Josiane Morumbi: 'Política precisa estar na voz das mulheres'
Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 08/03/2025 08:38
Josiane Morumbi no Folha no Ar
Josiane Morumbi no Folha no Ar / Divulgação
A ex-vereadora e atual subsecretária de Políticas para Mulheres de Campos, Josiane Morumbi, participou do programa Folha no Ar, dessa sexta-feira (7), que foi dedicado ao Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (8). Entre outros assuntos, Josiane falou sobre o papel da mulher na política e afirmou que o assunto precisa estar na voz delas, pois elas precisam ser empoderadas, inclusive na política, para lutar por seus direitos. A ex-vereadora também falou sobre sua campanha nas eleições de 2024, a terceira disputa vivenciada por ela, e classificou como sua pior campanha em relação ao número de votos que obteve, 790 no total. Ela também analisou a gestão do prefeito Wladimir Garotinho (PP) e falou sobre reforços nos dispositivos de combate à violência contra a mulher, como a ronda Maria da Penha e a criação da Casa da Mulher Campista.
Empoderamento — “Acho que a gente precisa empoderar mais as mulheres. Enquanto a gente estiver empoderando mais essas mulheres, elas vão poder responder por si mesmas. Porque hoje a mulher acha que a política não a pertence. E na hora de votar, isso não é um diálogo diário com a mulher, ela falar de política, ela saber o que que está acontecendo. Eu falo assim na grande maioria. E aí na hora dela sair para votar, ela vai acompanhar o seu marido, o seu pai, um irmão, um vizinho que pediu. E acaba não acompanhando a política mesmo do que está acontecendo no dia a dia. Porque tudo na vida da gente é política. Até determinações na escola de um filho dela, a professora foi eleita ou foi escolhida? A diretora foi eleita ou foi escolhida? É o uniforme está chegando ou não está. Tudo isso é política, então a mulher precisa se envolver, saber dos seus reais direitos. Então acho que a política precisa estar na voz das mulheres, no cotidiano das mulheres”.

Eleição 2024 — “Eu vivi a terceira campanha. É bom a gente lembrar que eu não nasci nesse meio. Eu enxerguei que tinha habilidade para essa área. A convite de uma pessoa, acabei assumindo esse desafio. Deu certo na primeira vez, já tive a segunda campanha que a gente ficou como suplente, mas não conseguimos assumir. E essa terceira campanha, em questão de votos foi a pior campanha minha. E a gente acaba se autoquestionando porque de ter sido essa campanha tão ruim em relação à questão de votos, o resultado de voto”.

Perfil de gestora x política — “Acho que eu fui gestora, porque acaba que você é muito gestora, você se envolve muito na pasta e eu tive pouco tempo para poder olhar a questão política. E acaba que a gente tem uma responsabilidade muito grande e ter assumido uma pasta tão relevante, porque a pasta é nova. Então a gente teve que não construir tudo, mas a gente enxergar o que já existia, porque isso é muito importante a gente falar que outras mulheres vieram antes da gente e já existia um movimento. Por exemplo, a Deam foi por um movimento da sociedade civil que ela foi criada na época. Então existia alguns movimentos, mas esses movimentos eram muito separados, paralelos, enfim. E a gente acabou tentando unificar o que já existia e propor outras políticas que eram importantes, como a criação também junto com a Subsecretaria, o do Ceam, que também era um desejo muito grande. Porque principalmente para nossa grande parceira, vamos botar assim que é a Deam, é o órgão que mais nos encaminha diariamente as mulheres. Era um desejo antigo de doutora Ana Paula, que estava lá desde o início da Deam, porque sabia o quanto que esse complemento do nosso atendimento era importante”.

