Danilo Barreto: "Nossa Saúde é de delivery"
Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Hevertton Luna 08/11/2025 08:30 - Atualizado em 10/11/2025 18:31
Danilo Barreto, ex-candidato a prefeito de SJB
Danilo Barreto, ex-candidato a prefeito de SJB / Divulgação
“Não se movimentaram pelo Hospital durante 2025 e anunciaram para tirar foco do cancelamento da ExpoBarra”. Foi o que disse o administrador público e pré-candidato a deputado federal, Danilo Barreto (Novo), entrevistado desta sexta-feira (7) no programa Folha no Ar, da Rádio Folha FM 98,3. Protagonista da oposição em São João da Barra, ele analisou o orçamento para o próximo ano e a anunciada construção do Hospital Municipal. Por fim, projetou o pleito de 2026 na região a deputado estadual, federal e governador.
Saúde em SJB – “Nossa Saúde é uma Saúde de delivery. Boa parte dos exames são feitos em outros municípios e a prefeitura tem uma estrutura de transporte da saúde que pega o paciente em casa, leva para fazer exames em outro município e retorna com o paciente. Então, isso é muito custoso também. Então é substituir o custo de logística, que é alto, porque é a diária do motorista, tem o custo do transporte, o aluguel do carro, vai pagar o exame para ser feito em outro município da mesma maneira. É substituir e trazer isso para o município.”

Narrativa – “Infelizmente vão colocar próximo à UPA, ao lado da Câmara, que, para mim, também não é um local adequado. Pensando num futuro, vai que a gente precisa fazer uma manifestação, e não vai poder fazer barulho na frente da Câmara porque tem um hospital do lado. Então, acho que a escolha foi equivocada. Juridicamente, tecnicamente, não se teve movimentação alguma ao longo de 2025 inteiro, e se anunciou o hospital para tirar o foco do cancelamento da Expo Barra. Para mim, a medida foi meramente uma construção de narrativa.”

Cobrança pelo Hospital – “O meu vídeo para a população, a minha mobilização para a população foi no sentido de dizer “Não batam palma para construção de narrativa, para narrativa política”. Vamos bater palmas se de fato as coisas começarem a andar, mas, no momento, não teve movimentação para resolver o problema, teve movimentação para tirar o foco do cancelamento da Expo Barra e é impossível alguém discordar disso.”

Sem previsão de construção – “Os vereadores colocaram R$ 8,5 milhões em emendas impositivas para iniciar a construção do hospital já nesse ano, para que já fosse pensado na construção do hospital para esse ano. No entanto, não há previsão de início. O que houve foi um vídeo, uma narrativa política criada para se tirar o foco do cancelamento da Expo Barra. E ponto final. Tecnicamente, não existe nem início de licitação, não tem nem previsão para quando essa licitação vai ser lançada.”

Gestão da Saúde – “A gente tem condição de ter um hospital, se a gente acabar com o custo. Eu ainda não parei para fazer esse cálculo, mas vamos tentar comparar o custo da saúde hoje, dessa saúde delivery, e o custo de se ter um hospital no município. Acho que é capaz de ser até menor, tendo em vista a demanda de exames para fora do município. Eu acredito que já passou da hora de a gente ter, e ter uma gestão responsável. Não é só ter um hospital, a gente tem dois desafios: é ter um hospital e oferecer um serviço de qualidade, para dar uma vida mais de conforto ao sanjoanense.”

Localização do Hospital – “Ficou bem na frente do cemitério, então um local péssimo escolhido. No meu plano de governo, previ a construção do hospital numa região mais central, que é o quarto distrito. Porque aí você consegue atender bem o quinto distrito, a sede, o terceiro distrito, que é Grussaí. O segundo também, que é Atafona, e também o sexto distrito, uma região mais central do município. A gente sabe que, quando se trata de saúde, alguns minutos podem custar a vida de uma pessoa.”
Cedae em SJB – “Na campanha, eu propus a criação de um serviço municipal, autônomo, de água e esgoto. Porque normalmente quando se privatiza o serviço de água, o custo vai todo para a mão do consumidor e a conta de água normalmente sobe muito o valor do que a gente está acostumado a pagar. Por exemplo, aqui em São João da Barra a gente paga R$ 180, R$ 90, dependendo da casa, dependendo da quantidade de pessoas dentro da casa. A diferença é muito grande.”

