Governo Lula é desaprovado por 55% da população, aponta pesquisa Ipsos-Ipec
Em mais uma pesquisa, a avaliação negativa da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais evidente que a positiva. Segundo levantamento feito pelo Ipsos-Ipec, 55% da população brasileira desaprova, enquanto a aprovação alcançou 40%. A pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira (13). Para o geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE, Willam Passos, o aumento da avaliação negativa do governo Lula, que também já foi captado por outros institutos de pesquisa, reflete, em parte, a frustração das expectativas depositadas nas promessas de campanha de que a vida do brasileiro iria melhorar.
Entre os que não souberam ou não responderam, o total foi de 4%. O instituto ouviu 2 mil pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 7 e 11 de março. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em comparação com pesquisa de dezembro de 2024, houve alta de 9 pontos entre aqueles que têm visão negativa da gestão Lula, enquanto a visão positiva caiu 7 pontos.
De acordo com o instituto, a região Nordeste concentra o maior número de moradores que aprovam o governo (53%), os que têm o ensino fundamental também não maioria entre os que avaliação positivamente a gestão (51%), assim como os que possuem renda familiar mensal de até 1 salário mínimo (50%), os católicos (50%) e pessoas com 60 anos ou mais (49%).
Já a desaprovação é maior entre aqueles com renda mensal familiar superior a 5 salários mínimos (72%), os evangélicos (66%), os mais instruídos (64%), quem tem de 25 e 34 anos (63%) e aqueles com outra religião, que não a católica ou evangélica, ou sem religião (63%).
Os entrevistados também responderam como avaliam o terceiro governo do presidente Lula: 41% dos brasileiros avaliam a gestão do presidente Lula (PT) como ruim ou péssima e 27% como boa ou ótima. É a primeira vez no terceiro mandato do petista que o instituto aponta a avaliação negativa supera a positiva. Outros 30% consideram o governo Lula 3 como regular e 1% não sabe ou não respondeu.
Questionados se confiam no presidente, 58% dos entrevistados respondeu que não. Já 40% disseram confiar. Outros 2% não sabe ou não respondeu. A quantidade dos que não confiam subiu 6 pontos, enquanto a parcela da população que confia em Lula caiu 5.
Análise
Ao analisar os dados da pesquisa, William Passos chegou a destacar o aumento nos valores de itens básicos na vida dos brasileiros, que podem ter contribuído com a insatisfação da população.
— O aumento da avaliação negativa do governo Lula já foi captado por outros institutos de pesquisa e reflete, em parte, a frustração das expectativas depositadas nas promessas de campanha de que a vida do brasileiro, especialmente dos mais pobres, iria melhorar, na comparação com o governo anterior. A este respeito, gostaria de revelar ao Grupo Folha, em primeira mão, alguns números exclusivos. Trata-se de itens de primeira necessidade, que praticamente consomem toda a renda dos mais pobres e que acumularam alta superior a 10% nos últimos 12 meses. São eles: café, que explodiu, com alta de 67%; a carne, que subiu quase 22%; leite e ovos de galinha, que subiram mais de 10%; e a gasolina e o etanol, que subiram, respectivamente, 11% e 21%. Também importante, o gás de botijão não atingiu 10%, mas ultrapassou 7% de alta acumulada. Estes são números do INPC, calculados pelo IBGE. O INPC é a referência do reajuste da inflação e dos benefícios do INSS. Naturalmente, estes números ilustram e ajudam a explicar uma parcela da desaprovação do governo Lula captada pelo Ipsos-Ipec — analisou Willam.