O filme “O Agente Secreto” deu a Wagner Moura o prêmio de melhor ator do Festival de Cannes 2025, no sábado (24), haja vista que é a primeira vez na história que um ator brasileiro ganha o prêmio no festival. A melhor direção foi para o diretor do longa, Kleber Mendonça Filho. Moura não estava presente para receber o prêmio, já que cumpria agenda de gravação em Londres. Para o crítico da Folha da Manhã, Felipe Fernandes o cinema brasileiro vem ganhando espaço, mas ainda precisa ser valorizado nacionalmente.
A principal estatueta do festival, a Palma de Ouro, foi para o filme “A Simple Accident”, do diretor iraniano Jafar Panahi.
Já “O Agente Secreto”, ambientado nos anos 1970, conta a história de um professor universitário (papel de Wagner Moura) que volta para Recife para reencontrar o filho caçula, apesar do risco que ele corre em plena ditadura militar.
Quanto ao prêmio de Mendonça Filho, antes dele receber a premiação de melhor direção, troféu veio para o país através do diretor Glauber Rocha. Em 1969, Glauber, conquistou o troféu de melhor diretor por “O Dragão da Maldade”.
Wagner Moura não esteve presencialmente na premiação do Festival de Cannes 2025. No momento, ele estava em Londres, na Inglaterra, para a gravação de outro projeto.
Mas ele participou por meio do diretor Kleber, que fez uma ligação por vídeo com o ator durante a entrevista após a premiação e também subiu ao palco para receber o prêmio por Wagner. “Eu queria estar aí com todos vocês, mas estou aqui tomando uma taça de vinho em Londres, sozinho. Não poderia estar mais feliz”, disse o ator, na ligação para comemorar a vitória.
Ainda para o ator, “O Agente Secreto” aproxima os brasileiros “da sua cultura, dos seus artistas, depois de um tempo muito difícil em que artistas e cultura não só haviam perdido a importância no Brasil, como foram bastante difamados”, ressaltou posteriormente.
Destaque do cinema nacional
Ao comentar o feito de “O Agente Secreto”, o crítico de cinema da Folha da Manhã, Felipe Fernandes, lembra, neste momento de mais um prêmio, que o cinema nacional constantemente é reconhecido em festivais mundo afora, não é possível deixar de tecer uma crítica referente a valorização nacional do cinema produzido no Brasil.
- Um reconhecimento que muitas vezes falta aqui dentro. Mas desde o ano passado, o cinema brasileiro tem estado no topo das principais premiações e festivais ao redor do globo. Vide a inesquecível vitória de “Ainda estou aqui” no Oscar desse ano, que gerou um engajamento do grande público como a muito não se via - destaca.
Segundo Felipe, o Urso de Prata conquistado em Berlim, por “O Último Azul” de Gabriel Mascaro e agora os dois prêmios no Festival de Cannes para “O Agente Secreto” do pernambucano Kleber Mendonça Filho, mostram que o cinema brasileiro vive um grande momento, com produçõea diversas, que elevam nossa cultura e nossa história.
- Mas além das premiações nos grandes festivais, o cinema brasileiro vêm ganhando espaço em salas de cinema de outros países. “Ainda estou aqui” fez excelentes números ao redor do mundo no período pré-Oscar. Em Cannes, “O Agente Secreto” teve seus direitos de distribuição internacional comprados pela NEON, uma gigante, que venceu os últimos seis Festivais de Cannes e ganhou o Oscar de Melhor filme com “Anora” em 2025. Prova de reconhecimento da indústria que enxerga o cinema brasileiro como um expoente no mercado internacional - explica.
Ainda na avaliação do crítico, agora é preciso que o filme brasileiro chegue para o grande público, além dos grandes centros. “Esse reconhecimento dentro do país, junto ao reconhecimento internacional, pode fomentar uma indústria que emprega muita gente, mas ainda é vista com desconfiança pela própria população”, conclui.