Morre o músico campista Lolô Alves Gusmão
Jhonattan Reis e Matheus Berriel 22/08/2018 14:10 - Atualizado em 23/08/2018 18:34
Lolô Gusmão
Lolô Gusmão / Reprodução
O músico campista José Aloysio Alves Gusmão, mais conhecido como Lolô, de 61 anos, morreu na madrugada desta quarta-feira (22), em Campos. Exames no Instituto Médico Legal (IML) apontaram que o falecimento foi devido a uma pneumonia. De acordo com familiares e amigos, Lolô morreu em casa. Desde as primeiras horas da manhã desta quarta, diversas pessoas, entre artistas, jornalistas, familiares e admiradores, lamentaram a morte do músico. O velório de Lolô acontece na Capela Nossa Senhora da Conceição, no distrito de Travessão. O sepultamento está marcado para as 9h desta quinta-feira (23), no cemitério do distrito.
Sobrinha de Lolô, Suane Gusmão explicou que o músico foi diagnosticado com pneumonia no último domingo (19).
— Mas ele preferiu não ficar internado e foi pra casa. Hoje de manhãzinha, a gente foi levar café da manhã e remédios para ele, que já havia falecido. Lolô provavelmente sofreu um infarto durante a madrugada — contou.
Suane foi uma das diversas pessoas que falou sobre o quanto Lolô era uma pessoa querida e um excelente músico.
— Era um homem muito atencioso e de quem todos gostavam. Lolô sempre foi guerreiro, muito presente e dedicado quanto à família e amigos. Sua carreira como músico, que é hereditária, já que seu pai também era músico, era muito reconhecida em Campos. Ele, que vivia de música há muito tempo, tem muitos admiradores — relatou.
Amigo de Lolô há mais de 40 anos, o bombeiro militar e músico Marco Antônio, o popular “Careca”, falou sobre o talento musical e o convívio com o “amigo de verdade da velha guarda”, com quem tocava junto toda semana, sempre estava junto:
— Eu o conheci quando ainda era estudante da Escola Técnica Federal, com 17 anos. Ele já tocava e eu estava começando a aprender violão. De lá para cá, ficamos amigos, sempre nos encontrando, sempre juntos. Nos últimos anos, estávamos tocando juntos semanalmente. Foi uma surpresa muito grande. Eu toquei para ele na quinta passada, porque ele estava gripado e havia me pedido, e já tinha combinado para tocar amanhã, no bar que ele tocava, no Alphaville.
Presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC) e fotógrafo Wellington Cordeiro também contou que é amigo de longa data de Lolô e lamentou o acontecido. “Estou muito abalado. É um ‘irmãozão’ que eu tinha. Sempre acompanhava ele nas noites. Lolô era um ótimo músico, com uma característica própria, um diferencial. Tocava uma MPB de qualidade, com uma voz que encantava todo mundo. Além de um excepcional músico, era um ser humano extraordinário e, por isso, conquistou muitos amigos. É uma grande perda para a cidade”.
Outro parceiro de longa data do Lolô, o cantor França lembrou que tocavam juntos toda semana e que ele era um cara que cantava “Gonzaguinha como ninguém” e “sempre presente na vida profissional e pessoal dos amigos”:
— Vai fazer uma falta enorme. Era uma pessoa sempre presente, que nunca deixou de dar um telefonema a um amigo para perguntar como está. Não tenho nem como lembrar um momento específico, porque a emoção está batendo forte, mas foram muitos. Há um ano, perdemos Eros Lopes Raphael Junior, que era amigo nosso. Depois, morreu Roberto, que era o dono da Toca dos Amigos, o Joca Muylaert e, agora, o Lolô. É uma sequência muito pesada para a gente.
