Acusado de assassinar Cícero Guedes é absolvido
Camilla Silva 07/11/2019 17:31 - Atualizado em 11/11/2019 15:47
Grupo faz vigília em frente ao Fórum
Grupo faz vigília em frente ao Fórum / Genilson Pessanha
Um juri jovem, composto por seis mulheres e um homem, absolveu, por maioria de votos, José Renato Gomes de Abreu, acusado de ser o mandante do homicídio do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Campos, Cícero Guedes, ocorrido em janeiro de 2013. Seis anos após o fato, ninguém foi condenado pelo crime. Outros três suspeitos haviam sido investigados, mas a justiça entendeu que não havia provas para levá-los a julgamento. Cerca de 70 pessoas, a maior parte delas com camisas pedindo justiça, acompanharam a audiência, presidida pelo juiz Eron Simas, ocorrida nesta quinta-feira (7) no fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos. Segundo as investigações, Cícero teria recebido uma ligação, convidando-o para uma reunião do acampamento, em Cambaíba, e, no caminho, foi interceptado por três homens, na Estrada da Flora, e morto a tiros.
A acusação apontou que testemunhas afirmaram que José Renato buscava a liderança do acampamento e teria feito assembleias com a ausência de Cícero e, em alguma delas, ameaças à vítima. Outros relatos apontavam que o acusado teria o hábito de andar armado. A promotoria destacou, ainda, incoerências dentro dos depoimentos do réu na sede policial e juízo.
A Defesa de José Renato defendeu, em plenário, que não havia provas de sua participação e que testemunhas afirmaram que outras pessoas teriam realizado ameaças à vítima, que havia formalizado um denúncia no MPF sobre empresários, policiais e integrantes do próprio movimento envolvidos em venda de lotes da reforma agrária, que não teriam sido investigados.
Em um dos intervalos da audiência, o filho de Cícero, Matheus Guedes, que tinha 17 anos no dia crime, falou que esperava que houvesse uma resolução do caso. “Eu, os amigos do meu pai, os companheiros do movimento e muitos estudantes que o conhecia fizemos essa vigília e queremos que a lei seja cumprida”, falou. Após o resultado, no entanto, dezenas de pessoas que acompanharam cerca de sete horas de depoimentos e alegações da defesa e acusação, se manifestaram contra a decisão.
— Cícero é maior que tudo isso, maior que esse julgamento. A justiça que está estampada na nossa camisa não é essa mesma justiça que está aí [apontando para o fórum]. A nossa justiça é a do dia a dia. É para que todas as pessoas tenham uma vida digna. Passado esse momento de tristeza, a gente precisa continuar — falou Luana Carvalho, dirigente nacional do MST.
Vítima - Cícero era casado e tinha cinco filhos, quatro homens e uma mulher. Vindo de Alagoas para região, é apontado pelo MST como um dos principais líderes da região. Ele morava no assentamento Zumbi dos Palmares, mas fazia trabalhos em outros acampamentos da cidade, além de atuar no Comitê Contra o Trabalho Escravo.

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