*Felipe Fernandes
- Atualizado em 28/05/2025 08:26
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Missão Impossível: Acerto Final – Pensando em retrospecto, uma das características marcantes da franquia sempre foi a construção de tramas cheias de reviravoltas e perigos em escala global, mas que não chegam a ser excessivamente complexas. A prioridade sempre foi a ação, com uma narrativa que muitas vezes funciona mais como pano de fundo.
Neste novo capítulo, a história se passa pouco tempo após os eventos do filme anterior e resgata uma dinâmica clássica da série: a necessidade de unir dois objetos para alcançar o objetivo final.
O filme abre com um grande flashback, relembrando momentos dos filmes anteriores e apostando forte na nostalgia (um mal dos nossos tempos, diga-se de passagem). Ele propõe que todas as escolhas feitas por Hunt, ao colocar em risco a vida de milhões em nome de uma missão ou para salvar um parceiro, finalmente trazem consequências, diretamente ligadas à criação da Entidade.
Resgatando personagens e elementos dos longas anteriores, o filme é repleto de homenagens e easter eggs que, na maioria das vezes, não acrescentam muito à trama, mas reforçam a ideia de que, se as ações de Hunt contribuíram para o caos atual, são essas mesmas decisões que podem garantir sua redenção.
A ameaça é maior, e isso eleva também o drama e o suspense. Porém, em comparação com os outros filmes, este tem menos ação, ainda que entregue, pelo menos, duas sequências muito marcantes: a do submarino e a dos aviões.
Essa necessidade de escalar os acontecimentos cria situações em que os personagens precisam explicar o plano diversas vezes (acontece pelo menos quatro vezes), o que quebra o ritmo do filme e torna a narrativa arrastada em alguns momentos. Além disso, ao ampliar a escala, o longa divide as ações de Hunt e sua equipe, dando mais destaque a um número considerável de coadjuvantes.
Se, por um lado, a trama confusa e os diálogos expositivos enfraquecem o filme, por outro, as cenas de ação mantém o alto nível da franquia. Com ritmo intenso, montagem eficiente e Cruise sempre disposto a se entregar ao máximo, é nesses momentos que o filme realmente brilha. A cena em destaque na divulgação é o confronto entre dois aviões bimotores, em que Cruise prova mais uma vez não conhecer limites para entregar uma sequência impressionante.
Com a missão de construir um encerramento grandioso e, ao mesmo tempo, prestar tributo à saga, Missão: Impossível – Acerto Final consegue ser um desfecho (será mesmo?) satisfatório. Contudo, pela primeira vez, a série mostra sinais claros de desgaste. Anunciado como o último filme (segundo entrevistas dadas no Festival de Cannes), este pode não ser o final definitivo. Enquanto houver lucro, haverá possibilidades. Essa é uma armadilha da qual nem mesmo Tom Cruise pode escapar.
Se houver um "Missão: Impossível 9", será preciso uma renovação, a começar pela direção. McQuarrie entregou alguns dos melhores filmes da franquia, mas talvez um novo comandante traga fôlego novo às aventuras de Hunt. Mas, sinceramente? É preciso saber a hora de parar e esse parece ser um bom momento.