As últimas pesquisas de avaliação de governo evidenciam um acentuado declínio da boa gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta semana, três levantamentos confirmaram a alta desaprovação do atual governo. Em um deles, feito pela Genial/Quaest, a reprovação do atual governo presidente ultrapassa os 60% em três estados. E na Bahia e em Pernambuco, os dois maiores colégios eleitorais do Nordeste, embora ainda na margem de erro, Lula está numericamente perdendo entre desaprovação e aprovação. Os números foram analisado pelo geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE, William Passos.

A pesquisa Genial/Quaest ouviu 6.630 brasileiros, de 16 anos ou mais, entre os dias 19 e 23 de fevereiro, em oito estados brasileiros. A margem de erro é de 3 pontos em sete estados, com exceção de São Paulo, cuja margem é de 2 pontos.

Em SP, a desaprovação de Lula aumentou de 55% em dezembro de 2024, para 69%. A aprovação caiu de 43% para 29%. Já no RJ, 64% desaprovaram, enquanto 35% aprovam. Em Minas, a desaprovação subiu de 47% para 63%. A aprovação caiu de 52% para 35%.

Na Bahia, 51% desaprovam e 41% aprovam o governo. Um crescimento da avaliação negativa de 18 pontos e queda de 19 pontos na positiva. Pernambuco é outro estado em que a desaprovação supera a aprovação pela 1ª vez: 50% contra 49%. Em dezembro de 2024, a desaprovação era de 33%, enquanto a aprovação era de 66%.

No Paraná, a desaprovação aumentou de 53% para 68%. A aprovação caiu de 44% para 30%.

A Quaest realizou pela primeira vez a pesquisa no Rio Grande do Sul. Lá o resultado indicou desaprovação de 66% dos entrevistados, já 33% aprovam. Em Goiás, a desaprovação ao governo Lula subiu de 56% para 70%. Já a aprovação caiu de 41% para 28%.

Paraná Pesquisas — A Paraná Pesquisas mostrou que a desaprovação ao governo Lula chega a 63,1% em SP. O 3º governo é aprovado por 34,1% dos paulistas entrevistados.

CNT/MDA — A reprovação ao governo Lula também foi apontada na pesquisa CNT/MDA. As avaliações “péssimo” e “ruim” somaram 44%, crescimento de 13 pontos desde a rodada anterior, em novembro de 2024.

Análise — Para William, as pesquisas mostram que Lula vive seu pior momento: “As três pesquisas divulgadas aprofundam o diagnóstico de que Lula vive o seu pior momento considerando os três mandatos presidenciais. Uma das principais explicações é a alta dos alimentos, que impacta diretamente no bolso dos mais pobres. Isso acaba alimentando a percepção de que o país não vive um bom momento e de que talvez uma mudança seja necessária na condução do Executivo federal. Também impacta na expectativa quanto ao futuro, alimentando a crença de que, com a permanência de Lula na presidência, a vida não vai melhorar. Entretanto, é importante ponderar que as pesquisas, neste momento, captam muito mais os cenários de avaliação de governo do que de intenção de voto”.

Ele também falou sobre o panorama sobre Bahia e Pernambuco: “Essa trajetória de queda progressiva, considero importante elencar, vem sendo observada nas sondagens da Quaest desde julho de 2024. Muito dessa queda pode ser explicada pela alta dos preços dos alimentos, que impactam significativamente no orçamento familiar da população com renda equivalente a até 2 salários mínimos, mas também por um certo “cansaço” com um governo já conhecido e que não apresenta novidades, e ainda pelo próprio crescimento de valores conservadores no interior da sociedade brasileira, que vem sofrendo alterações estruturais com o crescimento da população autodeclarada evangélica. Estes últimos impactos, em especial, só poderão ser melhor mensurados com a divulgação pelo IBGE, ainda sem data para acontecer, dos dados sobre religião do Censo Demográfico 2022”