Reconhecimento — “Observo que às vezes o trabalho não é reconhecido em questão de votos. Existe também muito essa questão. Infelizmente, a população, ainda grande parte dela, não entendeu o verdadeiro significado da política e acaba se vendendo, infelizmente. E também observei que a gente teve um movimento maior de mobilização de outras mulheres. Então, assim, pode ser que a gente teve aí Natália, que teve um número muito relevante, parabenizá-la pelo número de votos que ela teve. Esse resultado é muito importante. Mas a gente observa também que nessa última eleição, várias outras mulheres tiveram votos muito significantes. Uma quantidade de votos, por exemplo, de 700, 800 e de mil votos, e que a gente não via em outras eleições. Então várias mulheres de vários partidos. Acho que quase todos os partidos tiveram mulheres que realmente fizeram de fato um número relevante de votos, coisa que antigamente a gente não observava”.

Mulher x homem na política — “Existe uma diferença muito grande. Uma mulher propor uma lei, ela sente com a alma, com amor, de querer que aquilo realmente se torne uma realidade. O homem até tem, porque muitos vereadores, por exemplo, tem assessoras mulheres e propõe várias legislações. Mas às vezes não vive aquilo ali. Não é difícil a gente encontrar homens que são vereadores e que são violentos, que são agressores. Então não vive aquilo. Então é totalmente diferente. Você acaba projetando o que aquilo ali vai surgir para as novas gerações, você se coloca também, por exemplo, como mãe para um projeto ter vida. Então você se preocupa para questão materno-infantil”.

Representatividade — “Acho que a gente tem que começar a pensar de forma mais grandiosa. É 30% a cota. A gente tem que pensar numa cota 50 e 50. E até isso acontecer, eu acho que a gente precisa de um empurrão. Como? As mulheres mais bem votadas assumissem a cadeira na Câmara. Então, não fosse só para poder você montar uma nominata, os 30%. Mas sim de assumir cadeira, até que a gente consiga chegar no patamar dos homens. Como que a gente conseguiu avançar? Porque realmente sempre quem está no comando das decisões, quem bate o martelo, sempre é um homem. E se a gente não construir homens sensíveis a causa das mulheres, a gente não vai conseguir avançar. Porque a última palavra é deles”.

Gestão Wladimir — “Acho que o Wladimir é um gestor muito responsável, que coloca muita energia e amor ao que ele faz. Nasceu para aquilo. E ele é um cara com muita empatia. Ele é muito quisto aonde ele transita. E o resultado da gestão dele, a gente pegou uma cidade que estava no deserto. Ele conseguiu, não só ele, a equipe dele. Então ele foi muito sábio na hora de selecionar o time dele. E a maioria dos gestores também são figuras políticas, tem muita gente técnica, mas também tem muita gente política. Então que o ajudou em todos os quesitos para ele ter esse resultado, ele e o Fred (Frederico Paes). A gente não pode esquecer que ele também tem um vice muito forte, muito sagaz na área empresarial, na área de saúde também, que sempre foi um gargalo e foi uma falha muito grande ou uma necessidade muito grande de ser mexida e de ser melhorada era a área de saúde aqui em Campos. Porque por mais que você se empenhe, Campos é um município que acolhe outros municípios em questão de saúde”.

2026 — “É claro que ele vai se destacar com sendo um nome para 2026. Se for bom para ele e para o grupo, porque Wladimir pensa muito no grupo. Ele entende que precisa de um grupo forte para poder almejar o Governo do Estado. Ele é filho de dois ex-governadores, então também tem a experiência. Quando ele precisar tem ali um time forte também para poder tirar as dúvidas. Acho que ele tem muito a contribuir, se vir para disputar o Governo do Estado como vice ou como governador mesmo”.

Dia da Mulher — “A gente sempre tem o que comemorar os avanços. A gente não vai ser hipócrita e falar que não avançou. Tenho que comemorar, por exemplo, que hoje a gente tem uma Subsecretaria da Mulher, tem o Ceam criado, tem a Casa da Mulher Benta Pereira, que é um acolhimento que não é visto em outros estados. Então a gente tem sim a comemorar. A Sala Lilás do IML não foi oficialmente inaugurada, mas já está funcionando há meses, desde julho. Dentro do IML hoje a gente tem uma sala lilás para atender mulheres e meninas vítimas de violência, principalmente sexual, física. Enfim, atender as mulheres e meninas que são vítimas de violência. Por exemplo, a violência sexual era muito comum atender as mulheres aonde atende a população toda e passar do lado da mulher que está lá sendo atendida, ter um cadaver. Enfim, é uma sala separada. O nosso IML é um IML regional, então tem outros municípios também que são atendidos ali no IML. E a responsabilidade foi dividida, então isso é muito bacana. A Prefeitura de Campos montou, fez o projeto, entregou pronto à Secretaria de Saúde”.

