Projeto "Polvo do Amor" já atendeu cerca de 1.800 crianças
17/04/2020 18:48 - Atualizado em 04/05/2020 20:13
Uma verdadeira corrente de amor, assim é o projeto “Polvo do Amor”. O que no início era apenas uma ideia que veio da Dinamarca foi transformada em um projeto que ao longo dos últimos três anos atendeu 1.874 crianças internadas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do Hospital Plantadores de Cana (HPC).
Quando começou, os polvos de crochê ficavam com os recém-nascidos durante o período que estavam na UTI. Por causa da pequena quantidade, assim que as crianças tinham alta médica, os polvos eram esterilizados e entregues a outros bebês. Entretanto, a aceitação entre as mães, profissionais da saúde e a chegada das voluntárias, transformou a ideia em um projeto, que hoje atende a todas as crianças internadas na unidade e que agora podem levar para casa o polvo como primeiro presente, assim que recebem a alta médica.
O coordenador técnico da Unidade Neonatal, o médico Marianto de Freitas Cunha Filho diz que nos últimos três anos o projeto tem sido uma ferramenta importante na humanização da unidade.
“Observamos que ele favorece na diminuição da morbidade e mortalidade neonatal. Quando o recém-nascido toca nos tentáculos do polvo, que é semelhante ao cordão umbilical, o bebê fica mais tranquilo, pois se lembra da vida intrauterina e, consequentemente fica menos agitado, isso facilita no tratamento e na a recuperação do recém-nascido”, explicou o médico.
A enfermeira chefe Arilza Machado lembra que eles não são milagrosos, mas contribuem para o tratamento dos bebês.
“É totalmente perceptível que ao tocarem nos tentáculos que simulam o cordão umbilical, eles se acalmam, melhora as frequências cardíaca e respiratória, gastam menos energia e tudo isso contribui para a recuperação deles. O que mais me encanta é saber que tudo isso só é possível porque temos as nossas mãos de fadas, nossas artesãs. Que doam o seu tempo, o seu trabalho por amor a vida”, disse.
No projeto que é construído com envolvimento, amor e dedicação, não faltam histórias. Aline de Souza Viana não sabia fazer crochê. Depois que o sobrinho ficou 17 dias da UTI, ela fez uma promessa. “Resolvi aprender para cumprir minha promessa pela recuperação dele e de todos os bebês. Minha produção é pouca por mês, pois tenho dores crônicas por causa de uma doença degenerativa que tenho nos ossos, inclusive chorava de dor no início, mas tenho a presença de Deus ao meu lado. Os polvinhos me salvaram. Amo fazer! farei até quando Deus me permitir” revelou Aline.
Quem também acompanha de perto o “Polvo do Amor” é a Geiza Barreto. “Eu tenho duas prematuras na minha vida. A primeira vai fazer 25 anos. Já a Alice nasceu de 25 semanas, muito prematura, ficou quatro meses na UTI”, conta Geiza que ao se vê vivendo tudo de novo, se encantou pelos polvinhos. “Não sabia fazer, mas aprendi”.
Já as voluntárias Maria de Fátima Borges Nogueira e Vera Mesquita descobriram o projeto através de uma reportagem na TV. “Eu já fazia crochê. Então fui procurar os vídeos na internet, comprei as linhas e fiz os primeiros seis. Desde esse dia cada polvinho que faço coloco muito amor”, disse Fátima que descobriu o projeto em 2018. Na minha primeira visita entreguei 13. Estou aqui há três anos me dedicando. É muito amor, minha carinho. Amo fazer parte desse projeto”, declarou Vera.
As amigas Josi Benvino e Dayana Acruche são chamadas de "pedintes” do projeto. Elas usam as redes sociais para mobilizar a população para doar linha e assim as artesãs seguirem confeccionando os polvos. “Só Gratidão a Deus por cada uma de vocês que fazem o acalento de tantos bebês e dos pais também”.
“Aprendi o crochê com sete meses de gravidez. Comecei tentando fazer o polvinho para meu filho que nasceu de 39 semanas. Não falo que é doação, cada bebê é um pouco do meu filho”, declarou Flávia de Azeredo Conceição.
Envolvimento transformador
O projeto “Polvo do Amor” se releva cada dia mais transformador e não é só na vida dos pequeninos que lutam pela vida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A artesã Gerusa Berner conta que conheceu o projeto após perder a mãe e o marido. “Renasci quando entrei para o projeto. Naquele momento, senti como se a vida renascesse em mim”, revelou.
Já Neli Frade Tinoco disse que “Tudo começou com o nascimento do meu neto Gabriel. Confesso que no começo foi muito difícil, deu vontade de desistir várias vezes, mas Deus não permitiu” afirmou.

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