O músico Fábio Lopes também lamentou a morte do amigo, de quem guarda boas lembranças. “Musicista e amigo de primeira qualidade. Conheço Lolô há muito tempo, somos ‘irmãos de corda’. Um ícone que vai fazer muita falta a nós, músicos, e as noites de Campos. Quando eu não estava tocando, procurava o som do Lolô, uma pessoa carismática com seu jeito calmo e inteligente de se expressar. Sentiremos muita sua falta”, disse.
O professor e músico Hélio Coelho usou seu perfil na rede social Facebook para lamentar a morte de quem considera um “cantor, violonista e intérprete de fina sensibilidade”, além de um “pai exemplar, um bravo e autêntico Guerreiro Goytacá (mais um em tão pouco tempo)”. Hélio ainda lembrou mais uma morte no mundo artístico nesta semana: “Mensagem enviada pelas ondas da Rádio Estrela Mais Brilhante informa que os Músicos &Cantores Celestiais estão em grande atividade e em festa na Porta do Céu: ontem (quarta-feira) recebendo José Barbosa e hoje tocando e cantando para receber Lolô”.
Jornalista e músico, Aloysio Balbi também relatou a amizade com Lolô em seu perfil em uma rede social:
— Conheci o músico Lolô pelos bares da vida que já não a tem, quase sempre acompanhado de suas duas paixões: o violão e a filha. Tocava a vida e tocava de tudo, até que a morte o tocou. Não foi de tocaia, mas me recuso aceitar que fora uma morte natural. Ele tocava em troca do pão de cada noite. E cantava como quem busca o caminho que vai dar no sol... e que certamente deu no céu.
Já o jornalista Cilênio Tavares classificou Lolô como um dos melhores cantores da noite de Campos “e um camarada pra lá de bacana”. “Lolô Alves Gusmão permitia que a gente mantivesse um bom papo, fosse onde fosse, ouvindo música de qualidade, sem agredir nossos ouvidos. Isso sem falar no repertório refinado. Que siga na paz”.
Primo de Lolô e também músico, Giovanni Gusmão lamentou a morte de “uma das pessoas mais queridas e próximas”:
— Antes de saber tocar alguma coisa no violão, ele quem me ensinou a afinar o instrumento num dia em que foi nos visitar em minha casa em 1982. Desde então nos aproximamos mais e mais, tanto que falávamos um com o outro toda semana e quando eu ia a Campos, a primeira pessoa que eu ligava era ele para saber onde estaria tocando para fazermos um som juntos, não importando onde. Que Deus abrace com carinho divino onde quer que esteja agora.
Wagner Moura, músico, falou da generosidade de Lolô: “A primeira mão que se estendeu a mim no meio musical em Campos foi a do meu queridíssimo amigo Lolô Alves Gusmão. Parceiro de muitas e inúmeras noites e noitadas. Vá em paz, meu amigo. Descanse. Você merece todas as boas palavras e intenções do mundo! Fica com Deus!”.
O jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação da Folha da Manhã, lembrou que há pelo menos 20 ou 30 anos encontrava com Lolô, sempre tocando, cantando na noite campista:
— Era um camarada muito gentil, educado. Nosso contato se estreitou porque ele era um dos músicos mais frequentes na Toca dos Amigos, do Roberto, que também faleceu neste ano. Eu ia muito e ele estava quase sempre ali, conversávamos e tal. Não posso dizer que nos tornamos amigos íntimos porque nunca frequentamos a casa um do outro, mas éramos ‘camaradas em armas’ da noite campista em alguns anos. Vai fazer muita falta. Este ano está sendo marcado por muitas perdas. Do mesmo reduto da Toca dos Amigos, primeiro foi o Roberto, depois o Joca, que era frequentador, e agora o Lolô, que era um dos músicos mais assíduos. O Yve, também, ator, que não frequentava tanto quanto nós, mas ia. Lolô era um cara muito tranquilo, um mestre zen. Inclusive, como músico também era assim. Muito suave na maneira de tocar e cantar, e também como pessoa. 

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