Documento de valor histórico é encontrado
02/11/2019 10:12 - Atualizado em 11/11/2019 15:03
Item raro estava em meterial recebido há anos do antigo Fórum de Campos
Item raro estava em meterial recebido há anos do antigo Fórum de Campos
Um documento de meados do século XIX, localizado entre o material recebido há anos do velho Arquivo Cartorário do antigo Fórum de Campos pelo Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, é a mais nova grande “descoberta” de sua equipe de restauradores. Trata-se de um Auto de Requerimento relativo ao inventário dos bens do 7º Visconde de Asseca, o português Salvador Correia de Sá e Benevides Velasco da Câmara, grande proprietário de terras em Campos, oriundas de sucessivas heranças iniciadas a partir do primeiro donatário.
Com 15 páginas e relativamente bem preservado, o documento de 1846 relaciona grande número de bens, ainda em levantamento, reunidos em duas grandes propriedades, hoje praticamente impossíveis de ter os limites fixados: a Fazenda do Visconde e a Fazenda do Cupim. Nelas, muitos ôcampos” de criação de gado, engenhos de açúcar, alambiques, olarias, capelas, enfer-marias e, nas sedes, inúmeras senzalas para abrigar centenas de escravos. À época do inventário, um total de 495, sendo 378 na maior, do Visconde.
— O documento é uma espécie de procuração do que viria a resultar no desmembramento das duas propriedades para venda a quatro grandes senhores de engenho e donos de escravos de Campos. É de grande importância, porque revela detalhes de Campos e região, com um panorama do quadro fundiário, mostrando que, poucas décadas antes da abolição, ainda havia por aqui muita força escrava. Esse número de escravos, quase 500, é impressionante, mesmo para duas grandes propriedades — avaliou a diretora do Arquivo Público, historiadora Rafaela Machado.
Mesmo sem fazer referência a limites, o documento aponta para duas áreas específicas: uma abrangeria o que é hoje o bairro de Donana, onde ainda existe a Capela do Visconde, e outros próximos, se estendendo por parte da Baixada Campista e invadindo parte do que é hoje o município de São João da Barra. A outra área abrangeria terras que se estenderiam à margens do rio Ururaí, passando por onde antes era a Usina Cupim.
Publicações posteriores, como uma obra do escritor Alberto Lamego, mostram que as áreas das duas fazendas foram adquiridas por pelo menos quatro grandes proprietários de terras de Campos no final do Século XIX: Gregório Francisco de Miranda (Barão de Abadia), José Martins Pi-nheiro (Barão da Lagoa Dourada), Joaquim Manhães Barreto e Domingos Pereira Pinto, os dois últimos, genros do Barão de Abadia.
— Após avaliação e levantamento de todas as informações contidas neste Auto de Requerimento, estaremos providenciando a restauração do documento o mais rápido possível, para que ele possa estar à disposição de pesquisadores, porque esse é o grande objetivo, disponibilizar ao público registros da história do município — concluiu Rafaela. (A.N.)

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