UMA EPIDEMIA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DURANTE A PANDEMIA
- Atualizado em 31/03/2020 14:33
O Brasil é um dos países mais violentos para mulheres. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada 4 minutos uma mulher é agredida dentro de sua residência. Dados do Núcleo de Estudo da Violência da Universidade de São Paulo, apontam que 1314 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2018, média de uma morte a cada setes horas. Se o quadro já era grave, durante a pandemia que isolou as famílias em casa, a situação piorou muito.
Não era difícil prever que o isolamento e a imposição do convívio familiar teriam como consequências o aumento da violência doméstica, principalmente agressões contra as mulheres e abusos infantis. Segundo algumas reportagens, o plantão judiciário do Rio de Janeiro registrou um aumento de 50% nos casos de violência doméstica em todo o Estado desde o início da quarentena imposta, sendo 70% contra mulheres.
Porém, esses números podem ser muito maiores. A situação de confinamento dificulta muito qualquer denúncia. As vítimas estão em casa ao lado dos seus agressores e se saírem para buscar auxílio podem se expor ao vírus e até mesmo encontrar dificuldades para serem atendidas, pois muitos serviços públicos estão fechados. Se normalmente há uma grande subnotificação nesse tipo de crimes, agora ela deve ser muito maior, o que mostra o quanto o quadro é grave.
Mas, não somente as mulheres são vítimas, muitas crianças também, principalmente as meninas. O Brasil sempre é citado como um dos campeões mundiais em abuso infantil. Um tipo de crime ainda mais difícil de ser denunciado diante da fragilidade material e relação de poder entre a vítima e o abusador.
Não há até o momento nenhuma campanha governamental direcionada a combater o aumento desses crimes durante a pandemia. Até agora não foi divulgada nenhuma ação para proteção dessas vítimas. Segundo a UNESCO, casos de epidemia e surtos de doença podem contribuir para o aumento da violência contra crianças e adolescentes, e diante da inércia dos governos resta a criação de uma rede de ajuda pela população.
Portanto, tendo conhecimento de que alguém está sendo vítima de violência doméstica, denuncie, ligue para 180 para denunciar a violência contra mulher e disque 100, para denunciar possíveis abusos infantis. Temos que fazer nossa parte. Estamos isolados, mas ainda somos uma grande comunidade.

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    Roberto Uchôa

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