Câmara: vereadores de oposição e situação dobram a aposta
Edmundo Siqueira 30/03/2022 00:29 - Atualizado em 30/03/2022 00:30
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A novela se arrasta desde fevereiro. Na eleição que definiria a presidência da Câmara de Vereadores para o próximo biênio, que se inicia em 2023, os governistas liderados por Fábio Ribeiro, perderam. A oposição — que se articulou entre os dois grupos oposicionistas existentes, formando 13 vereadores — ganhou, mas não levou. Desde então, o assunto passou a ser o motivo de toda discórdia na Casa, que ficou sem sessões há semanas, esvaziada pelo grupo dos 13.
De um lado, o atual presidente que pautou, por vontade própria, uma votação que não tinha segurança na vitória — e perdeu. Do outro, um grupo oposicionista estruturado que permitiu a ausência de voto nominal de um de seus membros, Nildo Cardoso — e comportou a anulação da eleição.
Para tentar corrigir os rumos, oposição e situação recorreram a outros poderes. Os 13 denunciaram Fábio por abuso de poder, e foram à justiça para retomar a votação de onde parou — o que foi negado pelo judiciário. Fábio também foi à polícia para denunciar Maicon Cruz por falsidade ideológica, por ter mudado seu voto de última hora e ter levado a derrota da situação — possivelmente o pedido não prosperará já que o voto do vereador é livre.
Ambos os lados sem sucesso em suas investidas jurídicas, e brigando por uma decisão que pode ocorrer até a última sessão deste ano, permitiram a paralisação da Câmara por seis semanas consecutivas.  O que cessou nesta terça (29), onde foi colocado em pauta, com quórum dessa vez, o reajuste dos servidores da educação de Campos. Mas, na mesma sessão legislativa, os 13 vereadores de oposição dobraram a aposta.
Após a aprovação da questão salarial dos servidores, o vereador Anderson de Matos leu em plenário uma representação que pedia a destituição do atual presidente, Fábio Ribeiro, e de seu vice, Juninho Virgílio. Assinada pela totalidade do grupo de oposição, o documento alegava “ilegalidade” e abuso de autoridade” na condução da Mesa Diretora na fatídica eleição de fevereiro.
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Segundo o regimento, em seu artigo 30, “o processo de destituição terá início por representação subscrita, no mínimo, pela maioria absoluta da Câmara, necessariamente lida em Plenário”, o que ocorreu. Uma vez iniciado o processo, “serão sorteados três vereadores entre os desimpedidos”, para constituírem uma “Comissão Processante”, o que também ocorreu. Foram sorteados os vereadores Cabo Alonsimar, Marcione da Farmácia e Thiago Rangel. Feito esses passos, prazos de elaboração de parecer e de defesa dos acusados começam a contar.

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Fábio também havia dobrado a aposta na última sexta-feira (25). Após indeferir as justificativas de falta do grupo oposicionista, abriu processo de cassação contra os 13 vereadores. Alegando que seria uma manobra meramente política, Fábio apontou que não poderia “ser omisso a um fato grave como esse (falta nas sessões) ”. Os vereadores acusados devem apresentar as defesas em 15 dias a partir da notificação.

A democracia por vezes é barulhenta, e os poderes, apesar de necessariamente harmônicos, são independentes. O imbróglio que a Câmara impôs a si mesma parece ter começado a ser discutido no palco que cabe: o plenário da Casa. Porém, a beligerância da situação e da oposição tende a reforçar a inoperância de Câmara que precisa apreciar pautas essenciais à população.
No pôquer ou em apostas, dobrar a aposta, também chamado de “método martingale”, lida com probabilidades, partindo do princípio estatístico de que um resultado não pode se repetir para sempre. Ou seja, se você está perdendo, eventualmente voltará a ganhar. Porém, como no pôquer, é preciso saber a hora de saída e finalizar a posição, sob pena de ser um jogo de perde-perde.

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