Reforma e projetos para 2019
Aluysio Abreu Barbosa 24/03/2019 08:53 - Atualizado em 26/03/2019 14:23
Retorno do cartão cooperação (antigo Cheque Cidadão), reabertura do Centro de Segurança Alimentar e Nutricional (antigo Restaurante Popular), inauguração do novo Hospital São José e instalação do prontuário digital individualizado no atendimento da Saúde Pública municipal. Estas são as principais propostas para Campos, todas para implementação em 2019, dos novos secretários municipais de Desenvolvimento Humano e Social e de Saúde, respectivamente Marcão Gomes e Abdu Neme (ambos do PR). Dois experientes ex-vereadores, eles entraram no governo neste começo de ano para cumprirem o que o prefeito Rafael Diniz (PPS) disse em entrevista à Folha, publicada em 30 de dezembro, quando fez o balanço da metade da sua gestão e anunciou: “é hora de avançar politicamente”.
Várias mudanças, numa reforma administrativa na Prefeitura de Campos, foram publicadas na última quinta (21) no Diário Oficial (DO). Entre elas, a nomeação de Abdu não só como secretário de Saúde, como também presidente da Fundação Municipal de Saúde. Marcão já havia sido nomeado desde 15 de fevereiro. Esta semana, o prefeito Rafael falou sobre mudanças de rumo e os reforços que seu governo ganhou da Câmara Municipal:
— Quando assumimos (em 2017), sem que o governo anterior (de Rosinha Garotinho) fizesse a transição, encontramos o caos administrativo e uma dívida de R$ 2,4 bilhões. Para tentar reconstruir uma cidade arruinada, nossa opção foi por um quadro técnico. Mas percebemos na sociedade um anseio por uma atuação mais política do governo. E isso é bom, até porque permitirá até que o trabalho técnico apareça. Neste contexto, Marcão e Abdu, como vereadores de expressão, trazem uma contribuição importante ao governo.
Antes mesmo de assumir a secretaria de Desenvolvimento Humano e Social, Marcão já havia adiantado à coluna Ponto Final seu principal objetivo: aproximar o governo das 60 mil famílias de Campos em estado de vulnerabilidade. Esta semana ele projetou as maneiras práticas de fazer isso: até o primeiro semestre, a previsão é de que o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional vai estar funcionando, enquanto o cartão cooperação está programado para retornar já no início do segundo semestre.
— O antigo Restaurante Popular era um projeto estadual que Rosinha fez convênio para absorver. O Centro de Segurança Alimentar e Nutricional será um programa verdadeiramente municipal, criado com critério social para alimentar pessoas que realmente precisam. O cartão cooperação também vai voltar. Já estamos empenhados no estudo da disponibilidade orçamentária e do processo licitatório — explicou Marcão.
Ao acumular a secretaria de Saúde e a presidência da Fundação Municipal de Saúde, o médico Abdu Neme diz ter recebido “carta branca” de Rafael para tentar melhorar uma das áreas que mais geram queixa dos campistas, desde governos passados. Para isso, ele promete instalar dentro de 30 dias o prontuário digital de cada paciente atendido na saúde pública de Campos. No mesmo prazo, pretende também entregar o novo Hospital São José (HSJ). Fruto de um projeto seu como vereador, é um pleito antigo da Baixada Campista e outra promessa que se arrasta desde o governo Rosinha.
A partir da sua nomeação na quinta, Abdu passou a correr os corredores dos hospitais públicos da cidade, na busca do diferencial de humanização que pretende instalar na sua pasta. Na próxima semana serão publicadas no DO alterações de pessoal nos hospitais Ferreira Machado (HFM) e Geral de Guarus (HGG). Este passará a ser dirigido pelo médico e ex-vereador Dante Pinto Lucas. Outro objetivo do novo secretário é agilizar e desburocratizar a compra de insumos, sobretudo de remédios, além de implantar o Hemocentro Regional, cuja verba já foi disponibilizada através de emenda parlamentar do ex-deputado federal Paulo Feijó (PR).
