A infalibilidade papal
Pedro Henrique Figueiredo - Atualizado em 12/06/2025 11:06
Papa Leão XIV
Papa Leão XIV / Vatican News
O Papa pode pecar, se confessar e até errar previsões, mas continua infalível? Afinal, ele nunca pode errar? Mas, também é ser humano! Ele é santo só por ser Papa? A infalibilidade do Papa é um dos dogmas mais mal compreendidos da Santa Igreja e um dos mais caricaturados por quem nunca leu o Catecismo.
"A infalibilidade se exerce quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com ato definitivo uma doutrina referente à fé ou à moral, e também quando o Papa e os bispos, em seu Magistério ordinário concordam em propor uma doutrina como definida. A esses ensinamentos todo fiel deve aderir com o obséquio da fé" (cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, nº. 185).
A "Lumen Gentium" ainda diz: "a infalibilidade, de que o Divino Redentor dotou a sua Igreja, quando define a doutrina de fé e costumes, abrange o depósito da revelação que deve ser guardado com zelo e exposto com fidelidade. O Romano Pontífice, cabeça do colégio episcopal, goza desta infalibilidade em virtude do seu ofício, quando define uma doutrina de fé ou de costumes, como supremo Pastor e Doutor de todos os cristãos, confirmando na fé os seus irmãos" (cf. LG 22,32).
Se o Papa errar o nome de um jogador de futebol ou se enganar numa estatística, ele não perdeu a infalibilidade, ele só é humano.
A infalibilidade acontece quando ele: fala como chefe da Igreja, sobre fé ou moral e define uma doutrina válida para toda a Igreja. Ou seja, entrevistas, documentos políticos ou opiniões pessoais não entram nessa lista de infalibilidade.
O Papa peca. Ele também se confessa. Ele também pode e deve rezar o “Mea culpa”. E a história tem alguns episódios constrangedores, porque o Papa continua sendo humano. A infalibilidade não é uma “aura mágica” que impede o Papa de falhar como pessoa, como ser humano. É uma promessa de Cristo de que, ao ensinar oficialmente a fé, ele não levará o rebanho ao erro.
Tem uma cena belíssima que acontece em todas as Quarta-feira de Cinzas no Vaticano. O Papa, com sua batina branca, se aproxima do altar e ouve a mesma frase que cada um de nós: “Lembra-te, homem, que és pó e ao pó hás de voltar.
Não importa quantas multidões ele reúna ou quantas decisões ele assine. A infalibilidade não muda o essencial: o Papa é um homem como nós, que precisa de salvação como qualquer outra pessoa.
Se o Papa disse: que o Barcelona joga melhor que o Real Madrid, qualquer pessoa pode discordar. A infalibilidade não cobre gostos pessoais, previsões sobre economia ou julgamentos históricos. Ela serve para proteger a fé do povo de Deus em matéria de salvação – e não para resolver debates sobre geopolítica ou tática de jogo.
Esse dom existe porque Jesus prometeu que a Igreja não seria vencida pelo erro (vide Mt. 16.18). É uma garantia de que, mesmo com líderes falhos, a verdade da fé permanece firme. Bento XVI dizia: “a barca da Igreja é conduzida por Cristo”. O Papa é o timoneiro – mas quem guia é o Senhor.
A doutrina pode parecer difícil, mas, no fundo ele diz uma coisa simples: Deus cuida da sua Igreja. E quando o Papa ensina algo com autoridade máxima, podemos confiar – não porque ele é perfeito, mas porque o Espírito Santo é.

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