O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) e pré-candidato ao governo do Estado, Rodrigo Bacellar, aproveitou a licença de 10 dias de Cláudio Castro para trabalhar sua projeção visando 2026. Neste mês, ele assumiu interinamente pela primeira vez após a renúncia do vice Thiago Pampolha, cumpriu agendas em vários municípios e em julho deve voltar a assumir. Para analisar a estratégia e os desafios de Bacellar em tornar-se mais conhecido, a Folha ouviu o cientista político George Gomes Coutinho e o sociólogo Roberto Dutra.
As primeiras agendas de Bacellar como governador foram justamente em Campos. No dia 16 de junho, inaugurou o destacamento do Corpo de Bombeiros no Farol de São Thomé e lançou a pedra fundamental da nova Policlínica da Polícia Militar. No mesmo dia teve agenda em São Francisco de Itabapoana e nos dias seguintes compromissos em Paracambi, Mendes, São Gonçalo, Volta Redonda, Cabo Frio e Teresópolis. Esta foi somente a primeira vez que Bacellar assume o governo interinamente até a renúncia de Castro, prevista para ocorrer de janeiro a abril de 2026, para concorrer ao Senado ou outro cargo.
De 2 a 4 de julho, Castro terá uma viagem internacional para Portugal, onde participará do Fórum de Lisboa, evento jurídico organizado pelo ministro do STF, Gilmar Mendes. Será mais uma oportunidade para Bacellar. “Neste período de interinidade inauguramos bases dos Bombeiros no Norte Noroeste, entregamos viaturas no interior, lançamos e vistoriamos obras. Foram agendas intensas e de muito trabalho, podendo reforçar a presença do governo do Estado em todas as regiões”, disse Rodrigo Bacellar sobre o período no cargo.
O cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF Campos, destaca que Bacellar não terá a abundância de recursos ao assumir, como conseguiu Cláudio Castro com a privatização da Cedae.
“Cláudio Castro, o vice de Witzel que assumiu o governo após o impeachment do então governador, teve como recurso os milhões angariados com a privatização da Cedae, o que o ajudou sobremaneira em sua reeleição. Rodrigo Bacellar não terá os mesmos recursos, o que pode tornar a máquina nesta conjuntura talvez mais um peso do que vantagem”, disse George.
Embora não se possa negar a vantajosa condição de incumbente, Bacellar também estará herdando o governo que não conta com avaliação positiva do eleitor. É o que aponta George Gomes Coutinho. Segundo ele, a vantagem de disputar ocupando o cargo é geral e abstrata.
“Sem dúvida a exposição pública do deputado e atual governador em exercício aumenta, o que o tornará mais conhecido para o eleitor, o que é uma necessidade para um político que construiu a carreira atuando mais habilmente em acordos e movimentos políticos na ALERJ. A questão é como será essa recepção sendo continuador de um governo que costuma receber mais críticas que elogios na opinião pública”, afirmou o cientista político.
O curto período eleitoral de 2026 tornam necessárias as incursões de Bacellar pelo Estado. É o que analisa o sociólogo Roberto Dutra, professor da UENF e pós-doutorando na Universidade de Bremen. Segundo ele, por ser “da política”, o presidente da Alerj precisa mais do que outros pré-candidatos da projeção que o cargo de governador oferece.
“Ele é um homem da política. Quando alguém vem da mídia, da religião ou quando é conhecido na rua é mais fácil. Rodrigo é de dentro da política. Ele tem que fazer isso porque o período eleitoral só é pouco”, afirmou Roberto Dutra.