— A Saúde Pública de Campos e o próprio governo têm que sair da zona de conforto. E vamos trabalhar 20 horas por dia para que dê certo. Temos ouvido críticas ao prefeito, mas qual administrador público no Brasil não está desgastado? Desde que assumiu, há menos de três meses, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já perdeu 15 pontos de aprovação popular, segundo a última pesquisa Ibope. Rafael pegou uma situação muito difícil. Não gosto de fazer previsões, mas se começarmos a acertar e o Brasil sair desse marasmo político e econômico, tenho certeza de que teremos um resultado excelente nas eleições de 2020 — analisou Abdu.
Edson: “Não caminho com Wladimir de jeito nenhum”
“Com Wladimir (Garotinho, do PSD) eu não vou caminhar de jeito nenhum”. A declaração forte foi feita por aquele que, há 30 anos, foi considerado um dos mais fiéis aliados de Anthony Garotinho (sem partido): o médico e ex-vereador Edson Batista, presidente municipal do PTB. Apesar das críticas que recebeu do ex-governador após sua aproximação política com o governo Rafael, Edson continua se referindo a Garotinho como “comandante”:
— Garotinho e Rosinha são líderes. Os dois têm história, biografia e minha admiração. Mas o fato é que estão alijados do processo eleitoral por oito anos. A opção que sobrou ao grupo (na eleição a prefeito de 2020) foi Wladimir. Ele não tem história e biografia para ser candidato. Com Wladimir eu não vou caminhar de jeito nenhum.
A distensão de Edson com Wladimir, diante da inelegibilidade do casal Garotinho, é antiga. Mas nunca foi externada de maneira tão clara pelo ex-presidente da Câmara de Campos. Ele cita mais dois motivos para sua aproximação com o grupo político de Rafael: a retomada de projetos populares como o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional e o cartão cooperação. Além disso, os dois vereadores do PTB de Campos, Neném e Ivan Machado, já estão na base do governo, o que facilitaria a aliança política para 2020. Edson revelou que terá uma conversa pessoal com o prefeito, nesta semana, para “ver os desdobramentos disso”.
Além de Edson, outro garotista que foi bastante citado nas redes sociais no correr da última semana, por também estar se aproximando do grupo político do prefeito, é Paulo Hirano (PR). Também médico, ele foi o combativo líder da situação na Câmara Municipal durante o governo Rosinha. Seu contato foi com Abdu Neme, antes do carnaval, quando o vereador já tinha recebido o convite para assumir a Saúde e trocou ideias com o colega sobre o setor.
A possibilidade de Hirano integrar o governo Rafael seria mais na área médica que política. E dependeria de uma segunda conversa, que Abdu confirmou estar em sua pauta, tão logo tome pé da situação da secretaria de Saúde:
— Fiquei afastado da política nos últimos dois anos. Conversei com Abdu sobre modelos de saúde e dei sugestões. Uma segunda conversa, antes de qualquer decisão, teria que ser, além do secretário, com o prefeito — pontuou o ex-líder do governo Rosinha.
“Desejo sorte para quem está indo, porque vai precisar”
“Desejo sorte a quem estiver saindo do nosso grupo para o de Rafael, porque eles vão precisar”. Foi com ironia que o deputado federal Wladimir Garotinho reagiu à possibilidade dos (ex-)garotistas Edson Batista e Paulo Hirano se aliarem ao prefeito de Campos, cargo que ele almeja para si na eleição de 2020.
Para o filho do casal Garotinho, política é feita de ciclos: “Alguns pensam que o ciclo deles se encerrou no nosso grupo e estão buscando outros caminhos”. Wladimir diz que sempre lutou pela renovação no grupo político do pai, mas sempre respeitou a história de cada um — a mesma história que Edson entende que o deputado não tem para ser prefeito.
Wladimir negou que ele tenha sido o motivo para o ex-presidente da Câmara Municipal sair do grupo dos Garotinho. Muito embora Edson deixe bem claro que a eventual candidatura a prefeito do filho do “comandante” seja um dos motivos para sua aproximação com o grupo de Rafael. O deputado entende que o prefeito vai tentar politizar sua gestão para se aproximar do povo. “Mas acho pouco provável que consiga”, opinou.
 
 
 
 

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