Família tradicional, hierarquizada, verticalizada? Isso não existe mais!
- Atualizado em 29/09/2019 12:02
As transformações socioculturais que hoje assistimos, impactam diretamente na forma como os indivíduos se relacionam com o mundo e com o outro, não sendo diferente quando nos referimos às relações na velhice. Velhice esta que como todas as outras fases do ciclo vital, também enfrentam mudanças significativas nos modos tradicionais de funcionamento, fazendo com que seja necessário ressignificar e reinventar os papeis e funções sociais em meio a tantas mudanças. 
O ciclo vital envolve diferentes fases da vida do indivíduo, todas permeadas pela presença da família, núcleo inicial da vida humana, responsável pela formação subjetiva, cultural, religiosa e social.
A família, como conhecemos, tem sofrido grandes mudanças em sua estrutura, que se reflete nas relações com seus membros, nas formas de cuidado e apoio aos mais frágeis, sendo estes pontos importantes quando nos referimos a idosos e envelhecimento. Até mesmo o estado mudou seu olhar, a partir da constituição de 1988, ao perceber que o importante são os vínculos de afeto, que são construídos ao longo das histórias de vida dos indivíduos.
Isto nos leva a compreender a definição de família como grupos de pessoas ligados pelos vínculos afetivos, transformando o modelo tradicional que conhecíamos, hierarquizado, consanguíneos. Sendo assim, a família tradicional, hierarquizada, verticalizada, já não existe, principalmente nos centros urbanos. Isto também se reflete no modo como os membros mais jovens se relacionam com os mais velhos, sinalizando uma transformação na construção dos vínculos, subjetivação, das vivências dos desafios enfrentados na velhice e o impacto disto na família.
Nas famílias contemporâneas podemos observar diferentes estruturas e formatos, com casamentos mais tardios, recasamentos, separações, casamentos homoafetivos, redução do número de filhos ou ausência destes, reestruturação da relação conjugal, insuficiência de cuidados aos membros mais frágeis, estes podemos entender as crianças e os velhos. Diante de tudo isto se faz necessário uma mudança de observação e compreensão dos profissionais que trabalham junto a estas estruturas.
Buscar compreender como a velhice se apresenta nestas estruturas, sua complexidade, seus desafios e dinâmica faz com que o trabalho junto a esta população seja realizado com respeito e responsabilidade, atendendo as demandas destes novos tempos.
Mesmo assim, ainda nos deparamos com mitos e expectativas, não somente dos idosos e familiares, mas também dos profissionais que trabalham com famílias de idosos.
Um exemplo que assistimos é a ideia de que a família, a vida ao lado das gerações mais jovens é a única e melhor opção para os idosos, quando esta pode não ser a opção preferida pelas pessoas idosas e nem a melhor opção para eles.
Se estamos nos referindo que a observação deve ser aos vínculos que se estabelecem entre os sujeitos do grupo familiar, não podemos deixar de admitir que assim como existem vínculos saudáveis, há a possibilidade de vínculos tóxicos, que adoecem o sujeito.
Não podemos esquecer que novas gerações de idosos estão aí, iniciando suas velhices, levando em suas bagagens histórias familiares diversas, que não correspondem mais àquilo que conhecíamos como modelo família.
 
 
 
 
Fonte: site Portal do Envelhecimento

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    Helô Landim

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