Privatização da água – “Aqui em São João da Barra, por exemplo, a gente tem casos de morador tirando água com uma coloração preta da torneira. Então, é até difícil de cobrar, porque normalmente demora-se a responder e o problema não está só na questão da cidade, mas também na questão do quinto distrito e diversas localidades do município como um todo, que ainda não tem água encanada. Então, o problema é gigante aqui em São João da Barra e eu acho que colocar na mão de uma empresa vai prejudicar mais a situação do que já está prejudicada.”

Água e saneamento – “Não se tem tratamento de esgoto no município hoje. A gente não ouve, não vê essa preocupação do governo em resolver essa situação, que é prejudicial para o meio ambiente, para a saúde das pessoas, muita gente utilizando fossa ainda. É uma situação delicada. Em relação à água, eu sugeri e acho que é a melhor medida, a gente construir um serviço autônomo de água e esgoto para fazer com que o município continue controlando e faça de tudo para prestar um serviço de qualidade. Mas com preço justo e acessível à população.”
Arrecadação com ISS – “A gente saiu em torno de R$ 12 milhões em 2012, 2013, e hoje a gente tem um ISS que passa de R$ 200 milhões no município. Essa é uma arrecadação que a tendência é só aumentar devido à movimentação portuária na nossa cidade, diferente de outras fontes de receita que são finitas, como a receita dos royalties, participação especial, que são receitas que exigem um esforço maior do setor público em direcionar para desenvolver o município, considerando que essa receita um dia vai acabar. Então, ela precisa, de alguma forma, se transformar em investimento na economia local, nas vocações locais, para fazer com que o município tenha condições de se manter futuramente, quando essas receitas se findarem.

Orçamento para 2026 – “Tenho falado bastante sobre orçamento. O município de São João da Barra provavelmente já vai bater R$ 1 bilhão esse ano. Tem boa chance de bater R$ 1 bilhão esse ano apesar da projeção dos planejamentos das leis orçamentárias, só preverem para 2027. Eu acredito que já bate esse ano ou 2026.

Agricultura e Pesca – “Vou chamar atenção para duas pastas importantíssimas para a cidade, que são as secretarias de Agricultura e Pesca. No entanto, são duas secretarias que eu tenho a percepção de que são dois cabides de emprego no município de São João da Barra. São duas secretarias que, na de Pesca, principalmente, é difícil você ver alguém que seja da área ocupando espaço, e o orçamento sempre é aquém do esperado. Vou mostrar aqui para vocês que para Agricultura foi R$ 2,9 milhões e para a Pesca R$ 2,8 milhões. Somado isso aqui não dá nem 0,6% do orçamento.

“Não consigo fazer oposição branda” – “Eu respeito a opção do Bruno Dauaire em fazer uma oposição mais branda, mas não consigo ser esse tipo de político que olha para o que está acontecendo em São João da Barra e aborda os assuntos de forma branda, de forma tranquila. Não consigo ser esse cara, infelizmente. Não consigo ver o que está acontecendo com a Atafona, o que está acontecendo com o Açu, e ficar calado. Não consigo saber que tem diversos sanjoanenses hoje que precisam de um caminhão-pipa para ter água em casa.”

Candidatura a prefeito em 2024 – “As pessoas olham para mim e falam assim: “Você tinha que ter sido candidato a vereador”. Só que não foi uma escolha ser candidato a prefeito, foi uma questão de sobrevivência na política. Tava difícil ter espaço para ser candidato a vereador e as pessoas não entendem isso porque a maioria não sabe como funciona de fato o cálculo eleitoral. A questão da legenda, que você não pode ser candidato sozinho, você precisa de um grupo e como o grupo que eu estava se desfez faltando menos de um ano para a eleição, e a minha voz estava muito ativa, foi um movimento natural e de sobrevivência.

