Nino Bellieny
07/04/2025 21:43 - Atualizado em 07/04/2025 21:50
Raramente sou autobiográfico nesta coluna, porém regras pessoais também são para serem quebradas, e mais pretendo, a partir de agora.
O Meu Dia do Jornalista NinoBellieny
Antes mesmo de cogitar ser radialista, eu já escrevia para jornais. Comecei de forma despretensiosa e lúdica, evoluindo para o jornalismo profissional, passando pelo amadorismo dos periódicos impressos a mimeógrafo (pesquisem, rs), revistas e outros formatos.
Aos 12 anos, criei um jornal para as tropas de soldadinhos de plástico com os quais simulava longos combates. Aos 14, editava um jornal escolar no ensino fundamental. Aos 18, junto com meu amigo Everaldo Rodrigues de Freitas, lancei um jornal mimeografado, o Folhas Coquenses, trazendo notícias de Morro do Coco, 12º Distrito de Campos dos Goytacazes-RJ, e conseguimos um bom retorno financeiro ara dois adolescentes da roça.
Aos 18, junto com meu irmão Alberto Rodolfo-meu primeiro ídolo na atividade-veio o primeiro jornal impresso, Panorama, rodado em uma gráfica tradicional e distribuído pelo interior campista. Foram tempos de aprendizado profundo.
Pouco depois, fiz estágio na Folha da Manhã, Campos, um dos maiores jornais da região. Aprendi a ser revisor com o amigo poeta Arthur Gomes, o que refinou meu olhar crítico para o que não está bem escrito. Colaborei com colunas em outros jornais e revistas, como em Foz do Iguaçu-PR, mas foi o rádio que me sequestrou e só me devolveu muito tempo depois, quando retornei à escrita na Tribuna do Noroeste, do saudoso Buck Jones e seu filho Reinaldo. Nunca esqueci a frase de Buck: “Você vai ser mais conhecido como jornalista do que radialista”. Gostei das palavras e, de fato, a profecia dele se concretizou.
O rádio ficou para trás, com retornos esporádicos em programas independentes. Atuei em jornalismo de TV, mas foi na Imprensa que reencontrei meu caminho de “correspondente de guerra de soldadinhos de plástico”, o primeiro papel jornalístico que assumi.
Com a popularização da internet, lancei uma coluna no Itaperuna Online, do Flávio Lemos, ambos fomos pioneiros na região. Depois vieram a Faculdade de Comunicação, outros cursos, uma coluna semanal no O Diário, em Campos, um blog que persiste até hoje na querida Folha1, os podcasts, e há um ano e meio, passei a escrever no maior jornal do Estado do Rio, O Dia, cobrindo toda a Região Noroeste.
Neste Dia do Jornalista, expresso minha gratidão aos professores da faculdade, aos nomes mencionados ao longo deste texto e ao super-jornalista Aloizio Barbosa,fundador da Folha da Manhâ, que antes mesmo da minha graduação na Fundação São José, me ensinou, em apenas meia hora, como redigir uma matéria com pé, tronco, membros e cabeça, seguindo o lead, com dicas e regras fundamentais.
A Inteligência Artificial já está transformando o jornalismo atual e influenciando seu futuro, mas o talento daqueles que carregam o cheiro das tintas, do linotipo, do offset e da agitação das redações não vai desaparecer. Ele se adaptará, se associará à IA e continuará crescendo. E eu quero crescer até o último dia do último pensamento passado ao leitor, quando já não houver forças para escrever, ditar ou usar o dispositivo mais moderno que existir.