Campos inicia recuperação de estradas e fortalece agropecuária
30/07/2021 22:06 - Atualizado em 31/07/2021 02:30
  • Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

    Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

  • Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

    Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

  • Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

    Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

  • Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

    Estrada recuperada (Foto: Divulgação)

  • Estrada recuperada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estrada recuperada (Foto: Rodrigo Silveira)

Assim como o próprio campo, as estradas são essenciais para o desenvolvimento da agropecuária, já que sem elas não é possível escoar a produção. Reivindicação antiga dos produtores rurais em Campos, a recuperação dessas vias é tratada como uma das prioridades da secretaria municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca, que, por meio do programa Estradas do Produtor, em parceria com o Governo do Estado e iniciativa privada, recuperou 150 quilômetros nesses sete meses. A iniciativa, entretanto, é uma gota no oceano, como apontou o presidente do Sindicado Rural de Campos, Ronaldo Bartholomeu dos Santos Júnior, diante dos 3 mil quilômetros de estradas vicinais existentes no município.
— Para os produtores, as estradas são essenciais para o escoamento da produção e acesso às propriedades, mas a importância vai além, porque a falta de manutenção afeta a arrecadação do município e estimula o êxodo rural. Por quase duas décadas, as intervenções nas estradas não eram feitas com regularidade. O que foi feito nesse período foi com recursos próprios dos produtores rurais, que se juntavam para pagar máquina e comprar material para fazer a manutenção das estradas. Em determinadas localidades aqui em Campos, a linha de leite acabou por causa de estrada. As intervenções feitas neste ano são um começo e já mudaram a realidade das regiões beneficiadas. Mas o município todo precisa desse tipo de serviço, só que Campos é muito grande e sabemos que precisa de tempo para resolver — ressaltou Ronaldo.
O produtor rural Hudson Oliveira Jaber, presidente do Núcleo Angus Tropical, conta que após anos de abandono das estradas rurais, que impactou negativamente no custo final da produção, os produtores se adaptaram e conseguiram criar um modelo associativo que, mesmo embrionário, garantiu as condições mínimas para o escoamento das suas produções.
— Em nossa região do Imbé, nos últimos anos, observamos um movimento entusiasmante, onde os produtores de todos os tamanhos começaram a contribuir com pequenas quantias, mas de suma relevância, a fim de corroborarem com o poder público e assim trazer agilidade na execução das melhorias possíveis. Hoje, conseguimos somar forças ao poder público e zelar pelo patrimônio comum, acreditando ainda mais que não só a produção agropecuária estará garantida nas mesas de todos, mas a esperança que podemos transformar a beleza ímpar do Imbé em referência no tão sonhado turismo rural que a região merece. Estamos confiantes no trabalho da nova gestão e nas premissas apresentadas pela secretaria de Agricultura — ressaltou Hudson.
O programa Estradas do Produtor, iniciado em março deste ano, prevê a manutenção de 1.460 quilômetros de estradas vicinais, em 300 trechos, no município, e, ainda, a recuperação de pontes. Somente neste ano, a previsão é de investimento de R$ 1 milhão em recuperação de estradas vicinais.
A estrada do Kleber, em Pernambuca, foi a primeira atendida pelo projeto. No local, foi retirada a ponte de madeira que estava destruída e trocada por manilhas. Nessa primeira etapa, 100 produtores rurais foram beneficiados diretamente.
Também já foram recuperadas as estradas de Donato, Sentinela do Imbé e Figueira, no Imbé; do Periquito, em Travessão; da Pedra Lisa, em Morro do Coco; de Lisboa, em Tócos; e, no Carvão, a estrada que liga a Araçá. As próximas a receberem a intervenção das máquinas da secretaria são do Macaco e do Elesbão, em Dores de Macabu. Essas ações foram realizadas em parceria com o Governo do Estado, que emprestou o maquinário — duas motoniveladoras e uma retroescavadeira.
Um levantamento feito pela secretaria de Agricultura identificou, ainda, 40 pontes municipais destruídas, que são de madeira, apresentando alto risco, e serão trocadas por pontes de concreto nos próximos três anos, com um investimento de R$ 30 milhões, em parceria com a secretaria de Obras e Infraestrutura.
— Precisamos recriar a nossa capacidade de empreender e olhar para o campo como a nossa maior possibilidade, mas o nível de abandono no campo, com a ausência de estradas, de pontes, de internet e de assistência técnica inviabiliza qualquer retomada. Temos cerca de três mil quilômetros de estrada vicinal que ficaram por anos sem nenhum trabalho de recuperação. A estrada é de suma importância para o produtor, não apenas para escoar a produção, mas para facilitar seu próprio deslocamento, facilitando o acesso à cidade — destaca o engenheiro agrônomo e atual secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Almy Junior.
Economista questiona priorização de gastos do governo municipal
O investimento na vocação agropecuária é apontado por especialistas ouvidos na série de painéis realizada pela Folha em 2020 como uma das saídas para a recuperação da economia do município. Entretanto, o economista José Alves Neto aponta corte de 44,24% do orçamento da Agricultura para 2021.
De acordo com José Alves, a dotação original aprovada na Lei Orçamentária Anual (LOA) pela Câmara, no ano passado, era de R$ 5.506.226 para a agricultura e a dotação atualizada ficou em R$ 3.070.300, enquanto a dotação do Poder Legislativo sofreu majoração de 4,54%, passando de R$ 30.015.919,70 para 31.378.034,10.
— O que se observa é que nem mesmo a Agricultura, considerada a ‘esperança’ da retomada do desenvolvimento econômico de Campos, se salvou da tesoura amolada do chefe do Executivo local. E, ainda importa salientar, o governo Rafael Diniz também relegou o aludido setor ao segundo plano. Aliás, a história está se repetindo no curto prazo — afirmou o economista José Alves Neto.
A Folha da Manhã questionou a Prefeitura sobre a redução do orçamento na área da Agricultura, mas, até fechamento desta edição, não obteve retorno.

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