Campos vive nova grande enchente
Dora Paula Paes - Atualizado em 12/01/2022 09:02
 
  • População ribeirinha em Campos deixa suas casas

    População ribeirinha em Campos deixa suas casas

Ao atingir a cota de 10,43 metros o rio Paraíba do Sul, em Campos, começou a colocar água pelos ralos em bairros, considerados áreas sensíveis para enchentes dessa magnitude, na tarde dessa terça-feira (11); a última neste patamar foi em 2007. Até a postagem dessa matéria, eram 17 famílias desalojadas e sete desabrigadas, segundo informou a Prefeitura. Em outros municípios do Norte e Noroeste Fluminense castigados por fortes chuvas e transbordo de rios, mais de 6,5 mil pessoas foram afetadas. A BR 356, no trecho entre Campos e Cardoso Moreira, também foi interditada nesta noite.
As famílias mais afetadas foram das comunidades da Coroa e Ilha do Cunha. As assistentes sociais da secretaria de Desenvolvimento Humano e Social conversaram com as pessoas e fizeram cadastros. Algumas foram encaminhadas para a casa de parentes e outras para o acolhimento montado no Centro Educacional 29 de Maio, na Pecuária, próximo às comunidades.
Kíssila Ribeiro, mãe de três filhos, é uma delas. Moradora da Ilha do Cunha, disse que sentiu um alívio quando o município dispôs de um local para ela ficar com os filhos. “É assustador assistir a água do rio subir e pensar que não tem para onde ir”, disse.
Diferente dela, durante todo o dia, o número de curiosos para assistir o rio caudaloso só cresceu. Bairros de Guarus, como Jardim Carioca, Parque Vicente Dias e Parque Prazeres foram os primeiros a receber pelos ralos. Um pouco antes, a Defesa Civil interditou a ponte João Barcelos Martins, a ponte de Ferro, para pedestres e ciclistas. Um trabalho de recuperação de um dique também foi iniciado na área do Parque Prazeres.
O prefeito Wladimir Garotinho e parte do seu secretariado acompanharam de perto, segundo ele, o trabalho iniciado desde o final de semana, com a grande intensidade de chuvas dos últimos dias e pela cheia do Paraíba.
Na segunda-feira (10) uma força-tarefa se juntou para precaver a localidade de Três Vendas de grande perigo.Devido à elevação do nível do rio Muriaé, a Defesa Civil, com o apoio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit) e da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), concluiu, o tamponamento da galeria celular à margem da BR 356 (Campos-Itaperuna). A medida foi adotada de forma preventiva, para que, caso o nível do Muriaé continue elevando, a água fique contida na área de pasto e não passe para a localidade sob a rodovia.
No mesmo dia, o rio Mocotó transbordou e cerca de 30 famílias estão isoladas na localidade de Mocotó, no distrito de Morangaba. Os moradores não conseguem deixar a localidade, porque as estradas de acesso estão tomadas por água.
No Estado - Defesa Civil Estadual não tem registro de ôbitos em decorrência da enchente. Municípios como Natividade e Bom Jesus de Itabapoana decretaram Situação de Emergência. Pela previsão do tempo, nesta quarta (12), pode ocorrer chuva moderada.
Em outros municípios do Norte e Noroeste Fluminense, o quadro da enchente é até pior do que o de Campos. São ruas e bairros inteiros tomados pelas águas, quando não da chuva e transbordo de rios por trombas d ‘água. Nesta terça-feira, mais de 6,5 mil pessoas foram afetadas pelas cheias dos rios Muriaé, Pomba, Itabapoana e Paraíba do Sul nas regiões.
Em Itaperuna, o nível do rio Muriaé chegou a atingir a cota de 5,38 m às 12h15; com tendência de estabilização. A cota de transbordamento é de 4 m. Ao todo, 2.194 moradores foram afetados, com pelo menos 16 desabrigados e 198 desalojados.
Mais de 6,5 mil pessoas com dificuldade no Norte e Noroeste
Em Italva, o Muriaé chegou aos 5,05 m às 12h desta terça, com 85 cm acima donível de transbordamento. A Defesa Civil contabiliza 1 mil pessoas afetadas, com 22desabrigadas e 62 desalojadas. A situação também é de emergência em Cardoso Moreira, onde a cota de transbordo é de 7,50 m, mas atingiu 9,04 m. No município, 1.067 pessoas foram afetadas, 130 estão desalojadas e 35 desabrigadas. Já em Bom Jesus do Itabapoana, o rio Itabapoana já deixou 30 famílias desabrigadas e outras112desalojadas.
Outro rio que nasce na Zona da Mata de Minas Gerais e afeta diretamente a região é o Carangola. Em Porciúncula, a medição das 14h desta terça-feira apontou 4,90 m, saindo da cota de transbordamento. Ao todo, 165 pessoas estão desabrigadas e 58 famílias estão desalojadas.
No outro extremo do Noroeste outros municípios passam pelo mesmo problema, com a população sendo afetada: Miracema, Santo Antônio de Pádua, Aperibé e Itaocara. Eles são banhados principalmente pelo Rio Pomba. Mas, nesta terça, Cambuci foi um dos mais afetados. A Defesa Civil de Cambuci contou 2.200 pessoas afetadas, 337 pessoas desalojadas e 16 pessoas desabrigadas. Em São Fidélis, o Paraíba chegou a 6,03m e ultrapassou a cota de transbordamento, que é de 5,70 m. Número de desabrigados ou desalojados não foi informado.
Nesta noite de terça, a Defesa Civil Estadual estava socorrendo população de São Francisco de Itabapoana. Na praia de Gargaú pelo menos 20 pessoas afetadas. Em São João da Barra, uma ação emergencial foi abrir banco de areia no Pontal para vazão do Paraíba.

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