Pré-candidatura a federal – “Hoje eu converso com dois partidos, que são o Avante e o Novo. Tenho a possibilidade de ser candidato pelas duas siglas, então tem muita água para rolar ainda. Tenho conversado, tenho participado. O Novo é a casa que me abrigou em 2024, que eu vou ser eternamente grato pela seriedade do partido, dos atores do partido.”

Disputa de deputado na região – “Acredito que a gente consiga ficar em torno de quatro a cinco deputados estaduais. Federais, acredito que dê dois a três dessa vez. Porque a gente tem mais atores participando, a gente tem o caso do Vitor Júnior vindo forte na região. Tem o irmão do prefeito de Macaé também participando, o Márcio Rezende. É muito cedo ainda para falar sobre a quantidade de votos que se precisa ter para federal. Até porque é uma eleição proporcional, então depende muito da nominata, do partido. Então acho que a gente volta a falar de números daqui a cinco, seis meses, quando se definirem as nominatas, as filiações.

Esquerda para o Senado – “Acredito que a esquerda não vai conseguir impor um nome para senador no próximo ano, não. A Benedita, que estava pontuando melhorzinha depois das operações, falou muita besteira, falou dados que não eram reais. E algumas pessoas que trabalham um pouco mais a questão da segurança pública no estado do Rio desmentiram o que ela estava falando em palanque. Eu acho que isso coloca a candidatura da Benedita em descrédito para o ano que vem.”

Direita ao Senado – “Acredito que a primeira vaga vai ser do Flávio e a segunda do Castro. Uma pena, porque eu gosto demais, sou um fã do trabalho do Portinho. Eu acho que até que o Portinho tinha que se inserir de outra forma, porque é um cara que faz um excelente trabalho, em Brasília, pelo estado do Rio. Ele foi considerado o melhor senador do Brasil pelo ranking dos políticos, que até então, até que me provem, ao contrário, faz um trabalho excelente de avaliação do trabalho dos parlamentares brasileiros.”

Disputa a governador – “Acredito que o nome ainda vai ser definido, pode ser o próprio Bacellar ainda. Acho que tem muita coisa para acontecer até lá. O Victor Santos (secretário de Segurança Pública do Rio) é um nome que pode surgir depois dessas operações. Castro provavelmente vai continuar, não vai parar devido ao sucesso que teve, não só enquanto política pública, mas também no jogo político. O Castro vai ser obrigado a sentar com o Bacellar para conversar, independente se ele vai ser o candidato ou não.”

Disputa a presidente – “Espero que o Brasil coloque o Lula onde ele tem que estar, fora do poder. Ninguém aguenta mais. Você vê que as ações do presidente são todas assistencialistas, pensando em eleição. Ele não está preocupado, o tempo inteiro só pensa em gastar e arrecadar mais para gastar mais. Não tem equilíbrio, não tem responsabilidade para o dinheiro público, mente o tempo inteiro nas suas colocações. Aqui não é uma defesa de A ou a B, não. É só uma crítica a quem está no poder, e que para mim não deveria estar. Então, eu espero muito que a direita consiga se organizar para juntar esforços para um candidato específico e isso vai acontecer nos próximos meses.”

Operação policial – “Acredito que a direita, não só do Rio, mas do Brasil todo, respirou com a pauta da segurança pública, com esse retorno forte da pauta da segurança pública. A direita brasileira estava num momento delicado, por falta de liderança, de direcionamento. O principal líder da direita estava em um momento delicado hoje no Brasil.”

Direita e esquerda – “Essa divisão Lula e Bolsonaro é ruim para todo mundo. E, na verdade, a gente precisa olhar para as pautas, para os problemas sociais do Brasil de forma mais técnica para resolver e não colocar uma ideologia acima de tudo. Existem problemas que precisam ser resolvidos, independente se a pessoa é de direita ou de esquerda. É claro que isso influencia a forma que ele vai ser resolvido, mas acho que já deu.”

ÚLTIMAS NOTÍCIAS