Ronda Maria da Penha — “Em breve, a gente vai ter a nossa Guarda Municipal armada e junto com a nossa guarda armada, vai ter a ronda Maria da Penha. Uma viatura que, através de emenda parlamentar, conseguimos. Então vai ter a ronda Maria da Penha, que a nossa Guarda Municipal vai ajudar nessa rede de apoio à mulher. Eles já estão sendo, os agentes da Guarda, capacitados com a patrulha a nível estadual do Rio para poder montar esse programa aqui do município. Era um desejo nosso, as forças da segurança pública, ela mais atuante e mais fortalecida, a gente acaba trazendo essa proteção de modo total da população.

Reforço no Ceam — Para pegar essas pontas em Campos e abraçar junto com a viatura da Guarda Municipal para montar a ronda, a gente conseguiu uma emenda parlamentar que inicialmente é R$ 488 mil a R$ 500 mil e pouco. Teve um pregão em dezembro, mas ele foi infelizmente deserto. Não teve ninguém para poder alcançar, porque a gente tinha uma cotação das vans e ela tava um pouco defasada, porque junto com a viatura da Guarda, a gente vai comprar uma van para que possa fazer o Ceam Itinerante. Ao invés da gente ficar só localizado aqui no Centro, vai para essas outras áreas, até para ouvir essas mulheres, quais são as demandas, quais são as habilidades dessas mulheres, desses lugares, quais são os sonhos delas em relação à capacitação. O que que a gente pode fazer de parceria, com a Faetec, com IFF, para poder capacitar essas mulheres desses lugares mais longe”.

Alerta — “Uma mulher hoje que se separa e vai para tentativa de uma outra relação, tem que observar muito quem coloca dentro de casa. Não só quando tem menina ou menino, porque a gente fala muito de menina violentada, mas meninos também são violentados sexualmente falando. Então você tem que observar muito quem você bota no ambiente da sua casa, porque era para ser o lugar que fornecesse mais proteção. Acaba sendo um lugar de mais possibilidade de acontecer o que você não quer, que é um abuso de uma filha ou a sua violência mesmo. A gente tem que observar e isso é uma divulgação hoje. Antes de você se relacionar, procure saber dos antecedentes criminais. Quando que a gente achou que ia chegar a esse ponto”.

Casa da Mulher Campista — “A gente colocou no plano de governo de Wladimir para esse segundo governo dele a existência da Casa da Mulher Campista. E a gente ter essa Casa da Mulher Campista em Guarus, ter em Farol. Enfim, a gente não ter ações específicas só no verão, ter ações específicas durante o ano todo. Como tem algumas ações isoladas, por exemplo, o idoso hoje em Farol ele tem atividades o ano todo, porque tem o espaço lá do idoso em Farol. A gente ter também essa atuação do empoderamento, da capacitação, de treinamento com essas mulheres o ano todo. Porque, por exemplo, a gente sabe que no município de Campos existem áreas que são exploradas, mas podem ser exploradas muito mais, que é o artesanato através do barro, a cerâmica. Então a gente fazer parceria com a secretaria de Turismo e a secretaria da Cultura para que a gente possa trazer essa oportunidade através da cerâmica, igual a gente vê lá no Espírito Santo, vê a rota do lagarto. Então são as rotas hoteleiras. O desejo antigo meu ter o espaço do artesão em Campos, aonde elas possam vender, mas ter um endereço fixo, porque isso já existe até como projeto de lei, indicação legislativa. Foi na minha época, porque a gente produz, produz e na hora de você escoar essa produção, elas ficam às vezes ficam no shopping, ficam de forma itinerante, fica na praça São Salvador”.

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