A deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de segunda-feira (5), o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ela também pediu a revisão do acordo homologado pelo STF em fevereiro deste ano, que encerrou a ação judicial sobre a legalidade do processo eleitoral da entidade.
Segundo a parlamentar e ex-ministra do Turismo, a solicitação se baseia em um laudo pericial que aponta indícios de falsificação na assinatura do Coronel Nunes no acordo firmado no início do ano. Nunes, ex-presidente da CBF, foi vice de Ednaldo Rodrigues no mandato anterior. A petição será analisada pelo ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF.
O acordo em questão validava a eleição de Ednaldo Rodrigues realizada em março de 2022 e foi assinado por cinco dirigentes, incluindo Nunes. O documento foi homologado pelo STF em fevereiro, e, no dia 24 de março deste ano, Ednaldo foi reeleito por aclamação para o mandato entre 2026 e 2030.
No novo pedido ao STF, Daniela anexou um laudo que afirma que a assinatura de Nunes “não foi realizada de forma livre e consciente e sob plenas faculdades mentais”, levantando “dúvidas razoáveis acerca da autenticidade da assinatura”, conforme revelou o portal Léo Dias.
A petição também menciona um laudo de 2023, assinado por Jorge Pagura, chefe do departamento médico da CBF, no qual é indicado que Nunes “não detinha condições físicas e cognitivas para expor seu aceite a qualquer condição que lhe fosse apresentada".
Com base no artigo 168 do Código Civil, a deputada argumenta que o juiz pode anular um "negócio jurídico ou seus efeitos", referindo-se ao acordo homologado.
A perícia foi encomendada pelo vereador Marcos Dias (Podemos-RJ), que usou o laudo para solicitar investigação ao Ministério Público Estadual. A autora do parecer é Jacqueline Tirotti, do escritório Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações, que já teve sua atuação questionada anteriormente. O escritório foi responsável por laudos controversos, como o que validava um vídeo usado para acusar o padre Júlio Lancelotti de pedofilia e outro que reconhecia como verdadeira uma assinatura atribuída à apresentadora Ana Hickmann — que, por sua vez, alegou ter sido vítima de falsificação por parte do ex-marido Alexandre Correa e apontou falhas no laudo.
Procurada pelo ge, a CBF informou que não irá se manifestar sobre o caso no momento.