O aquecimento global tem um impacto significativo no ambiente de trabalho, afetando tanto a saúde e segurança dos trabalhadores quanto a produtividade e a sustentabilidade das empresas.

Este ano, acontece no Brasil a COP30 - 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), um encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil irão discutir ações para combater as mudanças do clima. É considerado um dos principais eventos do tema no mundo.

Diante da importância do evento, o assunto terá grande repercussão midiática em nosso país neste ano, mas provavelmente a classe trabalhadora ficará de fora dessa discussão.

Sendo presidente do Siprosep é inevitável compartilhar soluções para benefício dos servidores municipais, combinando com benefícios à população em geral.

Uma sala de aula devidamente climatizada é salutar ao professor (servidor) e aos alunos. O calor excessivo pode diminuir a capacidade de concentração, a produtividade e a tomada de decisões.

Estudos mostram que a produtividade tende a diminuir em temperaturas acima de um determinado limiar.

É preciso que os governantes discutam as consequências das mudanças climáticas na vida do trabalhador, pensando Normas Regulamentadoras diante das ondas de calor que afetam diferentemente a população, considerando raça e cor, pois o racismo ambiental é um tema que deve ser abordado nas discussões climáticas.

O desenvolvimento da energia solar nas residências é um privilégio para pequena parte da população.

Pensando na administração pública, e incentivos federais, o governo municipal poderia utilizar esse tipo de fonte energética, com usinas de produção de energia solar para todos prédios públicos, escolas, hospitais.

Em longo prazo ajuda na redução de fatores para produção de energia que aumentam o aquecimento global, e ao mesmo tempo permite ambientes de trabalho mais dignos, melhorando a condição de trabalho dos servidores públicos, consequentemente, será prestado um serviço público de melhor qualidade aos cidadãos.

Existem trabalhadores que estão sob maior risco de desenvolverem doenças como câncer de pele, doenças cardiovasculares, respiratórias, ou aquelas transmitidas por vetores, como a dengue, por trabalharem ao ar livre, com maior exposição ao sol, às altas temperaturas e às radiações. Trabalhadores que atuam em áreas como agropecuária, limpeza urbana, reciclagem e outros.

No município de Campos, muitos agentes de combate a endemias, agentes comunitários de saúde e servidores da guarda municipal, dentre outros cargos, que obrigatoriamente cumprem carga horária com exposição ao sol, e necessitam de protetor solar, roupas com proteção a raios ultravioletas, e demais equipamentos de proteção individual (outros EPIs), sendo objeto da luta sindical o fornecimento constante e contínuo.

De suma importância pensarmos na hidratação, a instalação de sistemas de ventilação e refrigeração eficientes, a implementação de horários de trabalho flexíveis e a oferta de treinamento sobre segurança no calor.

O fornecimento de água potável e refrigerada, adaptando os horários de trabalho evitando o período diário de calor mais intenso, locais para descanso devidamente refrigerados ou frescos e sombreados, fornecimento de EPIs.

Essas medidas servem para proteger os servidores (trabalhadores) dos impactos do aquecimento global e para construir um ambiente de trabalho mais seguro e sustentável.

Por fim, embora o sol seja para todos e as temperaturas se elevem sem distinção, o racismo ambiental acontece e precisa ser solucionado o quanto antes, relacionado às possibilidades de se proteger contra o calor, que são diferentes conforme a classe social, a raça e a renda.