Soffiati lança livro
Celso Cordeiro Filho 22/03/2019 18:20 - Atualizado em 03/04/2019 17:25
Soffiati lançará livro no Museu
Soffiati lançará livro no Museu / Crédito: Genilson Pessanha
O professor e historiador ambiental Aristides Soffiati lança, na sexta-feira (29), às 18h, no Museu Histórico de Campos, o livro “A planície do norte do Rio de Janeiro antes e durante a ocidentalização do mundo” que reúne três ensaios. Este é o seu vigésimo segundo e pretende lançar mais dois ainda este ano. “Para tanto, preciso ter mais vida para poder escrever mais”, brincou. As novas publicações versarão sobre o século XVI na região norte-fluminense e as espécies (vegetais/animais) exóticas introduzidas na área.
A primeira parte do livro “A planície no norte do Rio de Janeiro antes e durante a ocidentalização do mundo” mostra as transformações naturais e sociais de planície dos Goytacazes. Sua formação geológica se processou nos últimos cinco mil anos, originando um pantanal correspondente a 1/5 do território da Holanda. Mostram-se também as características originais da baixada, sua vegetação nativa e o povoamento por nações indígenas.
“No século XVI, só houve a tentativa de Pero de Gois de instalar uma colônia europeia na região, que fazia parte da capitania de São Tomé. Ela se materializou no curso final do rio Itabapoana. Durou poucos anos e representou apenas um arranhão superficial na região. A colonização por pessoas de origem europeia só começou de forma contínua em 1632, com os Sete Capitães. Há quem defenda que seu início ocorreu em 1622, com pescadores de Cabo Frio que fundaram São João da Barra. É certo que existia um povoado de tipo ocidental na foz do rio Macaé, em 1612”, explica Aristides.
Assegura, ainda, que a colonização iniciou-se com o gado. Logo depois, entrou a cana. “O grande problema para a economia agropecuária eram as áreas alagadas e alagáveis. Os jesuítas foram os grandes responsáveis pela drenagem das águas das chuvas para o mar por Barra do Furado. A região começou a ser incorporada à colônia do Brasil e ao império colonial português. Não podemos nunca perder de vista a tripla relação região-Brasil-Europa. Do contrário, não entenderemos a história regional. Não escrevo uma história bairrista. Não exalto as grandezas da região. Procuro apenas explicar o desenvolvimento histórico dela”, disse.
Com a expulsão dos Jesuítas, em 1759, a região ficou quase abandonada quanto à drenagem. Ela volta a merecer atenção no século XIX, com a abertura de canais de navegação, com as ferrovias e com a modernização da indústria sucroalcooleira. “Impõe-se, então, a necessidade de incorporar terras para a cana e o gado. A fronteira agropecuária se expande com a drenagem de lagoas. Aqui, destaco o papel do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), que transformou profundamente o espaço da baixada. Finalmente, traço um pequeno quadro da situação da região com o fim do DNOS”, acrescentou.
No segundo ensaio, ele delineia, em linhas gerais, a longa transformação da baixada úmida em terras que sofrem hoje problemas com o déficit hídrico: “Se, no passado, reclamávamos do excesso de água, hoje reclamamos de sua escassez”. Finalmente, no terceiro ensaio, procura analisar o mito que se criou em torno do DNOS como instituição salvadora da região.
O livro foi publicado pela Editora Autografia. Escrito em linguagem acessível, Aristides deseja atender professores e alunos do segundo segmento do ensino fundamental e a todas as séries do ensino médio, podendo ser também utilizado no ensino universitário. O prefácio foi redigido pela geógrafa Adriana Filgueira, da UFF/Campos. “O mais importante é sempre contribuir para o conhecimento e para o debate de ideias”, completou Aristides Soffiati.

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