Wladimir Garotinho se reelegeu prefeito em 1º turno no domingo passado, derrotando, entre outros, a delegada Madeleine, apoiada pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. e o Professor Jefferson, candidato do PT, do governo federal e do presidente Lula.
O prefeito venceu em todas as zonas eleitorais do município, tendo a maior votação percentual na 76ª Zona Eleitoral, de Guarus, devido à sua grande popularidade, à alta aprovação do seu governo e pela tradição do garotismo de triunfar ali desde 1988. Venceu ainda na 75ª Zona, da Baixada Campista, e na 129a.
A vitória mais emblemática, talvez, tenha sido na 98ª Zona, a "pedra", a área central de Campos, a região imobiliariamente mais nobre da cidade e local de residência das classes sociais mais altas do município. É a zona eleitoral onde o garotismo sempre enfrentou uma enorme rejeição e foi aonde Wladimir fez quase o dobro de votos de Madeleine (57,19% a 29,52%).
O próprio Wladimir sentiu isso na pele na sua primeira eleição para prefeito, em 2020, quando venceu Caio Vianna em 1º turno por apenas 18 votos na 98ª Zona (40,00% a 39,96% - praticamente um empate técnico), mas foi massacrado ali em 2º turno (Caio venceu de 60,31% a 39,69%), quase custando sua eleição, a qual venceu por 11 mil votos de diferença.
São vários os fatores que explicam a vitória de Wladimir na "pedra". Seu governo foi aprovado pela população como um todo e também pelos eleitores da 98ª Zona. Ele fez bem o papel de síndico, cuidando da cidade. Conseguiu parcerias no Estado e na União que viabilizaram obras e asfalto novo. Reformou os principais hospitais públicos.
Pagou os salários atrasados da gestão Rafael Diniz e os manteve em dia. Deu reajuste ao funcionalismo. Uma boa parte dos funcionários da prefeitura reside na "pedra". Ao contrário dos pais, Wladimir não mascara sua classe social, vive normalmente com sua família no estilo de classe média alta, compatível com sua posição.
Além disso, sua base de comparação é com o governo anterior, de Rafael Diniz, que foi desaprovado e muito mal avaliado, facilitando o comparativo.
Aliança com Caio - Outro fator fundamental foi a aliança, tida como improvável, de Wladimir Garotinho com Caio Vianna,. Logo eles, cujas famílias são rivais há mais de duas décadas e que haviam se enfrentado duramente em 2020, num embate decidido por poucos votos e no qual muitos afirmam que Caio venceria se houvesse mais uma semana.
Outro fator preponderante na vitória de Wladimir em 2020 foi o rompimento da aliança entre Caio Vianna e Rodrigo Bacellar, ainda na pré-campanha. Bacellar lançou Bruno Calil, que foi a terceira força no 1º turno, e lavou as mãos no 2º turno. Uma aliança entre Caio e Bacellar naquela ocasião poderia ter sido fatal para Wladimir.
Em 2022, Caio concorreu, pela 2ª vez, a deputado federal, alcançando 36.785 votos e ficando como suplente, já no PSD, após deixar o PDT, historicamente ligado à família Vianna. Caio chegou a exercer o cargo em 2023 e 2024, em articulação do prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Em março de 2024, Caio não aceitou a imposição do PSD, via Eduardo Paes, em ser candidato à Prefeitura de Campos, o que atenderia ao interesse de Rodrigo Bacellar em provocar o 2º turno, e anunciou uma aliança com Wladimir.
O apoio à reeleição de Wladimir custou a Caio o mandato de deputado federal, requisitado por Paes e pelo PSD, após 11 meses na Câmara Federal. Durante a campanha Caio foi peça ativa e importante na construção de alianças, na quebra da rejeição do garotismo na 98ª Zona e fez parte do conselho de campanha do prefeito.
Projetando para 2026, Caio naturalmente é pré-candidato a deputado federal, desta vez contando com o apoio do grupo de Wladimir, em retribuição ao seu apoio dado agora em 2024. Para 2028, Caio também é um possível nome para a Prefeitura, que já tem como pré-candidato natural o vice-prefeito reeleito Frederico Paes.
Tudo dependerá de qual decisão Wladimir tomará para 2026, se conclui o seu mandato como Prefeito até 2028, ficando depois sem mandato até 2030, ou se almejará sonhos maiores na eleição de 2026, como parte da chapa para o governo do estado ou para o Senado.