Nos tempos do Arthur Bernardes, que governou o Brasil em permanente estado de sítio, de vez em quando havia, no Rio, uns comícios relâmpagos e umas correrias. Vinha a Polícia e fazia prisões.
O medo era de ser mandado para Clevelândia, espécie de campo de concentração indígena.
Numa dessas confusões de rua, foi envolvido o jornalista, poeta e caricaturista Claudinier Martins, grande colaborador dos jornais de Campos.
Detido, quando o delegado soube que era campista, não teve mais dúvidas.
— Ah! É da terra do senador Nilo Peçanha! Logo vi. Por isso estava falando mal do Presidente Bernardes, não é?
Claudinier, sem perder a postura, retrucou:
— Moço, eu moro no Beco do Cotovelo. O senhor já viu alguém que more em beco se dar ao luxo de ter ideias políticas?
Diante de um delegado perplexo, Claudinier Martins continuou:
— O senhor me deixe, que eu estou doentíssimo. Uma mulher me desgraçou a vida.