A Prisão de "Fuminho" e o que ela representa
20/04/2020 16:46 - Atualizado em 20/04/2020 16:50
A Polícia Federal prendeu na segunda-feira (13/4) Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como “Fuminho”, que estava foragido desde os anos 90. A ação, que só foi possível graças a uma ampla operação de cooperação internacional, contou com a participação da Polícia federal, do Itamaraty, da DEA, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e do Departamento de Polícia de Moçambique.
Fuminho era considerado o maior fornecedor de cocaína e o principal líder solto do PCC, que controla a quase totalidade da vida cotidiana dos presídios paulistas e tem ramificações em vários outros estados, principalmente do Norte e Nordeste do país. Ele também era um dos responsáveis pelo envio de toneladas da droga para diversos países do mundo. Além disso, a Polícia Federal alega ter informações que o associavam a um plano de resgate de Marcola, considerado o líder máximo do PCC, da Penitenciária Federal de Brasília.
Em primeiro lugar, é importante parabenizar a Polícia Federal pelo engajamento e pela capacidade de integração e cooperação, tão importantes para o sucesso de operações que envolvem crimes transnacionais. Isso mostra que apesar dos momentos turbulentos, o combate ao crime organizado continua sendo um dos pilares do governo.
Em segundo lugar, é perceptível que o PCC está sendo bastante afetado e, com isso, suas lideranças tradicionais estão perdendo poder de influência. Principalmente desde o isolamento de suas lideranças em presídios federais. Há em curso uma reconfiguração completa da cena do crime organizado no país e, neste caso, é válido destacar que isso também envolve a troca de informações entre União e Unidades da Federação. Ou seja, a cooperação internacional e a nacional são duas faces de uma mesma estratégia de combate. Não se consegue agir sozinho.
Seja como for, essa prisão é uma importante vitória e precisa ser elogiada. Ela mostra que é possível sim construirmos saídas que quebrem a lógica das facções de base prisional e das milícias. Quando o Estado une esforços de suas várias esferas e Poderes, bem como constrói canais diplomáticos sérios e confiáveis, ele é mais forte do que o medo, a insegurança e o crime organizado. Que isso sirva de exemplo para que falemos de segurança pública de modo coordenado e articulado e não nos rendamos às vaidades e projetos individuais.

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    Roberto Uchôa

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