Festa de São Fidélis mantém tradição
Matheus Berriel 23/04/2018 16:22 - Atualizado em 25/04/2018 17:30
Matheus Berriel
Termina nesta terça-feira (24) a tradicional Festa do Padroeiro, em São Fidélis. A data comemorativa, 24 de abril, lembra a morte do alemão São Fidélis de Sigmaringa, em 1622. Às 18h, o bispo da Diocese de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, e o bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, Dom Fernando Arêas Rifan, vão celebrar uma missa em frente à Igreja Matriz, na praça Guilherme Tito de Azevedo. Em seguida, às 19h, haverá uma procissão, seguida pelo show católico da cantora Eliana Ribeiro.
Beatificado em 1729, pelo papa Bento XIII, e canonizado em 1746, pelo papa Bento XIV, São Fidélis tem uma história de perseverança na fé. Nascido no dia 1º de outubro, em Sigmaringa, na Alemanha, seu nome de batismo era Marcos. Mas, aos 35 anos, entrou para a ordem dos frades capuchinhos em Friburgo, na Suiça, passando a ser chamado pelo nome religioso de Fidélis (do latim fidelis, “fiel). E foi justamente a fidelidade a principal marca de sua trajetória.
Devido à sua capacidade intelectual e devoção religiosa, São Fidélis ganhou notoriedade e confiança na Igreja, tendo sido convocado para combater o calvinismo, movimento protestante visto como “heresia”. Desta forma, passou a ser perseguido pelos calvinistas, embora sempre demonstrasse resistência com sua fé. Segundo a história, o frade capuchinho foi morto de forma brutal, depois de ter celebrado uma missa, na qual havia feito um sermão motivacional sobre a obediência à Santa Sé. Antes da morte, disse que perdoava seus assassinos.
— Temos que situar esse santo no processo da Reforma Católica, no século XVI. São Fidélis foi um capuchinho que defendeu a fé, nessa dimensão missionária tão querida hoje pelo Papa Francisco, e morreu mártir. O cercaram e mataram. Era um momento de desencontro entre os cristãos. Nesse aspecto do martírio dele, é estranho compreender que um cristão seja martirizado por outro. Mas, ele manteve íntegra a fé, é o que importa. Num sinal de mansidão e de vitalidade, perdoou quem o assassinou. Temos que destacar em São Fidélis esse desejo de santidade. Como capuchinho, ele tratava de levar aquela ordem religiosa, que estava se renovando no século XVI, a um patamar de evidência — explicou Dom Roberto Francisco Ferrería Paz.
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Outro ponto que marcou a vida de São Fidélis foi o olhar para os mais necessitados. Ainda na juventude, enquanto fazia faculdade, em Friburgo, recebeu o apelido de “advogado dos pobres”, pois prestava serviços advogatícios gratuitamente aos que não tinham condições de pagar. Até hoje, além de “advogado dos pobres”, o santo também é lembrado como “pastor justo e sábio”.
— Ele era muito voltado para o povo. Os capuchinhos, daquele momento e de hoje, são todos missionários. Na cidade de São Fidélis, os capuchinhos tiveram uma grande missão com os índios. Ainda hoje, sabe-se que os capuchinhos, junto aos salesianos e jesuítas, são os que mais trataram de evangelizar e salvar os indígenas. Por isso, naquela região os capuchinhos o colocaram como padroeiro da cidade de São Fidélis. Resumindo: falamos de São Fidélis, primeiro, pela importância na Reforma Católica, no desejo de que as ordens religiosas voltassem à sua pureza e seu carisma original; segundo, por sua missionariedade, numa atitude de evangelizar as pessoas que ainda não conheciam a Cristo; e terceiro, pela sua fidelidade em apresentar a doutrina, a fé, e ser capaz de mover por ela, como de fato fez — destacou Dom Roberto.
Para o bispo da Diocese de Campos, a Festa de São Fidélis é um evento de destaque da Igreja Matriz, uma das principais da região devido à sua beleza e história, não apenas pela tradição, mas também pelo que representa em si.
— A Festa do Padroeiro é um momento de avivar a devoção popular, a piedade popular, que mostram índices muito altos ainda de catolicidade. É uma forma de reanimar essa fé, torná-la explícita. As novenas, por exemplo, sempre têm conteúdos que possibilitam às pessoas a renovação da fé, especialmente com o capital espiritual que significa o padroeiro. Para uma comunidade, uma cidade paroquial, como é São Fidélis, o padroeiro representa um jeito, um caminho de seguir a Cristo, os valores de como nós podemos alcançar a santidade. Nesses tempos tão difíceis para o povo brasileiro, devemos acreditar, ter esperança e fundamentalmente renovar a ética na política. Os santos mostram que é possível não contaminar-se, não corromper-se, que é possível gerar uma cidade humana, mais justa, mais fraterna — finalizou.

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