"O Martírio de Joana d'Arc"
Jhonattan Reis 22/08/2017 16:41 - Atualizado em 24/08/2017 15:39
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O Martírio de Joana dENTITY_apos_ENTITYArc / Divulgação
O Cineclube Goitacá exibe, nesta quarta-feira (23), o longa-metragem francês “O Martírio de Joana d’Arc” (La Passion de Jeanne d’Arc, 1928), do diretor dinamarquês Carl Theodor Dreyer. Quem apresenta a obra é o professor e crítico de cinema Aristides Soffiati. A sessão tem início às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — localizado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
Na trama, a jovem camponesa Joana D’Arc (Maria Falconetti) é condenada à morte por ter liderado o povo francês contra o exército invasor inglês, dizendo que foi inspirada por Jesus e São Miguel. Em suas últimas horas de vida, ela é capturada pelos ingleses, levada à prisão, torturada e vai a julgamento por heresia. Por fim, é executada. Durante todo esse tempo, Joana d’Arc sofre por causa das acusações e, também, devido ao abandono da Igreja Católica e dos seus compatriotas franceses.
Soffiati tem trazido aos cineclubistas obras dos anos 1920. Depois de apresentar um documentário e um documentário dramatizado da década de 1920, o objetivo é trazer, desta vez, um drama.
— Quando pensei em um drama dessa década, logo lembrei de “O Martírio de Joana d’Arc”. É um filme que é considerado um clássico. Nas minhas próximas exibições no Cineclube, continuarei trazendo filmes dos anos 1920 e de vários outros gêneros, como ficção cientifica, terror e terror dramatizado. Outro objetivo é apresentar obras de vários países. Isso para mostrar que cinema não era só feito na Europa e nos Estados Unidos, mas também na Índia, Japão, Colômbia, México e em muitos outros lugares.
O apresentador da noite destacou a direção de Dreyer.
— Em todo filme dele, ele procura equilibrar forma e conteúdo, procura identificar o que filmar e como filmar. Com “O Martírio de Joana d’Arc” não foi diferente. Este diretor fez um trabalho primoroso. É o filme mais conhecido de Dreyer. Ele filmou este trabalho com muito rigor nos detalhes.
Aristides relatou, ainda:
— A obra é muito fiel ao inquérito de Joana d’Arc. Segundo críticos, é o filme que melhor retrata o julgamento de Joana d’Arc, e concordo com isso. Também há muita subjetividade. O diretor coloca Joana, que será condenada à morte, sempre olhando para cima, porque em cima estão os julgadores. Essa característica dá uma sensação de inferioridade à personagem.
A primeira vez que Soffiati viu “O Martírio de Joana d’Arc” foi nos anos 1970.
— Eu estava fazendo um curso de pós-graduação em História Moderna e Contemporânea em Belo Horizonte, Minas Gerais. Lembro que vi o anuncio deste filme num jornal carioca, informando que ele seria exibido no Rio de Janeiro. Eu iria voltar para Campos próximo àquela data. Lembro que passei no Rio de Janeiro só para ver o filme, depois vim para Campos — disse ele, que comparou as formas de ver cinema naquela época e nos tempos atuais.
— Fiz aquele esforço todo para assistir a “O Martírio de Joana d’Arc” porque naqueles tempos a gente só podia contar com cinema para ver filmes. Não tinha fitas, DVD e muito menos computador. E o interessante é que havia uma dedicação especial em relação ao filme durante a sessão, porque todos tinham a consciência de que só poderiam ver ali e naquele momento. Não era possível voltar. Talvez por isso as pessoas hoje em dia não têm tanta atenção ao que assistem. Se você perder, você pode voltar, então muitas vezes não há uma atenção completa.
Antes de “O Martírio de Joana d’Arc”, Aristides Soffiati exibirá o curta-metragem “Viagem à Lua” (Le Voyage dans la Lune, 1902), de Georges Méliès. “É a primeira ficção científica da história do cinema”, relatou.

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