar do Colégio por volta de 1940, da Praça 4 Jornadas com seu chafariz belga e das Usinas Santo Antônio e São João. Há ainda no local, entre a sede do Sesc Campos e o Casarão, um grande tacho do século XX, utilizado para fabricar melado e açúcar mascavo.
— Fui para uma história econômica: o papel da cana, o papel de outras culturas, do gado, da escravidão... Comecei lá pelo século XVI, quando houve pouca coisa por aqui, e fui avançando até o século XX — disse Aristides Soffiati sobre as menções históricas a Campos presentes nos textos explicativos da exposição.
Genilson Pessanha

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