Uma polêmica está na boca do povo, tomando as redes sociais e conta com suporte no Legislativo municipal: os motociclistas adeptos do “Grau”, como chamam o ato de empinar as motos, estão à solta e cobram espaço. O vereador Luciano Rio Lu (PDT) vê as acrobacias como “esporte, cultura e lazer” – além de oportunidade de negócio para Campos – e pretende, através de um projeto de lei, conseguir um espaço específico para os adeptos daquilo que já se tornou uma cultura entre os mais jovens. O Código Brasileiro de Trânsito proibe esse tipo de malabarismo pelas ruas.
Há que se destacar; o Rio Lu não inventou que o “Grau”, como ficou conhecido o Wheeling (ou Stunt) em Campos, é um esporte. A prática nasceu nos anos 70, nos Estados Unidos, e se difundiu no Brasil, a partir dos anos 90. Quem não gosta e é contra também não erra quando fala que as manobras não podem acontecer nas ruas do Brasil, afinal, como está previsto no Código Brasileiro de Trânsito: “conduzir motocicleta (bem como motoneta e ciclomotor) fazendo malabarismo, ou equilibrando-se em apenas uma roda, configura uma infração gravíssima com multa e suspensão do direito de dirigir como penalidade”.
Entretanto, os praticantes, assim como o vereador, alegam que, se executado em local específico, com equipamentos de segurança e com licença das Federações de motociclismo existentes em todos os estados da Federação, o Wheeling não configura crime. Essa discussão ocorre em várias outras cidades do país, como Belo Horizonte (MG), aonde o esporte já foi legalizado, em outubro. Em Campos, o vereador e os desportistas afirmam, “há local disponível”: o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop).
Louro Jhow, apelido de André Luís Sardinha, de 42 anos – 22 deles dedicados ao Wheeling – é campista e vê o esporte como uma ferramenta de inclusão social, “com o potencial de salvar vidas, como a minha”.
O desportista campista foi duas vezes campeão de etapas do campeonato brasileiro, uma vez do campeonato capixaba e se consagrou neste ano como vice-campeão do Estado do Rio. Ele explica: “Conheci o Luciano Rio Lu na semana passada, mas vi que tem pouco conhecimento sobre o esporte. Apesar disso, vi que ele tem boa vontade para com o esporte, que não precisa tirar verba nenhuma para que tenha um espaço e seja legalizado na cidade”.
O vereador afirma que muitos o criticaram após se manifestar na plenária e em suas redes sociais a favor do Grau, mas acha que “compraram um produto sem conhecer”. Na visão de Luciano Rio Lu, o projeto que ainda está formulando dá ao cidadão “moral para denunciar aqueles que fazem o grau de forma irregular, pois, se passar, haverá um local para a pessoa praticar o esporte”.
Sobre o surgimento da proposta que inspirou a polêmica, Rio Lu a defende. “Esse projeto veio das demandas que existem nas ruas e nas comunidades da nossa cidade. Nossa intenção é retirar as pessoas das ruas e levar para um local seguro, oferecer uma alternativa legal para que o Grau seja praticado com todo equipamento de segurança e professores para ensinar. Nós queremos fazer diminuir os acidentes na nossa cidade”, conclui.